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Bola fora; “O País não vai quebrar”

Entrelinhas conversa com Weber Magalhães sobre impactos da pandemia e futuro imprevisível do retorno do mundo da bola

Redação Jornal de Brasília

31/03/2020 13h26

Por Petronilo Oliveira, Olavo David Neto e Pedro Marra*
*Pedro Marra é repórter do Jornal de Brasília e contribuiu para a Coluna

Falou demais…

Em 18 de junho de 2013, quando o Brasil estava perto de receber a Copa das Confederações, Ronaldo Fenômeno soltou uma pérola, bem trágica, ao contrário do que fazia dentro das quatro linhas. A população estava com receio que o gasto na construção dos estádios atrapalhassem os investimentos na saúde e na educação. E o já gorducho falou: “Está se gastando dinheiro com segurança, saúde, mas sem estádio não se faz Copa. Não se faz Copa com hospital. Tenho certeza que o governo está dividindo os investimentos”, afirmou o Fenômeno.

Realmente, Fenômeno, não se faz Copa sem estádios, mas ele jamais deveria ter falado que “não se faz Copa com hospital”. Presidente do Gama, Weber Magalhães, já foi vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) durante anos, foi presidente da então Federação Metropolitana de Futebol, que hoje recebe o nome de Federação de Futebol do Distrito Federal.

Sem controle…

Em conversa com a Entrelinhas, o dirigente, que tinha uma forte com relação com o polêmico e controverso Ricardo Teixeira, fala sobre o Gama e toda a situação que o covid-19 está gerando. “A gente mesmo está com pendências com jogadores porque conseguimos recursos que vêm da Espanha para podermos honrar os compromissos. Mas lá começou bem cedo. E está tudo parado, aí o dinheiro não chegou para podermos pagar. Mas estamos correndo atrás”. Sobre o preparo físico dos atletas, o cartola diz: “O Kleber (preparador físico) fez uma planilha para os jogadores se exercitarem em casa, mas aí vai da consciência de cada. Espero que todos estejam respeitando o isolamento. Mas se estão se cuidando, não tem como tomar conta”.

…ponto positivo

Ele não concorda com várias atitudes do Governo do Distrito Federal, mas diz que Ibaneis Rocha vem fazendo o certo, mesmo ciente de que a parte econômica está praticamente parada. “Ele não vem ajudando o esporte do DF como outros fizeram, mas a decisão do isolamento é a mais certa. Não tem essa de que o Brasil vai quebrar. Sabe por quê? Tem e já tiveram tantas roubalheiras, com milhões sendo desviados, indo parar em caixa 2. Então pega essa dinheiro roubado e dá para os autônomos, micro-empreendedores e etc que precisam mais. Um país que já foi tão roubado (não estou falando de partido nem só no âmbito federal, mas local, municipal), não vai quebrar assim. É só destinar o dinheiro para o lugar certo”.

Mais ajuda é preciso!

Voltando ao assunto estádio/hospital, Weber elogiou a decisão de usar o Mané Garrincha para receber pacientes, onde serão instalados 200 leitos, mas… “Poderiam fazer no Bezerrão, no pavilhão do Parque da Cidade, que é coberto. Tem muito local público que dá pra fazer e contribuir”.

A respeito da continuidade do Candangão, Weber Magalhães acha que todos os estaduais devem ir até o final e dá um exemplo claro quanto a isso. “Ser campeão estadual é ótimo. Mas para a saúde financeira o melhor é ficar entre os dois e ir para a Copa do Brasil, que é a competição que dá mais dinheiro. Se para o campeonato agora, o Gama é campeão e o Brasiliense, vice. Mas temos que ser honestos. Não é porque meu time seria campeão que eu ficaria feliz. Os outros seis, como Real e Taguatinga, por exemplo, têm chance de chegar lá”, declarou.

Alternativas

Sobre as competições nacionais, Magalhães fala: “Pela experiência de quando fui da CBF, tenho certeza que eles trabalham com planos A, B, C, D, E… pelo menos deveriam porque o calendário vai apertar. Estavam falando em voltar a treinar dia 20 de abril, acho impossível pelo que venho lendo. Parece que o pico vai ser dia 20 e poucos. Não dá pra colocar os caras para treinar na hora do pico. É um esporte de contato. Acho que será reduzido o Brasileirão. Não sei a fórmula, pois só podemos ter alguma certeza quando as autoridades de saúde derem algum norte. Eu sou dirigente, você é jornalista, então a gente fica no achismo”.

Alerta e no aguardo!

Por falar em Real, o presidente Luís Felipe Belmonte comentou a situação do lado do Real-DF: “No momento, o que pode ser feito é esperar. Vamos continuar honrando os contratos e, como possivelmente será necessário, vamos fazer as prorrogações de contrato até o final do campeonato. Fizemos novos investimentos para a fase final do Candangão, e a essa altura não se justificaria retroceder ou paralisar. Estamos confiantes na continuidade do campeonato e no desempenho da equipe”.

Belmonte também comentou sobre os cortes salariais que vêm sendo feitos mundo afora. Ele diz que isso não vai acontecer pelo menos por enquanto. “Não está havendo redução nenhuma. Se for haver uma indefinição muito grande, o assunto será tratado com os jogadores. Estamos em contato permanente. Hoje o Real Brasília tem um elenco superior a 30 jogadores”.

Indagado se o clube pretende fazer ações sociais para ajudar as pessoas mais necessitadas, durante essa pandemia, ou especialmente os funcionários do clube, Luís Felipe Belmonte diz: “Todos estão sendo assistidos, inclusive com fornecimento de medicamentos preventivos para os que desejarem. Caso alguma situação exija um atendimento mais de perto, assim o faremos. As contribuições sociais de apoio a pessoas necessitadas estão sendo feitas pelo braço social do Grupo Belmonte”.

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