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Saúde

Imunidade baixa requer cuidado

Pacientes oncológicos devem diminuir risco de exposição ao coronavírus e identificar logo sintomas

Redação Jornal de Brasília

18/05/2020 5h35

Foto: Freepik

Hylda Cavalcanti
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Uma preocupação que tem crescido cada vez mais entre os médicos, sobretudo os oncologistas, é a situação dos pacientes com câncer, que ficam mais suscetíveis a contrair a covid-19 nestes tempos de pandemia por terem imunidade mais baixa. É que apesar da importância dos cuidados e do isolamento social, estes pacientes também não podem deixar de lado a continuidade do tratamento – a não ser que sejam orientados pelos seus médicos quanto a isso. E não é o que tem sido observado.

Estimativas recentes das Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica são de que desde o início da pandemia, aproximadamente 50 mil pessoas deixaram de obter diagnósticos precisos referentes à descoberta de tumores ou sobre como anda o tratamento. Outros milhares de pacientes, já com o tumor detectado, tiveram os tratamentos suspensos, conforme alertam também as duas entidades.

Segundo a oncologista Andréa Farias, a maneira mais eficaz de prevenir a doença é diminuir o risco de exposição ao vírus, além de identificar e, consequentemente, isolar de forma rápida os pacientes suspeitos.

Ela explicou que como pacientes oncológicos que estejam fazendo quimioterapia ou imunoterapia ficam com a imunidade reduzida, eles devem tomar mais cuidado ao fazer o isolamento social. Para Andréa, qualquer sintoma gripal deve alertar essas pessoas quanto à possibilidade de infecção pelo coronavírus. Motivo pelo qual o paciente oncológico deve ficar atento e se comunicar com seu médico imediatamente.

Mas de acordo com a oncologista, a suspensão ou não do tratamento precisa levar em conta a finalidade do mesmo – se curativo, paliativo e os riscos e benefícios com algum possível atraso. “A conduta que tem sido adotada é de geralmente observar o paciente por três a cinco dias, ver como ele evoluiu e só depois disso definir pela interrupção ou não do tratamento e/ou quimioterapia”, destacou.

Andréa afirmou que os pacientes que fazem quimioterapia, além das medidas preventivas para si, também precisam ficar atentos, no caso de morarem com outras pessoas, para a prevenção feita por estas. Inclusive a de manter distância de dois metros entre cada um.

O oncologista Bruno Ferrari, oncologista, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas, tem recomendação semelhante. Ele apontou mudanças na rotina de atendimento de pacientes com câncer e alertou: “O câncer não para e espera o coronavírus passar”.

Ferrari disse ficar preocupado com desinformações que circulam afirmando que as pessoas devem parar com o tratamento e pede que quem desejar agir assim, só tome tal atitude depois de conversar com o seu oncologista.

O médico também afirmou que, como em geral o paciente vai com mais de um acompanhante até a clínica fazer seu tratamento oncológico, neste período deve procurar ir com apenas um deles. Ele também elogiou o avanço da telemedicina que, a seu ver, “tem ajudado os médicos a ficarem mais próximos dos pacientes nesta situação e prestar a estes um bom atendimento”.

‘Mais segurança’

Foi justamente a preocupação em contrair o coronavírus o que levou a revisora e professora de português Helena Santos a suspender seu tratamento. Helena, porém, recebeu orientação do seu médico para isso.

Em novembro do ano passado ela descobriu um tumor maligno no seio direito. Fez a cirurgia para retirada da mama e iniciou o tratamento de quimioterapia, que concluiu em janeiro passado. Ela precisava fazer uns exames na clínica em março, mas diante da pandemia, conversou com o seu médico e recebeu autorização para adiar o seu retorno à clínica até o final de junho.

“Sei que em junho terei de voltar de todo jeito à clínica, mas estou tomando os cuidados necessários. O fato de ter tido consulta com meu médico por videoconferência e poder contar a ele meus temores de pegar a covid, em razão da baixa imunidade e da quantidade de amigos que contraíram a doença, fez toda a diferença”, contou ela.

“Atrasei minha volta aos exames e tratamento, mas com toda a segurança”, acrescentou Helena, que disse estar se sentindo mais forte depois de quase dois meses de confinamento ao lado do marido.

Já a secretária Katiane Fonseca resolveu encarar a continuidade do tratamento. “Fiquei com medo do vírus, mas avaliei bem a situação ao lado da família e chegamos à conclusão de que seria pior ficar sem continuar o tratamento”, frisou.

Katiane descobriu no final de 2018 um câncer no ovário e já passou por sessões de quimioterapia. Ela contou que vai à clínica com máscaras, luvas, roupas de manga comprida, calça comprida e meias. “Mesmo que lá eu precise tirar tudo, faço com o maior cuidado”, ressaltou.

A secretária afirmou que na sua casa, marido e filhos cumprem todo um ritual de prevenções, por conta não apenas do novo coronavírus, mas também da sua situação frágil. Quando precisam sair de casa, saem devidamente paramentados e trocam de roupa assim que retornam, ainda na garagem. Em seguida, entram direto para tomar um banho em seguida.

“Eles são mais preocupados que eu com a minha condição e isto está me estimulando a dar continuidade ao tratamento, com muito cuidado”, contou, em tom satisfeito. Nem todos, entretanto, encontram-se na situação de Helena e Karine. Por isso, os médicos alertam: é preciso tomar cuidado e a covid-19 é uma doença séria, mas as pessoas devem tomar cuidado para não deixar de lado as outras doenças.

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