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Richarlison e Marinho protestam contra o racismo: ‘Sociedade preconceituosa’

Um dos clubes mais progressistas do país, o Bahia lançou um programa para pessoas negras que querem trabalhar na instituição

Redação Jornal de Brasília

20/11/2020 19h04

Um dos jogadores brasileiros que mais tem se posicionado contra o racismo, Marinho fez uma reflexão nesta sexta-feira, Dia da Consciência Negra e desabafou sobre a morte de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro, de 40 anos, que foi espancado por dois seguranças brancos em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre.

Marinho indicou que são necessárias ações, e não só engajamento nas redes sociais, para combater o racismo, e cobrou das autoridades punição severa para os seguranças que espancaram João Alberto até a morte. Os dois tiveram prisão preventiva decretada. Um deles, Giovani Gaspar, é policial militar, e ambos são funcionários de uma empresa terceirizada, a Vector Segurança

“Dia da Consciência Negra. Talvez eu fique pensando que só existe no calendário, e pra postar foto dizendo que Vidas Negras importam. Na prática, sabemos que é tudo ao contrário”, criticou o atacante santista, em publicação em seu perfil no Instagram.

“Notícia absurda que temos da morte do seu João Alberto ontem no estacionamento do Carrefour em Porto Alegre. Aí eu pergunto, vai ter punição severa, os bandidos vão ser presos? Ou vão pagar fiança e serem soltos para cometer outro crime? Reflexo de uma sociedade preconceituosa para cara***”, desabafou Marinho.

Outro atleta muito ativo em defesa dos direitos humanos, com postura firme contra o racismo e outros preconceitos e acostumado a usar sua voz para apoiar causas sociais, Richarlison mostrou indignação pela morte de João Alberto.

“Covardia demais”, esbravejou o atacante do Everton e da seleção brasileira.

“Parece que a gente não tem saída… Nem no dia da Consciência Negra. Aliás, que consciência? Mataram um homem negro espancado na frente das câmeras. Bateram e filmaram. A violência e o ódio perderam de vez o pudor e a vergonha. George Floyd, João Pedro, Evaldo Santos foram em vão?”, completou o jogador, em referência a outros negros assassinados recentemente.

Vale lembrar que a morte de Floyd, um dos citados por Richarlison, em maio deste ano, nos Estados Unidos, provocou uma onda de protestos em todo o mundo contra a discriminação racial e a brutalidade policial diante dos negros.

CLUBES

Boa parte dos clubes da Série A também lembraram do Dia da Consciência Negra e usaram as redes sociais para se repercutir o tema, incluindo os três grandes paulistas. Com postura diferente em relação aos últimos anos quanto à defesa de causas sociais, o Palmeiras divulgou dois vídeos exaltando ídolos negros do passado e do presente, como Og Moreira, Liminha, Zé Roberto e Gabriel Jesus. “Um dia mudamos o nome para sobreviver. Sabemos que as batalhas de dentro e fora de campo nos trouxeram até aqui”, escreveu o clube alviverde em suas redes sociais.

O Corinthians também se recordou da importância dos negros para a construção de sua história e publicou um vídeo com imagens de alguns desses jogadores negros, como o ex-goleiro Dida e o centroavante Jô. “Não seríamos Corinthians se não fossem os negros! Não seríamos Corinthians se não lutássemos contra o racismo. BASTA!”, cobrou o clube alvinegro.

O São Paulo foi mais além e postou um vídeo com o meio-campista Tchê Tchê. Nele, o jogador reflete sobre a realidade dos negros pobres no Brasil em um universo do qual ele fez parte até conseguir a ascensão social por conta do futebol, algo que poucos negros conseguem em razão do racismo estrutural no país.

“O direito de sonhar é tirado, muitas vezes, da periferia. Por isso que poucas pessoas conseguem sair de lá, mas não é culpa das pessoas que estão lá”, apontou Tchê Tchê. Por isso que é difícil ver um negro em cargos altos. Agora, o segurança e o manobrista costumam ser negros”, refletiu.

Um dos clubes mais progressistas do país em virtude de suas posições afirmativas, o Bahia lançou um programa de trainee para pessoas negras que querem trabalhar na agremiação. A iniciativa tem apoio Organização das Nações Unidas e do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

Vários outros times brasileiros também se pronunciaram sobre o tema nas redes sociais, de diferentes maneiras, como Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Internacional, Grêmio, Atlético-MG, Sport, Atlético-GO, Coritiba e Red Bull Bragantino.

Estadão Conteúdo

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