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Futebol e dança: duas paixões inseparáveis no Brasil

Uma atitude que incomodou mais de um, a começar pelo ex-capitão do Manchester United Roy Keane, que a descreveu como desrespeitosa

Redação Jornal de Brasília

09/12/2022 13h31

Foto: MANAN VATSYAYANA / AFP

Como tantos jovens, Raphael Carlos e seus amigos sonhavam em ser jogadores de futebol. E, este ano, chegaram ao Mundial do Catar, ainda que de forma inesperada: através da coreografia com que Neymar, Vinícius Junior e outros jogadores festejam seus gols, para desgosto de alguns.

“Mãozinha pra frente, pra frente ombrinho, cabeça…”, com letras simples, no ritmo de funk e passos de dança “estilo TikTok”, a música “Pagodão do Birimbola (Tchubirabirom)” do grupo Os Quebradeiras já havia viralizado antes da Copa do Mundo.

E caiu nas graças dos jogadores, até entrar nas comemorações da vitória por 4 a 1 sobre a Coreia do Sul na segunda-feira (5), pelas oitavas de final.

Uma atitude que incomodou mais de um, a começar pelo ex-capitão do Manchester United Roy Keane, que a descreveu como desrespeitosa com o rival.

Alegria

“Dançamos para extravasar a alegria. Qualquer coisa, já estamos dançando, quebrando tudo… já é da gente, do Brasil”, explica à AFP Raphael Carlos, o “RK”, um dos fundadores do grupo Os Quebradeiras, que nasceu no bairro Fonseca, em Niterói.

Seus quatro integrantes, com idades entre 18 e 23 anos, divertem-se ensaiando a dança, enquanto gravam vídeos para divulgar seus próximos “shows” na Rua Pereira Nunes, na Tijuca, decorada para a Copa do Mundo.

Vestidos de verde e amarelo, Gustavinho (Gustavo Rosa), LC (Lucas Alves), RK e Zelé (Kauan Monteiro) requebram o tronco e os quadris, com um largo sorriso.

Atrás, na parede, a caricatura de Pelé. A seus pés, outra de Vinícius Jr., com a inscrição “Dança, Vini”.

A frase se popularizou depois que o atacante foi alvo de comentários racistas em setembro por comemorar seus gols dançando com seu time do Real Madrid.

O presidente da Associação Espanhola de Agentes de Jogadores de Futebol, Pedro Bravo, pediu que ele “parasse de bancar o macaco”, comentário pelo qual se desculpou.

“Entranhada” na cultura

Com suas raízes africanas e indígenas, o Brasil é “constituído por povos que lidaram com o mundo dançando. Dança não só para manifestar alegria, dança como manifestação também de dor, tristeza, para celebrar o nascimento, para lamentar a morte. A expressão do corpo que baila está absolutamente entranhada nas nossas culturas”, explica Luiz Antonio Simas, historiador e autor do livro “O Corpo Encantado das Ruas”.

Ele acredita que a relação entre futebol e dança, duas paixões nacionais, vai além.

“A contribuição brasileira para o futebol é a ginga, a ocupação do espaço vazio. Gingar é uma maneira de dançar. Um drible é também uma expressão da corporeidade”, diz.

AFP

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