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Trecho do livro

Arquivo Geral

15/09/2004 0h00

“Uma froça incontrolável guiava os meus movimentos e me impulsionava para os desfrutes do abismo, vencendo as minhas últimas resistências morais. Então, ainda sem abrir os olhos, reiniciei o contato físico melífluo com o seu corpo, desta vez fazendo a rota inversa, vindo dos seus pés, subindo pelas coxas, flanqueando-os pelos rins, em direção ao tórax, onde me detive por uns segundos em seu esterno, descendo agora pela barriga. Com lentidão, a mão descia, os olhos covardemente sem se atreverem ainda a apreciar aquela carne negra que tanto me perturbava e me tirava do eixo correto dos acontecimentos.

(…) Como seria possível brotar sentimentos ou mesmo uma volúpia sadia numa relação tão desigual de forças, em que um dos lados detinha o mais absoluto poder sobre o outro, podendo até dispor de sua vida, decidir pela sua permanência ou não, pois estava acobertada por instrumentos sociais e científicos para tal, avalizada por uma série de elementos que a deixariam incólume em tais circunstâncias, enquanto a outra parte nunca esboçara um movimento sequer, nunca abrira os olhos, falara uma palavra, nunca dera margem a nenhum tipo de interação, mínima que fosse, a não ser que possa haver pelo simples fato de existir, de estar fisicamente presente em uma cama, respirando?

(…) Mobilizei em mim todas as energias e pulsões para que pudesse executar esse ato, em toda a plenitude de sua aspereza, o ato possível naquela situação, por me prevalecer da condição de agente de saúde que se apropria do corpo de outrem e o manipula arbitrariamente, seugando-o sem escrúpulos, invadindo com violência a sua intimidade, a desfrutar do cenário de mutismo e imobilidade que me dava todo um raio de ações que não conhecia limites, a não ser os dados pelo outro na medida em que não correspondia fisiologicamente às minhas ações pervertidas…”

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    Trecho do livro

    Arquivo Geral

    15/09/2004 0h00

    “Uma froça incontrolável guiava os meus movimentos e me impulsionava para os desfrutes do abismo, vencendo as minhas últimas resistências morais. Então, ainda sem abrir os olhos, reiniciei o contato físico melífluo com o seu corpo, desta vez fazendo a rota inversa, vindo dos seus pés, subindo pelas coxas, flanqueando-os pelos rins, em direção ao tórax, onde me detive por uns segundos em seu esterno, descendo agora pela barriga. Com lentidão, a mão descia, os olhos covardemente sem se atreverem ainda a apreciar aquela carne negra que tanto me perturbava e me tirava do eixo correto dos acontecimentos.

    (…) Como seria possível brotar sentimentos ou mesmo uma volúpia sadia numa relação tão desigual de forças, em que um dos lados detinha o mais absoluto poder sobre o outro, podendo até dispor de sua vida, decidir pela sua permanência ou não, pois estava acobertada por instrumentos sociais e científicos para tal, avalizada por uma série de elementos que a deixariam incólume em tais circunstâncias, enquanto a outra parte nunca esboçara um movimento sequer, nunca abrira os olhos, falara uma palavra, nunca dera margem a nenhum tipo de interação, mínima que fosse, a não ser que possa haver pelo simples fato de existir, de estar fisicamente presente em uma cama, respirando?

    (…) Mobilizei em mim todas as energias e pulsões para que pudesse executar esse ato, em toda a plenitude de sua aspereza, o ato possível naquela situação, por me prevalecer da condição de agente de saúde que se apropria do corpo de outrem e o manipula arbitrariamente, seugando-o sem escrúpulos, invadindo com violência a sua intimidade, a desfrutar do cenário de mutismo e imobilidade que me dava todo um raio de ações que não conhecia limites, a não ser os dados pelo outro na medida em que não correspondia fisiologicamente às minhas ações pervertidas…”

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      Trecho do livro

      Arquivo Geral

      22/04/2004 0h00

      “Durante o recesso de 1937, Bill e eu fomos à Alemanha. Lembro-me particularmente das roupas de “lã” feitas de polpa de madeira; a lã verdadeira, imagino, era destinada aos militares.

      Em Munique, testemunhamos a pomposa procissão dos funerais do general Erich Ludendorff, virtual líder do exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial e compatriota de Hitler no putsch de Berr Hall em 1923. A maior multidão que já havia visto se juntou na Ludwigstrasse, o principal bulevar de Munique. Tropas da SS totalmente armadas, rigidamente de pé e em prontidão, alinhavam-se em ambos os lados da rua. quando Bill e eu tentávamos chegar na frente, o cortejo fúnebre começou a se movimentar, com Hitler à testa de colunas de soldados marchando. Tirei uma foto dele com minha câmera Leica quando ele passou se pavoneando em reconhecimento às saudações de nazistas de braços erguidos e rígidos e os gritos estrondosos de “Sieg Heil”. Nunca vi nada parecido com o frenesi de adulação daquela multidão ou experimentei uma sensação de desconforto tão esmagadora do que representava aquela adulação.”

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        Trecho do livro

        Arquivo Geral

        22/04/2004 0h00

        “Muitos eram os nobres que desejavam ser reis, de modo que não faltaram voluntários. Todos se adiantaram para tentar a sorte. Mas, por mais que puxassem ou empurrassem, nenhum pôde fazer a espada sequer se mover. Estava firmemente enterrada.

        — Aquele destinado a ser rei evidentemente não está aqui — disse o arcebispo. — Mas Deus, sem dúvida, vai nos deixar conhecê-lo quando for a hora. Meus nobres senhores, eu os convoco a se reunirem aqui no dia do Ano Novo, após o torneio. Então, quem quiser poderá tentar novamente retirar a espada.

        Era costume no dia de Ano Novo a disputa de um torneio sobre as campinas de Westiminster. Vinham cavaleiros de todos os cantos do reino, e de reinos muito distantes, de além-mar, para justar e testar suas habilidades com a espada e a lança.

        A espada na pedra atraiu multidões nunca vistas até então, e no dia de Ano Novo os campos estavam formigando de bandeiras e estandartes, de pajens que se acotovelavam, de bufões coloridos — e, é claro, uma hoste de garbosos cavaleiros montados e a pé, todos em armaduras reluzentes. Suas damas desfilavam em vestidos esvoaçantes e em mantas quentes que as protegiam dos ventos cortantes.”

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          22/04/2004 0h00

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          — Aquele destinado a ser rei evidentemente não está aqui — disse o arcebispo. — Mas Deus, sem dúvida, vai nos deixar conhecê-lo quando for a hora. Meus nobres senhores, eu os convoco a se reunirem aqui no dia do Ano Novo, após o torneio. Então, quem quiser poderá tentar novamente retirar a espada.

          Era costume no dia de Ano Novo a disputa de um torneio sobre as campinas de Westiminster. Vinham cavaleiros de todos os cantos do reino, e de reinos muito distantes, de além-mar, para justar e testar suas habilidades com a espada e a lança.

          A espada na pedra atraiu multidões nunca vistas até então, e no dia de Ano Novo os campos estavam formigando de bandeiras e estandartes, de pajens que se acotovelavam, de bufões coloridos — e, é claro, uma hoste de garbosos cavaleiros montados e a pé, todos em armaduras reluzentes. Suas damas desfilavam em vestidos esvoaçantes e em mantas quentes que as protegiam dos ventos cortantes.”

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            22/04/2004 0h00

            “Durante o recesso de 1937, Bill e eu fomos à Alemanha. Lembro-me particularmente das roupas de “lã” feitas de polpa de madeira; a lã verdadeira, imagino, era destinada aos militares.

            Em Munique, testemunhamos a pomposa procissão dos funerais do general Erich Ludendorff, virtual líder do exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial e compatriota de Hitler no putsch de Berr Hall em 1923. A maior multidão que já havia visto se juntou na Ludwigstrasse, o principal bulevar de Munique. Tropas da SS totalmente armadas, rigidamente de pé e em prontidão, alinhavam-se em ambos os lados da rua. quando Bill e eu tentávamos chegar na frente, o cortejo fúnebre começou a se movimentar, com Hitler à testa de colunas de soldados marchando. Tirei uma foto dele com minha câmera Leica quando ele passou se pavoneando em reconhecimento às saudações de nazistas de braços erguidos e rígidos e os gritos estrondosos de “Sieg Heil”. Nunca vi nada parecido com o frenesi de adulação daquela multidão ou experimentei uma sensação de desconforto tão esmagadora do que representava aquela adulação.”

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              Trecho do livro

              Arquivo Geral

              31/12/2003 0h00

              – O erro seguinte foi contornar a Administração de Alimentos e Medicamentos.

              – É claro.

              – Meu cliente tem muitos amigos importantes nesta cidade. É praticamente um profissional na compra de políticos com dinheiro do PAC e em dar emprego às suas mulheres, namoradas e antigos assistentes, o costumeiro jogo com dinheiro que se faz aqui. Foi feito um negócio sujo. Incluía gente importante da Casa Branca, do Departamento de Estado, da Administração de Alimentos e Medicamentos, do FBI e mais umas duas agências, nada por escrito. Nenhum dinheiro mudou de mãos, não houve subornos. Meu cliente fez um bom trabalho convencendo um número suficiente de pessoas de que o Tarvan podia salvar o mundo se conseguisse resultados de mais um laboratório. Uma vez que a FDA levaria dois ou três anos para aprovar, e como a Administração tem poucos amigos na Casa Branca, o acordo foi feito. Todas aquelas pessoas importantes, nomes agora perdidos para sempre, encontraram um meio de contrabandear o Tarvan para algumas clínicas de reabilitação da capital, financiadas pelo governo federal. Se funcionasse aqui então a Casa Branca e os figurões conseguiriam pressionar implacavelmente a FDA para uma rápida aprovação.

              – Quando esse acordo estava sendo feito, seu cliente sabia dos oito por cento?

              – Eu não sei. Meu cliente não me contou tudo e nunca vai contar. Também não faço perguntas. Meu trabalho é outro. Porém, suspeito que ele não sabia dos oito por cento. Do contrário, fazer experiências aqui seria um risco grande demais. Tudo isso aconteceu muito depressa. dr. Carter.

              – Pode me chamar de Clay agora.

              – Obrigado, Clay.

              – De nada.

              – Eu disse que não houve subornos. Isso também foi o que meu cliente disse. Mas sejamos realistas. A estimativa inicial do lucro do Tarvan nos próximos dez anos é de trinta bilhões de dólares. Lucro, não venda.

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                – É claro.

                – Meu cliente tem muitos amigos importantes nesta cidade. É praticamente um profissional na compra de políticos com dinheiro do PAC e em dar emprego às suas mulheres, namoradas e antigos assistentes, o costumeiro jogo com dinheiro que se faz aqui. Foi feito um negócio sujo. Incluía gente importante da Casa Branca, do Departamento de Estado, da Administração de Alimentos e Medicamentos, do FBI e mais umas duas agências, nada por escrito. Nenhum dinheiro mudou de mãos, não houve subornos. Meu cliente fez um bom trabalho convencendo um número suficiente de pessoas de que o Tarvan podia salvar o mundo se conseguisse resultados de mais um laboratório. Uma vez que a FDA levaria dois ou três anos para aprovar, e como a Administração tem poucos amigos na Casa Branca, o acordo foi feito. Todas aquelas pessoas importantes, nomes agora perdidos para sempre, encontraram um meio de contrabandear o Tarvan para algumas clínicas de reabilitação da capital, financiadas pelo governo federal. Se funcionasse aqui então a Casa Branca e os figurões conseguiriam pressionar implacavelmente a FDA para uma rápida aprovação.

                – Quando esse acordo estava sendo feito, seu cliente sabia dos oito por cento?

                – Eu não sei. Meu cliente não me contou tudo e nunca vai contar. Também não faço perguntas. Meu trabalho é outro. Porém, suspeito que ele não sabia dos oito por cento. Do contrário, fazer experiências aqui seria um risco grande demais. Tudo isso aconteceu muito depressa. dr. Carter.

                – Pode me chamar de Clay agora.

                – Obrigado, Clay.

                – De nada.

                – Eu disse que não houve subornos. Isso também foi o que meu cliente disse. Mas sejamos realistas. A estimativa inicial do lucro do Tarvan nos próximos dez anos é de trinta bilhões de dólares. Lucro, não venda.

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                  Trecho do livro

                  Arquivo Geral

                  02/06/2003 0h00

                  “As copas das árvores filtravam raios de sol, que se projetavam em feixes no interior da floresta, pintando a atmosfera de mistério. O musgo úmido e macio que envolvia o chão, as pedras e os troncos brilhava dourado, aceso pela tênue luz do meio da tarde. Um regato sussurava manso, serpenteando através da mata, cantando com os tordos e as cotovias que enchiam o ar de sons. Um pouco além do regato, enormes árvores sagradas formavam um círculo ao redor de uma grande clareira. Carvalhos, azevinhos, teixos, bétulas, freixos, plantados pelos primeiros druidas a chegar às ilhas. O vento soprava entre as folhas, carregando consigo cheiros e sons, acariciando o rosto dos seis homens que se sentavam em um círculo de pedras, no centro da clareira. Eram anciãos de barbas e cabelos longos e brancos. Vestiam trajes compridos claros como as nuvens que flutuavam sobre suas cabeças. Cormac, dos Muitos Fiéis, havia convocado aquela assembléia, espalhando a notícia para os irmãos da ordem. Os cinco mestres druidas mais importantes atenderam ao seu chamado, vindos de Erin, do Ulster, da Cornualha e da Terra dos Escotos. Sabiam que atravessavam uma época crítica, e o fato de o grande Cormac, dos Muitos Fiéis, ter convocado aquele encontro era um prenúncio de novos tempos. Esperavam o sétimo membro, que, à exceção de Cormac, todos desconheciam. No entanto, seu severo treinamento os havia ensinado a ser pacientes e a controlar suas expectativas.

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                    Arquivo Geral

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                    “As copas das árvores filtravam raios de sol, que se projetavam em feixes no interior da floresta, pintando a atmosfera de mistério. O musgo úmido e macio que envolvia o chão, as pedras e os troncos brilhava dourado, aceso pela tênue luz do meio da tarde. Um regato sussurava manso, serpenteando através da mata, cantando com os tordos e as cotovias que enchiam o ar de sons. Um pouco além do regato, enormes árvores sagradas formavam um círculo ao redor de uma grande clareira. Carvalhos, azevinhos, teixos, bétulas, freixos, plantados pelos primeiros druidas a chegar às ilhas. O vento soprava entre as folhas, carregando consigo cheiros e sons, acariciando o rosto dos seis homens que se sentavam em um círculo de pedras, no centro da clareira. Eram anciãos de barbas e cabelos longos e brancos. Vestiam trajes compridos claros como as nuvens que flutuavam sobre suas cabeças. Cormac, dos Muitos Fiéis, havia convocado aquela assembléia, espalhando a notícia para os irmãos da ordem. Os cinco mestres druidas mais importantes atenderam ao seu chamado, vindos de Erin, do Ulster, da Cornualha e da Terra dos Escotos. Sabiam que atravessavam uma época crítica, e o fato de o grande Cormac, dos Muitos Fiéis, ter convocado aquele encontro era um prenúncio de novos tempos. Esperavam o sétimo membro, que, à exceção de Cormac, todos desconheciam. No entanto, seu severo treinamento os havia ensinado a ser pacientes e a controlar suas expectativas.

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                      Arquivo Geral

                      07/05/2003 0h00

                      Saímos pela cidade. Na porta da estação, dois soldados armados de fuzis com baionetas caladasforam rodeados por uma centena de comerciantes, funcionários do governo e estudantes que os atacaram violentamente com acusações e insultos. Os soldados estavam constrangidos e magoados, como crianças que fizeram algo errado. Um jovem alto, com uniforme de estudante e ar arrogante, liderava o ataque.

                      – Vocês compreendem, eu presumo – disse em tom desdenhoso – que pegando em armas contra seus irmãos estão se transformando em instrumentos dos assassinos e traidores!

                      – Escute, irmão – disse o soldado, em tom sincero – Você não entende. Existem duas classes, o proletariado e a burguesia. Nós…

                      – Ah, eu conheço essa conversa fiada! – interrompeu o estudante, bruscamente. Um bando de campônios ignorantes como você ouve alguém dizer umas palavras bonitas e pronto. Nem sabem o que significam. Só sabem repeti-las feito papagaios – a multidão riu. – Sou estudante marxista e afirmo que não é pelo socialismo que você estão lutando. Que isso é pura anarquia pró-germânica! – Ah, sim, eu sei – respondeu o soldado, com o suor pingando de sua testa. – É fácil perceber que o senhor é um homem instruído e eu sou um homem simples. Mas me parece que… – Suponho – interrompeu o outro, com desprezo, – que você acredita que Lênin é um verdadeiro amigo do proletariado!

                      – Acredito, sim – respondeu o soldado, incomodado.

                      – Meu amigo, você sabe que Lênin atravessou a Alemanha num vagão fechado? Você sabe que recebeu dinheiro dos alemães?

                      – Não sei de nada disso – respondeu o soldado, com firmeza – Só sei que ele diz o que eu e todos os homens simples como eu queremos ouvir. Existem duas classes: a burguesia e o proletariado…

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                        Trecho do livro

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                        Saímos pela cidade. Na porta da estação, dois soldados armados de fuzis com baionetas caladasforam rodeados por uma centena de comerciantes, funcionários do governo e estudantes que os atacaram violentamente com acusações e insultos. Os soldados estavam constrangidos e magoados, como crianças que fizeram algo errado. Um jovem alto, com uniforme de estudante e ar arrogante, liderava o ataque.

                        – Vocês compreendem, eu presumo – disse em tom desdenhoso – que pegando em armas contra seus irmãos estão se transformando em instrumentos dos assassinos e traidores!

                        – Escute, irmão – disse o soldado, em tom sincero – Você não entende. Existem duas classes, o proletariado e a burguesia. Nós…

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                        – Acredito, sim – respondeu o soldado, incomodado.

                        – Meu amigo, você sabe que Lênin atravessou a Alemanha num vagão fechado? Você sabe que recebeu dinheiro dos alemães?

                        – Não sei de nada disso – respondeu o soldado, com firmeza – Só sei que ele diz o que eu e todos os homens simples como eu queremos ouvir. Existem duas classes: a burguesia e o proletariado…

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