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Saúde

Saúde: controlada, Aids envolve riscos

Mesmo em tratamento, doença pode provocar complicações cardiovasculares em soropositivos

Lindauro Gomes

02/12/2019 6h50

Camilla Germano
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Cerca de 866 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil, de acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde, número determinante para considerar a epidemia estabilizada no país. Ainda sim, os portadores da doença precisam saber que ela envolve diversos outros fatores de risco.

Ontem foi o Dia Mundial de Luta contra a Aids, que ressalta a importância do alerta aos riscos e consequências da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids, na sigla em inglês). Um exemplo desses risco é a maior probabilidade (4,5 vezes mais, de acordo com informações publicadas no Journal of the American College of Cardiology), que os portadores de HIV têm de adquirir doenças cardiovasculares.

O HIV é o vírus da imunodeficiência humana e principal causador da Aids. O vírus ataca o sistema imunológico. Ter o vírus HIV não significa que a pessoa apresentará sintomas ou desenvolverá a Aids. No entanto, mesmo sem manifestar a doença, quem tem o vírus HIV pode transmiti-lo por relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação — quando não são tomadas as medidas de prevenção.

Para o cardiologista Thomas Osterne, é importante orientar pacientes mais jovens e portadores do HIV sobre os riscos cardiovasculares que podem sofrer. “Há um crescimento observado no aumento da sobrevida de pessoas com HIV, mas o que também tem sido observado é um aumento no número de jovens que sofreram infartos e são portadores do HIV”, explica.

A recomendação sugerida por ele é que, após o diagnóstico de HIV, crie-se o hábito de fazer acompanhamentos anuais com cardiologistas, além do infectologista. “Fazendo o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, as chances de desenvolver colesterol alto, a própria doença manifestar placa de gordura nas carótidas, por exemplo, diminui e a chance de prevenção é mais alta”, ressalta ele

Para a arritmologista e eletrofisiologista Carla Septimio, com o acompanhamento regular para doenças cardiovasculares, é possível seguir o tratamento corretamente e acompanhar de forma segura as alterações cardíacas que podem surgir ao longo da vida do paciente. “Detectar problemas cardíacos em pacientes com HIV mais cedo usando uma ferramenta de diagnóstico simples, como o ecocardiograma, permite tratá-los na fase precoce da lesão cardíaca e melhorar o seu prognóstico”, aponta ela.

Estatísticas

Com o número de 866 mil pessoas com HIV no país, estima-se que a doença esteja estabilizada. Em 2017, foram diagnosticados 42.420 novos casos de HIV e 37.791 casos de Aids, segundo o Ministério da Saúde. No Distrito Federal, no último levantamento da Secretaria de Saúde, em 2017, foram registrados cerca de 10.735 casos de Aids – 7.903 em homens e 2.832 em mulheres. A população jovem adulta é a que mais registra casos da doença. Pessoas entre 20 e 29 anos correspondem a 62,7% dos casos, em ambos os sexos.

Número de óbitos tem diminuído

Os óbitos por Aids têm diminuído no país. No período entre 2012 e 2017, foram registrados 709 óbitos por Aids. No DF, foram 709 casos. E, em 2017, houve uma redução de 6,7% em relação ao ano de 2016. 112 em 2016, contra 105 em 2017.

Para um tratamento adequado do HIV, os medicamentos antirretrovirais (ARV) são os mais importantes porque impedem a multiplicação do HIV no organismo.
Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico e, por isso, o uso regular deles é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV, além de reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas. Tais medicamentos são distribuídos, desde 1996, para pessoas portadoras do HIV.

Como ocorre a transmissão do HIV

  • Sexo vaginal sem camisinha;
  • Sexo anal sem camisinha;
  • Sexo oral sem camisinha;
  • Uso de seringa por mais de uma pessoa;
  • Transfusão de sangue contaminado, embora esse risco tenha diminuído no Brasil com o controle rigoroso;
  • Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;
  • Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.

Condutas que não transmitem HIV

  • Sexo desde que se use corretamente a camisinha;
  • Masturbação a dois;
  • Beijo no rosto ou na boca;
  • Suor e lágrima;
  • Picada de inseto;
  • Aperto de mão ou abraço;
  • Compartilhamento de sabonete/toalha/lençóis,talheres, copos;
  • Assento de ônibus;
  • Piscina;
  • Banheiro;
  • Doação de sangue;
  • Pelo ar.

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