Os sete pecados capitais são tema central do espetáculo Os Quase Sete, da companhia Mundin Tiatre, que estréia neste final de semana, no palco do Centro Cultural Brasília (CCB). A peça focaliza a situação de seis pessoas que aguardam um ônibus diariamente, no mesmo local. O título da montagem faz referência não só aos pecados capitais, como, principalmente, aos quase sete atores da trupe: Alisson Araújo, Ana Vaz, Ana Luisa Belacosta, Diego Pizarro, Leonardo Shamah e Magno Assis.
A sétima atriz saiu logo no começo da montagem porque ficou grávida e o diretor da peça, Denis Camargo, optou por não substituí-la. “Costumo brincar que na verdade, eu sou o sétimo membro”, aponta. O espetáculo busca inspiração em situações do cotidiano e dramatiza momentos em que os mais profundos sentimentos podem aflorar. Tudo isso, tendo como partida, o encontro de todos em um ponto de ônibus.
Camargo se inspira nas figuras escrachadas do palhaço e do bufão. A história foi baseada em um livro da publicado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em que cada professor escreveu uma tese sobre um pecado capital (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça).
“A peça puxa a platéia para mergulhar no inconsciente humano manifestado nos atores, que acham que estão agindo normalmente”, diz o diretor. “Não tem como fugir da perspectiva religiosa, mas não a criticamos”, afirma Camargo. O cerne é a discussão dos limites da transgressão em uma sociedade baseada em valores cristãos que geram o sentimento de culpa.
O mais interessante, segundo o diretor, é “localizar o indivíduo diante de sua profissão, no meio de transporte que todos usam, que é o ônibus”, salienta. O interesse por alguém na parada, por alguma coisa que a outra pessoa está comendo, por exemplo, são situações que a platéia pode ter vivido e que portanto poderá haver uma identificação.