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Saudades do Poetinha

Arquivo Geral

15/02/2005 0h00

No ano em que comemora 40 anos de carreira a cantora baiana Maria Bethânia revira seu baú afetivo e revisita o manancial de composições do Poetinha, Vinícius de Moraes, em seu mais novo disco, Que Falta Você me Faz. A data coincide (garante a intérprete) com a época em que a cantora conheceu o próprio parceiro de Tom Jobim, que deu o empurrãozinho necessário para a jovem Bethânia alçar seus mais altos vôos pelo universo da música popular – êxito alcançado, também, pela invasão baiana dos parceiros tropicalistas Gil, Gal e Caetano, no Rio de Janeiro dos anos 60.

Em entrevista on-line, ontem, Bethânia celebrou o terceiro disco de seu selo Quitanda (distribuído pela Biscoito Fino) e lançou a sua turnê nacional, intitulada Tempo, Tempo, Tempo, Tempo – ela coloca o pé na estrada no dia 24 deste mês. Intérprete de voz vigorosa, Bethânia guarda grandes lembranças do tutor carioca e tenta expressá-las na difícil tarefa de resumir o cancioneiro de Vinícius em 15 faixas de um CD. Em entusiasmada observação, Bethânia relatou: “Foi complicadíssimo, como se pode imaginar. Uma obra tão vasta e tão linda. Eu cheguei a ter 250 canções consideradas imprescindíveis. E aí fui chegando, descobrindo, sob meu ponto de vista, os vários Vinicius que eu conheci. O garoto namorador, o poeta extraordinário com sua dor, o homem preocupado com o seu povo, achando beleza onde não se esperava que alguém visse, o homem generoso, pedindo a bênção, se dizendo de maneira extraordinária o branco mais preto do Brasil”.

A seleção foi minuciosa, e levou em consideração especialmente o aspecto teatral de cada canção, segundo definiu Bethânia. “Eu escolhi um repertório que tivesse alguma coisa de dramaturgia. Exatamente porque sou mais intérprete do que cantora. Fui me guiando pela minha natureza de cantora, eu não me modifiquei para cantar Vinicius, não faria sentido. Pois, afinal, foi esta cantora que sou que ele abraçou no primeiro dia em que me viu cantar”. No álbum, Bethânia é acompanhada pela talentosa prole deixada pelos parceiros de Vinícius, Jobim e Baden Powell.

Para reconstruir as memoráveis Lamento no Morro, Modinha, A Felicidade, Eu Não Existo Sem Você, e outras, Bethânia conta com o apoio de Daniel e Marcel Jobim e Phillippe Baden. O repertório inclui ainda parcerias de Vinícius com Toquinho (Tarde em Itapoã), Carlos Lyra (Minha Namorada) e Adoniran Barbosa (Bom Dia, Tristeza). Que Falta Você Me Faz não é, precisamente, um álbum de Maria Bethânia. Ela, sim, merece o crédito pela grandeza do conteúdo. Contudo, o que fica é a alma do discurso amoroso, doloroso e bucólico de Vinícius, a prosa, o verso e a melodia, reconstituído por uma das maiores autoridades no assunto, a própria tropicalista simples, porém, brilhante, Bethânia.

É ainda uma jornada pela intimidade de Vinícius, a saber pela inusitada inserção de Nature Boy, do americano Eden Ahbez – clássico na voz de Nat King Cole e com bela versão de Caetano Veloso gravada por Nei Matogrosso, nos anos 80 –, ao final do disco. “É porque era a música que Vinicius cantava, sempre antes de dormir. Quando ele ia embora, quando encerrava um trabalho, uma reunião, e a filha dele, Suzana, me disse que ela era ninada por ele com essa canção”, justificou.

A relação musical de Bethânia com Vinícius foi de amor à primeira vista. Tudo começou no instante em que fora apresentada a ele: “Demos uma grande gargalhada juntos… Quando o vi, era como se fosse meu irmão mais velho, meu mestre”, declarou apaixonadamente. “Não sei, mas pelo que vivi com ele enquanto estava neste ciclo, acho que ele gostou de mim, cuidou de mim a vida toda… meu velho amigo”, considerou.

No show que Bethânia leva a cinco capitais (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Curitiba e Porto Alegre), o repertório não será todo centrado no novo álbum, mas terá dignas homenagens ao Poetinha. “Vou recitar alguns trechos de Vinicius, alguma coisa de prosa. E também, haverá muita coisa inédita de material que foi escrito exclusivamente para mim”, antecipou. Após o lançamento do selo Quitanda, Bethânia engatou três discos em apenas dois anos.

O próximo trabalho, portanto, já ocupa espaço em sua mente inquieta. “Logo que eu puder, lançarei um disco de inéditas”, ressaltou a cantora. Material é o que não falta. Do fim do ano passado para cá, ela coleciona um pequeno acervo de canções inéditas. “Ganhei uma linda música da Zélia (Duncan), mas eu preciso que ela me ensine a cantar a música.

No meu show comemorativo tenho inúmeras inéditas, como uma do Totonho Villeroy, que fez um lindo samba para homenagear a obra de Vinicius. Também tenho uma do Almir Sater, chamada Planícies de Prata”, revelou Maria Bethânia ao Jornal de Brasília.

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    Saudades do Poetinha

    Arquivo Geral

    15/02/2005 0h00

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    Em entrevista on-line, ontem, Bethânia celebrou o terceiro disco de seu selo Quitanda (distribuído pela Biscoito Fino) e lançou a sua turnê nacional, intitulada Tempo, Tempo, Tempo, Tempo – ela coloca o pé na estrada no dia 24 deste mês. Intérprete de voz vigorosa, Bethânia guarda grandes lembranças do tutor carioca e tenta expressá-las na difícil tarefa de resumir o cancioneiro de Vinícius em 15 faixas de um CD. Em entusiasmada observação, Bethânia relatou: “Foi complicadíssimo, como se pode imaginar. Uma obra tão vasta e tão linda. Eu cheguei a ter 250 canções consideradas imprescindíveis. E aí fui chegando, descobrindo, sob meu ponto de vista, os vários Vinicius que eu conheci. O garoto namorador, o poeta extraordinário com sua dor, o homem preocupado com o seu povo, achando beleza onde não se esperava que alguém visse, o homem generoso, pedindo a bênção, se dizendo de maneira extraordinária o branco mais preto do Brasil”.

    A seleção foi minuciosa, e levou em consideração especialmente o aspecto teatral de cada canção, segundo definiu Bethânia. “Eu escolhi um repertório que tivesse alguma coisa de dramaturgia. Exatamente porque sou mais intérprete do que cantora. Fui me guiando pela minha natureza de cantora, eu não me modifiquei para cantar Vinicius, não faria sentido. Pois, afinal, foi esta cantora que sou que ele abraçou no primeiro dia em que me viu cantar”. No álbum, Bethânia é acompanhada pela talentosa prole deixada pelos parceiros de Vinícius, Jobim e Baden Powell.

    Para reconstruir as memoráveis Lamento no Morro, Modinha, A Felicidade, Eu Não Existo Sem Você, e outras, Bethânia conta com o apoio de Daniel e Marcel Jobim e Phillippe Baden. O repertório inclui ainda parcerias de Vinícius com Toquinho (Tarde em Itapoã), Carlos Lyra (Minha Namorada) e Adoniran Barbosa (Bom Dia, Tristeza). Que Falta Você Me Faz não é, precisamente, um álbum de Maria Bethânia. Ela, sim, merece o crédito pela grandeza do conteúdo. Contudo, o que fica é a alma do discurso amoroso, doloroso e bucólico de Vinícius, a prosa, o verso e a melodia, reconstituído por uma das maiores autoridades no assunto, a própria tropicalista simples, porém, brilhante, Bethânia.

    É ainda uma jornada pela intimidade de Vinícius, a saber pela inusitada inserção de Nature Boy, do americano Eden Ahbez – clássico na voz de Nat King Cole e com bela versão de Caetano Veloso gravada por Nei Matogrosso, nos anos 80 –, ao final do disco. “É porque era a música que Vinicius cantava, sempre antes de dormir. Quando ele ia embora, quando encerrava um trabalho, uma reunião, e a filha dele, Suzana, me disse que ela era ninada por ele com essa canção”, justificou.

    A relação musical de Bethânia com Vinícius foi de amor à primeira vista. Tudo começou no instante em que fora apresentada a ele: “Demos uma grande gargalhada juntos… Quando o vi, era como se fosse meu irmão mais velho, meu mestre”, declarou apaixonadamente. “Não sei, mas pelo que vivi com ele enquanto estava neste ciclo, acho que ele gostou de mim, cuidou de mim a vida toda… meu velho amigo”, considerou.

    No show que Bethânia leva a cinco capitais (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Curitiba e Porto Alegre), o repertório não será todo centrado no novo álbum, mas terá dignas homenagens ao Poetinha. “Vou recitar alguns trechos de Vinicius, alguma coisa de prosa. E também, haverá muita coisa inédita de material que foi escrito exclusivamente para mim”, antecipou. Após o lançamento do selo Quitanda, Bethânia engatou três discos em apenas dois anos.

    O próximo trabalho, portanto, já ocupa espaço em sua mente inquieta. “Logo que eu puder, lançarei um disco de inéditas”, ressaltou a cantora. Material é o que não falta. Do fim do ano passado para cá, ela coleciona um pequeno acervo de canções inéditas. “Ganhei uma linda música da Zélia (Duncan), mas eu preciso que ela me ensine a cantar a música.

    No meu show comemorativo tenho inúmeras inéditas, como uma do Totonho Villeroy, que fez um lindo samba para homenagear a obra de Vinicius. Também tenho uma do Almir Sater, chamada Planícies de Prata”, revelou Maria Bethânia ao Jornal de Brasília.

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      Saudades do poetinha

      Arquivo Geral

      18/10/2003 0h00

      Se estivesse vivo, o poeta Vinícius de Moraes completaria 90 anos amanhã. A data, apesar de não ser o centenário, está sendo celebrada por todo o meio literário desde o início do ano. A Editora Cia. das Letras lançou uma coleção com a reedição de várias obras dele, num novo projeto gráfico. Três já podem ser encontradas nas livrarias: O Livro de Sonetos, As Coisas do Alto – Poemas de Formação e Querido Poeta, obra que reúne correspondências que Vinícius trocou com várias pessoas.

      Vinícius: Arquivinho do Poeta, organizado por Lélia Coelho Frota, saiu pela Editora Bem-te-vi e traz fac-símiles de poemas manuscritos, cartas, fotografias, textos, retratos, bilhetes, pinturas, letras de músicas e desenhos.

      O Mergulhador, da Argumento, é uma reedição de um livro feito em 1968 unindo poemas de Vinícius às fotos do seu filho Pedro.

      Além de reunirem suas melhores obras, essas publicações têm por objetivo mostrar um pouco da intimidade do poeta, que morreu em 1980.

      Vinícius é, na verdade, Vinitius, com t. Seu pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, era um apaixonado pelo Latim e decidiu dar ao filho este nome. Ou seja, sua trajetória com as letras começou desde cedo.

      Vinícius escreveu seu primeiro poema de amor aos 9 anos. Com essa idade, ele estava apaixonado por uma colega de escola. Desde essa época, o amor sempre foi sua inspiração.

      Ele teve nove mulheres: Tati (com quem teve Susana e Pedro), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli (mãe de Georgina e Luciana), Maria Lúcia Proença, Nelita, Cristina Gurjão (mãe de Maria), a baiana Gesse Gessy, a argentina Marta Ibañez e, por último, Gilda Mattoso.

      Mas, dentre todas essas e a outras não-oficiais, Maria Lúcia Proença foi seu maior amor. Foi nela que ele se inspirou para escrever Para Viver Um Grande Amor. Tati, a única com quem casou no civil, é a inspiradora dos famosos versos Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja imortal enquanto dure. Minha Namorada, uma das canções de maior sucesso, teve como inspiração Nelita, que era 30 anos mais jovem que ele.

      O trabalho com Tom Jobim começou quando Vinícius o convidou para musicar a peça Orfeu da Conceição. Desta parceria, surgiriam músicas símbolos da bossa nova como Chega de Saudade e Garota de Ipanema, feita para Helô Pinheiro, então uma garotinha de 15 anos que passava sempre pelo bar onde os dois costumavam beber.

      Outra parceria de sucesso foi com o músico Toquinho. Eles se conheceram no segundo semestre de 1969 e foi Toquinho quem socorreu o amigo, na manhã do dia 9 de julho de 1980. Na noite anterior, acertando detalhes das canções do LP Arca de Noé com Toquinho, Vinícius, cansado, disse que iria tomar um banho. Toquinho foi dormir. Pela manhã, foi acordado pela empregada que encontrara Vinícius na banheira com dificuldades para respirar. Toquinho correu para o banheiro, seguido de Gilda, mulher de Vinícius na época. Não houve tempo para socorrê-lo.

      No enterro, abraçada a Elis Regina, Gilda lembrava da noite anterior, quando em uma entrevista, perguntaram ao poeta: “Você está com medo da morte?”. E Vinícius respondeu: “Não, meu filho. Eu não estou com medo da morte. Estou é com saudades da vida”.

      O portal Memória Viva, especializado em biografias de grandes nomes da cultura brasileira, lança hoje um site em homenagem a Vinicius de Moraes. Além da biografia do poeta, o site traz mais de 50 poemas e 20 músicas de sua autoria. Mas, o melhor são os 11 áudios com a voz de Vinicius recitando alguns de seus poemas.

      Quem gostar não só de ler, mas também de ouvir suas obras, pode encontrar em livrarias o CD Vinícius de Moraes por Odete Lara, da gravadora Luz da Cidade.

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        18/10/2003 0h00

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        Vinícius: Arquivinho do Poeta, organizado por Lélia Coelho Frota, saiu pela Editora Bem-te-vi e traz fac-símiles de poemas manuscritos, cartas, fotografias, textos, retratos, bilhetes, pinturas, letras de músicas e desenhos.

        O Mergulhador, da Argumento, é uma reedição de um livro feito em 1968 unindo poemas de Vinícius às fotos do seu filho Pedro.

        Além de reunirem suas melhores obras, essas publicações têm por objetivo mostrar um pouco da intimidade do poeta, que morreu em 1980.

        Vinícius é, na verdade, Vinitius, com t. Seu pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, era um apaixonado pelo Latim e decidiu dar ao filho este nome. Ou seja, sua trajetória com as letras começou desde cedo.

        Vinícius escreveu seu primeiro poema de amor aos 9 anos. Com essa idade, ele estava apaixonado por uma colega de escola. Desde essa época, o amor sempre foi sua inspiração.

        Ele teve nove mulheres: Tati (com quem teve Susana e Pedro), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli (mãe de Georgina e Luciana), Maria Lúcia Proença, Nelita, Cristina Gurjão (mãe de Maria), a baiana Gesse Gessy, a argentina Marta Ibañez e, por último, Gilda Mattoso.

        Mas, dentre todas essas e a outras não-oficiais, Maria Lúcia Proença foi seu maior amor. Foi nela que ele se inspirou para escrever Para Viver Um Grande Amor. Tati, a única com quem casou no civil, é a inspiradora dos famosos versos Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja imortal enquanto dure. Minha Namorada, uma das canções de maior sucesso, teve como inspiração Nelita, que era 30 anos mais jovem que ele.

        O trabalho com Tom Jobim começou quando Vinícius o convidou para musicar a peça Orfeu da Conceição. Desta parceria, surgiriam músicas símbolos da bossa nova como Chega de Saudade e Garota de Ipanema, feita para Helô Pinheiro, então uma garotinha de 15 anos que passava sempre pelo bar onde os dois costumavam beber.

        Outra parceria de sucesso foi com o músico Toquinho. Eles se conheceram no segundo semestre de 1969 e foi Toquinho quem socorreu o amigo, na manhã do dia 9 de julho de 1980. Na noite anterior, acertando detalhes das canções do LP Arca de Noé com Toquinho, Vinícius, cansado, disse que iria tomar um banho. Toquinho foi dormir. Pela manhã, foi acordado pela empregada que encontrara Vinícius na banheira com dificuldades para respirar. Toquinho correu para o banheiro, seguido de Gilda, mulher de Vinícius na época. Não houve tempo para socorrê-lo.

        No enterro, abraçada a Elis Regina, Gilda lembrava da noite anterior, quando em uma entrevista, perguntaram ao poeta: “Você está com medo da morte?”. E Vinícius respondeu: “Não, meu filho. Eu não estou com medo da morte. Estou é com saudades da vida”.

        O portal Memória Viva, especializado em biografias de grandes nomes da cultura brasileira, lança hoje um site em homenagem a Vinicius de Moraes. Além da biografia do poeta, o site traz mais de 50 poemas e 20 músicas de sua autoria. Mas, o melhor são os 11 áudios com a voz de Vinicius recitando alguns de seus poemas.

        Quem gostar não só de ler, mas também de ouvir suas obras, pode encontrar em livrarias o CD Vinícius de Moraes por Odete Lara, da gravadora Luz da Cidade.

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