Quando a jovem escritora francesa Lolita Pille escreveu seu primeiro livro, Hell – Paris 75016, ela não imaginava o sucesso imediato que tanto ela quanto sua obra obteriam. Pois bem, passados exatos três anos de seu début na literatura, ela está de volta com seu segundo romance, Bubble Gum, aqui no Brasil, lançado pela Intrínseca (269 páginas, R$ 27,90).
A acidez com que descreve as personagens continua a mesma. Mas o cenário e as situações são agora as mais diversas. A protagonista e heroína da vez é Manon, uma garota que mora em uma cidade do interior da França, Terminus, com o pai, dono de um bar.
Sua vida se resume a arrumar e servir as mesas, fumar alguns cigarros escondidos do pai quando ele vai dormir e ler revistas de celebridades – tudo o que ela quer é ser famosa. E para isso, faz da sua inocência uma aliada para vencer e ser alguém conhecida. Lolita mesmo diz que esse livro fala sobre “o desejo doentio de celebridade que as pessoas têm”.
Os habitantes da cidade são as que Manon mais abomina. As pessoas, seus hábitos e suas vidinhas medíocres.
Entretanto, Manon não está sozinha nessa história. O rapaz riquinho de Paris, que trabalha com moda e tem todos a seus pés, modelos, agentes, camareiras, enfim, é o outro protagonista.
Mas atenção, pois a narrativa é apresentada em primeira pessoa nos dois casos, tanto quando é Manon que fala, quanto Derek. Este é o oposto completo daquela. Ele tem tudo o que quer e ela não tem nada, sobretudo quando resolve abandonar a cidade onde vive, pega um ônibus e parte para Paris. “Eu saí que nem maluca essa manhã sem olhar para trás. Não preguei olho essa noite. Não trouxe nada comigo. Apenas uma muda de roupa, um livro poeirento, um maço de cigarros e o cartão de Georges numa velha sacola de viagem”.
Georges era um agente de modelos que Manon conheceu na sua cidade, e quem procuraria assim que chegasse em Paris para se tornar modelo.
Lolita tem um cinismo que chega a ser cruel e faz todas suas críticas sem cair nos habituais clichês de quem conta a história de uma garota bela que vendeu sua alma ao diabo, ou em outras palavras, a um bon vivant que a explora em todos os sentidos.
Isso, porque Lolita nasceu em 1982, em uma família rica, estudou Direito e Literatura e cresceu sob a influência da televisão e inúmeras revistas. Essas mesmas revistas para as quais agora Lolita Pille empresta seu bonito rosto para falar mal da sociedade da qual faz parte.