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Um Alexandre diferente na telona

Arquivo Geral

14/01/2005 0h00

A consagração da carreira do cineasta nova-iorquino Oliver Stone foi marcada pela guerra entre americanos e vietcongues, isso de volta a 1986, quando lançou o célebre Platoon. Em 89, Stone dá mais pano para sua obsessão pela Guerra do Vietnã (Nascido em 4 de Julho, de 89) e, após, cessa fogo – a não ser pelo eletrizante thriller Assassinos por Natureza, de 94. Dez anos se passaram e Oliver Stone constrói nova trincheira. Desta vez, ele reconta a trajetória do maior rei macedônio no épico Alexandre, megaprodução da Warner Bros. que estréia hoje nos cinemas da cidade.

A cinebiografia do obstinado rei Alexandre, O Grande (356-323 a.C) não condiz com a magnitude da figura histórica: o maior e mais jovem conquistador de todos os tempos, que nutria uma sede por subjugar todos os reinos do mundo pela lâmina de sua espada. Stone é um diretor maduro e criativo, sem dúvida. Como ninguém, criou cenas de batalhas sangrentas convincentes e de uma forma não muito tradicional – a guerra que se passa na telona carrega uma beleza irônica e uma densidade dramática, itens que não foram alcançados com tamanha glória nos mais recentes grandes épicos Gladiador (2000), Tróia (2003) e Rei Artur (2004).

O perfeccionismo visual da obra confina, contudo, a importância da trama dentro de uma narrativa árida, com muitas delongas, pouco entusiasmo e um grande descaso a algumas das mais importantes peculiaridades da vida de Alexandre. A preocupação em enfatizar o homossexualismo do personagem toma o lugar do governante de punho de aço e gênio em traçar estratégias de guerra.

Colin Farrell, o astro irlandês que dá vida ao protagonista, convence no papel do jovem, ambicioso e de fibra, apesar de mimado. O estereótipo de playboy do ator encaixa-se muito bem e ganha respaldo com a personagem de Angelina Jolie, surpreendente como a mãe de Alexandre, a megera Olímpia (caricata, porém coerente).

Alexandre, a nova empreitada de Oliver Stone, remonta a sete anos depois da precoce morte do “herói” (à idade de Cristo, 33 anos). A trajetória do rei macedônio é narrada pelo filósofo Ptolomeu (Anthony Hopkins) durante uma aula ministrada a seu pupilo. Nessa nova história, Alexandre teria morrido de forma súbita após uma bebedeira seguida de uma forte febre. Não há referências, no filme, ao aneurisma cerebral de Alexandre, que lhe provocava fortes dores de cabeça e, conseqüentemente, causou sua morte.

Aristóteles, o grande filósofo e tutor de Alexandre, faz uma pequena ponta em meros três minutos da fita – seu crédito na formação intelectual do rei é tratado com descaso. O capricho na fotografia, direção de arte e produção não foi estendido ao enredo, mal-apurado e reconstituído, historicamente.

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    14/01/2005 0h00

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    A cinebiografia do obstinado rei Alexandre, O Grande (356-323 a.C) não condiz com a magnitude da figura histórica: o maior e mais jovem conquistador de todos os tempos, que nutria uma sede por subjugar todos os reinos do mundo pela lâmina de sua espada. Stone é um diretor maduro e criativo, sem dúvida. Como ninguém, criou cenas de batalhas sangrentas convincentes e de uma forma não muito tradicional – a guerra que se passa na telona carrega uma beleza irônica e uma densidade dramática, itens que não foram alcançados com tamanha glória nos mais recentes grandes épicos Gladiador (2000), Tróia (2003) e Rei Artur (2004).

    O perfeccionismo visual da obra confina, contudo, a importância da trama dentro de uma narrativa árida, com muitas delongas, pouco entusiasmo e um grande descaso a algumas das mais importantes peculiaridades da vida de Alexandre. A preocupação em enfatizar o homossexualismo do personagem toma o lugar do governante de punho de aço e gênio em traçar estratégias de guerra.

    Colin Farrell, o astro irlandês que dá vida ao protagonista, convence no papel do jovem, ambicioso e de fibra, apesar de mimado. O estereótipo de playboy do ator encaixa-se muito bem e ganha respaldo com a personagem de Angelina Jolie, surpreendente como a mãe de Alexandre, a megera Olímpia (caricata, porém coerente).

    Alexandre, a nova empreitada de Oliver Stone, remonta a sete anos depois da precoce morte do “herói” (à idade de Cristo, 33 anos). A trajetória do rei macedônio é narrada pelo filósofo Ptolomeu (Anthony Hopkins) durante uma aula ministrada a seu pupilo. Nessa nova história, Alexandre teria morrido de forma súbita após uma bebedeira seguida de uma forte febre. Não há referências, no filme, ao aneurisma cerebral de Alexandre, que lhe provocava fortes dores de cabeça e, conseqüentemente, causou sua morte.

    Aristóteles, o grande filósofo e tutor de Alexandre, faz uma pequena ponta em meros três minutos da fita – seu crédito na formação intelectual do rei é tratado com descaso. O capricho na fotografia, direção de arte e produção não foi estendido ao enredo, mal-apurado e reconstituído, historicamente.

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