O cineasta Vladimir Carvalho retratou bem o que foram os conturbados dias de 1968 na recém-criada Brasília no seu filme Barra 68 – Sem Perder a Ternura. No entanto, os anos de chumbo alcançaram todo o País à época. De uma outra perspectiva, o olhar clínico do documentarista brasileiro nascido em Londres André Ristum encontra rescaldos dessa época no interior de São Paulo, na cidade de Ribeirão Preto. O resultado aparece em Tempo de Resistência, do militante de esquerda e hoje vereador da Câmara Municipal da cidade Leopoldo Paulino (PSB), cujo filme homônimo será lançado hoje, às 19h, no Espaço Cultural Zumbi dos Palmares, na Câmara dos Deputados.
Desde o comício do presidente João Goulart ao dia da Anistia, Ristum traduz em longa-metragem os reflexos da ditadura militar na cidade paulista narrados no livro. A obra apresenta mais de 30 depoimentos de personalidades da política diretamente envolvidas com a resistência ao período ditatorial.
Embalado por canções de Chico Buarque, Geraldo Vandré e Francis Hime que marcaram o momento, nomes como o do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o comentarista político Franklin Martins e o próprio Paulino abrem o verbo. “Sou filho da geração de 68. Meu caráter, toda minha personalidade foi forjada no movimento estudantil, na luta contra a ditadura”, revela Dirceu.
André Ristum, de 32 anos, mostra no vídeo tudo aquilo que fora despertado por sua imensa curiosidade. Ainda aos quatro anos, filmou seqüências de imagens com uma Super 8. Profissional, trabalhou como assistente de direção do cineasta italiano Bernardo Bertolucci.
