“O povo não deve temer seu Estado. O Estado deve temer seu povo”. Uma frase como essa condiz com a coragem e o calor das diversas manifestações que eclodem por todo o País desde a última semana. Ela foi escrita por Alan Moore, autor da série de quadrinhos V de Vingança – obra adaptada para os cinemas em 2006 pelo diretor James McTeigue. E quem falou foi V, personagem mascarado que se tornou um sinônimo da luta pela justiça e liberdade de expressão.
É por isso que, na hora de ir às ruas batalhar pelos seus direitos, muitos manifestantes usam a mesma máscara de V, que remete às feições de Guy Fawkes, um famoso conspirador inglês que também foi responsável por uma transformação. Em 1605, ele tentou explodir o Parlamento do Reino Unido e até hoje é considerado um exemplo de determinação.
Contexto
Independentemente de quais sejam as motivações, os mascarados de hoje lutam por tudo que acreditam. Apesar de se tratar de uma obra de ficção, V de Vingança é ambientada numa sociedade não muito difícil de se imaginar. A trama se passa numa sociedade que vive sob as garras de um governo autoritário.
Algumas frases de V
“Por baixo dessa carne existe um ideal. E as ideias nunca morrem. Ideias são a prova de balas”
“Os artistas usam a mentira para revelar a verdade, enquanto os políticos usam a mentira para escondê-la”
“Igualdade, justiça e liberdade são mais que palavras; são perspectivas!
Um símbolo revlucionário
Carlos Eduardo Vivacqua é gerente de projetos em Mídias Sociais. Ele, que já leu a graphic novel e assistiu ao filme, acredita que existe uma semelhança entre a obra com o que se vê nas capitais do Brasil: “O filme e o quadrinho defendem a mudança, o copo que se enche, a pessoa que dá um basta. Fala que quando estiver tudo cheio, o povo vai se levantar, e aqueles que quiserem levantar por uma ideia irão fazê-lo em nome de uma ideia”, comenta.
“A máscara é um símbolo, um rótulo. São os 20 centavos, o item de colecionador dos nerds”, opina Vivacqua, ao comparar o valor do aumento das passagens de ônibus de São Paulo, que foi o estopim para os primeiros protestos.
Presença
A universitária Juliana Lopes esteve na manifestação do último sábado, na da segunda, no Congresso, e garantiu que vai para que está marcada para hoje. Em todas, usava o acessório no rosto. “Acredito que a máscara representa a revolução em si, o povo se revoltando contra o poder”, explica ela, que comprou o item numa loja em Taguatinga.
Marcelo Sousa, autônomo, pretende comprar a sua especialmente para o momento que o Brasil vive. “Ela é o ícone da manifestação e liberdade”, justifica. Apesar do personagem V ser o autor de uma série de atentados nos quadrinhos, Marcelo é a favor dos protestos pacíficos. “Não se pode misturar os atentados com o que o povo está querendo, mesmo porque iremos perder força com a violência”, acredita ele.
Da ficção para a realidade, o legado do personagem V permanece cada vez mais presente nas manifestações populares. Não só no Brasil, mas por todo o mundo. E, por aqui, ajjuda a unificar o rosto daqueles que estão escrevendo uma importante página na História do País.
Ponto de vista
Para o sociólogo Marcello Cavalcanti Barra, o País vive um período muito interessante. “A máscara do personagem histórico inglês que lutou pela representação no parlamento é um influência. Acho que é o primeiro herói que começa a sair das telas e ocupa as ruas. Tem se difundido muito, mas não é um fenômeno brasileiro, já que aparece em várias manifestações”, comenta.
O personagem que serviu de inspiração para os manifestantes brasileiros pode ser visto no trailer do filme “V de Vingança”.
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