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Torcida

Surdolimpíadas: jogador de basquete quer orgulhar família

Nascido em Ilha Solteira (SP), Matheus disputou torneios pela equipe de sua cidade e de sua escola

Redação Jornal de Brasília

02/05/2022 22h41

Matheus Rubio é um dos atletas da equipe de Basquete (Foto: Divulgação)

Por Andrés Ruis e Henrique Sucena
Agência de Notícias do CEUB/Jornal de Brasília

O jogador de basquete Matheus Rubio, de 22 anos, possui deficiência parcial auditiva nos dois ouvidos e tem o sonho de disputar as Surdolimpíadas, que ocorrem neste mês de maio em Caxias do Sul-RS.

Nascido em Ilha Solteira (SP), Matheus disputou torneios pela equipe de sua cidade e de sua escola. O jovem, que conheceu o basquete aos 11 anos, acreditava que seu sonho de se tornar profissional no esporte teria que ser deixado de lado quando as oportunidades não apareceram.

Foi apenas em 2019 que ele descobriu o esporte para surdos e, com isso, a chance de sonhar novamente. Agora com a chance de representar seu país no âmbito internacional, ele diz que, como legado, busca apenas dar orgulho para sua família e aqueles que sempre lhe apoiaram, e que os frutos de uma possível nas Surdolimpíadas viriam como consequência.

Para poder participar do torneio, o jovem da Ilha Solteira (SP) enfrenta a dificuldade do pagamento da taxa, que custa aproximadamente R$ 280,00, mas a federação não cobre o valor para os atletas. “?O incentivo financeiro ainda não temos, todos os custos para os treinos, que foram realizados também em Caxias do Sul, são dos atletas. Graças a Deus eu consegui o apoio da prefeitura da minha cidade para custear a passagem de avião, e o nosso técnico conseguiu alojamento na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Mas o restante foi tudo através de vaquinhas e rifas”, diz Matheus sobre as dificuldades para conseguir a viagem.

A equipe masculina do Brasil enfrentará na fase de grupos Lituânia, Grécia, Venezuela, Taipé Chinesa e Ucrânia, fazendo sua estreia contra a equipe asiática no dia 3 de maio. Sobre a oportunidade de disputar um torneio deste tamanho, seu primeiro representando a seleção nacional, e realizado em solo brasileiro, Matheus declara:

Seleção Brasileira posa para foto durante treino em Caxias do Sul (Foto: Divulgação)

Sobre a comunicação dentro de quadra, Matheus diz considerar um dos grandes desafios no esporte. Com audição de aproximadamente 60% em cada ouvido, ele se considera sortudo por poder conversar com seu técnico, que é ouvinte. Com o resto da equipe, porém, essa comunicação ocorre totalmente em Libras, com uma tradutora na beira de quadra para ajudar. Para os árbitros a comunicação é ainda mais difícil, feita com a utilização de um pano de cor forte, para sinalizar as faltas. Nos jogos desta edição serão utilizadas as regras oficiais, com LEDs nas tabelas para indicar as marcações da equipe de arbitragem.

Ainda em um ambiente fortemente afetado pela pandemia, as Surdolimpíadas estavam previstas para acontecerem em dezembro de 2021. Com a crise do COVID-19, assim como os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, o torneio foi adiado para o ano seguinte, ocorrendo agora, em maio deste ano.3 anos de carreira 

“Particularmente, foi um fator primordial para mim. Estava tudo começando a dar certo, participei da minha primeira Surdolimpíada (nacional) em 2019, em Minas Gerais, e ficamos em 2° lugar. Voltei para onde eu morava, em Presidente Prudente, e comecei a participar com a galera na associação de surdos de lá. Estava tudo dando certo, aí veio a pandemia. Parou os treinos, parou a academia, faltou grana e complicou tudo. Claro que nossa cabeça fica totalmente fora da realidade. Passei os anos de 2020 e 2021 praticamente inteiros só trabalhando, perdi o foco, o físico e até vontade de persistir neste sonho. Mas aí ano passado teve novamente a Surdolimpíada e eu consegui resgatar essa esperança”, compartilha o atleta.  

Agora, Matheus está pronto para buscar seu sonho, dar orgulho para sua família e conta com o apoio da torcida, que vai além do esporte. “Acredito que faça uma diferença gigante, tanto na questão do esporte, que conta bastante, tanto na questão da inclusão, por ser uma galera que passa muita dificuldade na sociedade. Isso faz eles se sentirem à vontade e acolhidos. Creio que vai ser uma experiência muito legal”, finaliza o jogador.

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