Um crânio dá as boas-vindas aos visitantes da exposição Antes – Histórias da Pré-História, em cartaz a partir de hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Essa primeira peça dá o tom do que virá a seguir: obras de arte, fósseis e diversos objetos que provam a ocupação antiga da América.
Sob curadoria das arqueólogas Niéde Guidon, Anne-Marie Pessis e Gabriela Martin, foram reunidas 263 peças de 14 instituições do Brasil e do mundo – como o Museu de Ciências Naturais de Valência, na Espanha. As peças estão distribuídas por quatro espaços do CCBB, totalizando uma área de 1.100 metros quadrados, recorde no espaço cultural. Além das duas galerias, estão sendo usadas a sala multiuso e uma tenda na área do estacionamento.
“Nosso objetivo com a exposição é acabar com o sentimento de inferioridade que nós, brasileiros, temos sobre a nossa história. Valorizamos tanto o que vem de fora sem sabermos que temos um passado pré-histórico riquíssimo”, explica Niéde Guidon.
Para provar essa riqueza, estarão expostos objetos que comprovam a ocupação das regiões Norte e Nordeste e do litoral brasileiro. “Além disso, reunimos obras de arte valiosíssimas desses povos, como vasos originais da cerâmica marajoara, vindos do Pará”, completa.
A mostra foi dividida em núcleos, de acordo com regiões geográficas. O litoral está representado por esculturas de peixes e fósseis de toda a costa, do Norte ao Sul, até Santa Catarina. O interior trouxe pedaços de pedras de arenito, onde foram desenhadas iconografias de animais. E da Amazônia há cerâmicas e urnas funerárias usadas por antigos povos para guardar os ossos e as cinzas dos antepassados mortos. “Nesse núcleo da Amazônia reconstituímos um ambiente com diversas urnas, de adultos e crianças, conforme foi encontrado no norte do Pará”, exemplifica Niéde Guidon.
Para a curadoria, a maior dificuldade em reunir o acervo foi por conta da distância entre os museus que emprestaram as peças. “Nossas estradas também foram um entrave, por conta da má conservação. Essas peças não podem ficar balançando”, diz Niéde Guidon. Uma das produtoras, Mariana Lanari, revela o valor desse tesouro em exposição no CCBB. “O seguro de tudo que está aqui vale 13 milhões de euros”, afirma. “Mas essas peças não têm valor, não tem dinheiro que pague”, completa a arqueóloga Niéde Guidon.
CriançasAs crianças terão prazer especial em visitar a mostra. O núcleo de megafauna – com esqueletos de tigres dente-de-sabre, cascos de tatus gigantes, garras de diversos animais e até o esqueleto de um dinossauro – farão o público infantil se sentir em um filme de Indiana Jones.
Para completar, ao final eles chegarão a uma tenda branca, montada na área externa, que abriga a réplica, em resina, de um esqueleto de um bicho-preguiça de sete metros de altura. No mesmo local, tanques de areia foram montados para as crianças brincarem de arqueólogas: elas vão escavar sob a supervisão dos monitores, aprender os passos seguidos pelos arqueólogos nas pesquisas de campo e encontrar ossos ou pedaços de objetos pré-históricos.
Apresentada no final do ano passado no Rio de Janeiro, Antes – Histórias da Pré-História foi visitada por 657 mil pessoas e ficou com o terceiro lugar no ranking de visitações no Brasil. Perdeu apenas para a Bienal Internacional de São Paulo (que teve um total de 980 mil visitantes) e para a mostra de Picasso (880 mil).