Menu
Promoções

Segue-me e atropela o próximo, ou te devorarei

Arquivo Geral

06/01/2005 0h00

“Quem me dera, ao menos uma vez, saber que quem tem mais do que precisa ter quase sempre se convence que não tem o bastante; fala demais por não ter nada a dizer”. O que Renato Russo levantou na antológica Índios continua sendo a mola-mestra do mundo. Especialmente no capitalismo. As Pequenas Raposas, em cartaz no CCBB (veja horários no Roteiro), aborda o mesmo velho tema.

Velho, mas, conforme lembra o diretor Naum Alves de Souza, “incomodamente atual”. Assim é que o texto original de Lillian Hellman, sucesso no cinema (com Bette Davis), nos palcos da glamourosa Broadway e daí pelo mundo afora, aterrissa nesta montagem brasileira.

Não se espere uma sessão de entretenimento. Caudaloso, o texto de As Pequenas Raposas traz embutido o compromisso de incomodar. Natural. Dinheiro é tão bom como contagioso e indigesto, a partir do momento em que a lei passa a ser a do “acaba com teu próximo antes que ele te prejudique”. Em curto, médio e longo prazos, deteriora as melhores relações – e isso pode começar na família.

Longo, o espetáculo tem o peso de um clássico. Só não naufraga na densidade por conta da primorosa direção e, claro, das estrelas de primeira grandeza que o compõem. Apesar de terem sido mantidos os nomes próprios do original americano, o recado é enxuto: o capitalismo está globalizado, portanto, mantém as mesmas características (de) formadoras tanto em Chicago quanto em Anápolis.

Do original, ainda a destacar, o espetáculo tem outra característica de requinte: o vigor malévolo que Bette Davis certamente aprovaria na interpretação de Beatriz Segall (malvada forever). O que fica é a constatação do óbvio: como os mesquinhos Hubbards da história, que atropelam qualquer ética quando existe grana na jogada, há milhares espalhados pelo globo. Bush filho é um dos que torceriam o nariz.

    Você também pode gostar

    Segue-me e atropela o próximo, ou te devorarei

    Arquivo Geral

    06/01/2005 0h00

    “Quem me dera, ao menos uma vez, saber que quem tem mais do que precisa ter quase sempre se convence que não tem o bastante; fala demais por não ter nada a dizer”. O que Renato Russo levantou na antológica Índios continua sendo a mola-mestra do mundo. Especialmente no capitalismo. As Pequenas Raposas, em cartaz no CCBB (veja horários no Roteiro), aborda o mesmo velho tema.

    Velho, mas, conforme lembra o diretor Naum Alves de Souza, “incomodamente atual”. Assim é que o texto original de Lillian Hellman, sucesso no cinema (com Bette Davis), nos palcos da glamourosa Broadway e daí pelo mundo afora, aterrissa nesta montagem brasileira.

    Não se espere uma sessão de entretenimento. Caudaloso, o texto de As Pequenas Raposas traz embutido o compromisso de incomodar. Natural. Dinheiro é tão bom como contagioso e indigesto, a partir do momento em que a lei passa a ser a do “acaba com teu próximo antes que ele te prejudique”. Em curto, médio e longo prazos, deteriora as melhores relações – e isso pode começar na família.

    Longo, o espetáculo tem o peso de um clássico. Só não naufraga na densidade por conta da primorosa direção e, claro, das estrelas de primeira grandeza que o compõem. Apesar de terem sido mantidos os nomes próprios do original americano, o recado é enxuto: o capitalismo está globalizado, portanto, mantém as mesmas características (de) formadoras tanto em Chicago quanto em Anápolis.

    Do original, ainda a destacar, o espetáculo tem outra característica de requinte: o vigor malévolo que Bette Davis certamente aprovaria na interpretação de Beatriz Segall (malvada forever). O que fica é a constatação do óbvio: como os mesquinhos Hubbards da história, que atropelam qualquer ética quando existe grana na jogada, há milhares espalhados pelo globo. Bush filho é um dos que torceriam o nariz.

      Você também pode gostar

      Assine nossa newsletter e
      mantenha-se bem informado