Quase 20 anos depois do jornalista Antonio Callado ter escrito sobre a reforma agrária em seu ensaio Entre o Deus e a Vasilha, o tema continua atual. O assunto é tão polêmico hoje quanto em 1984, quando foi feito o trabalho. Por sua atualidade, o texto, na verdade foi uma encomenda da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) na época para conhecer o que acontecia no Pontal do Paranapa (SP), é lançado pela Editora Nova Fronteira (96 páginas, R$ 19) com ares contemporâneos.
O ensaio se baseia em visitas de Callado ao Pontal do Paranapanema, onde cerca de 400 famílias, de pequenos agricultores que perderam as lavouras durante uma grande enchente, reivindicavam terras ao governo. Nessa época, o Movimento dos Sem-Terra (MST) era embrionário, com apenas um ano de existência. No livro, Callado escreve sobre personagens que exemplificam quem são os sem-terra, brasileiros que sonham com casa e terras, mas que querem acima de tudo sossego para trabalhar. “Existe no Brasil um passe de mágica intelectural que consiste no seguinte: problemas antigos e que continuam sem solução são dados como resolvidos ou passam à categoria de problemas chatos, obsoletos. Arrisca-se, por isso, a um certo ridículo quem fala ainda em reforma agrária no Brasil (…)”, escreveu Callado.