Faltam 11 dias para a Inglaterra adotar o Euro como moeda corrente e aposentar as libras esterlinas, quando Damian, um garoto órfão de mãe e completamente apaixonado pela vida dos santos, vê uma sacola enorme despencar de um trem e cair bem na sua frente. “Cédulas. Pilhas e mais pilhas de cédulas. Milhares e milhares de libras. Talvez milhões”. Ou seja, o garoto pode ter pela frente 11 dias de pura felicidade, viver como um milionário.
Esse é o divertido mote de Caiu do Céu (Millions), o primeiro livro de Frank Cottrell Boyce, já conhecido por escrever roteiros para o cinema (destaque para Bem-Vindo a Sarajevo, Hilary e Jackie e A Festa Nunca Termina).
O livro já conquistou inúmeros fãs em todo o mundo – foi lançado originalmente na Inglaterra e editado também na França, Alemanha, Portugal, Dinamarca, Grécia, Itália, Espanha e Estados Unidos – e chega neste mês no Brasil pela Editora Nova Fronteira (256 páginas, R$ 29).
Ao contrário da ordem que normalmente se estabelece entre literatura e cinema, Caiu do Céu (Millions) nasceu roteiro e somente durante as filmagens foi transformado em livro. A versão para o cinema, assinada por Danny Boyle (diretor de Trainspotting , Cova Rasa e Por Uma Vida Menos Ordinária), já foi lançado na Europa e Estados Unidos e deverá chegar às telas brasileiras somente em fevereiro de 2005.
segredoO garoto Damian, inicialmente, só conta a descoberta para o irmão mais velho, Anthony, que ao contrário dele é incrivelmente calculista e craque em inventar as mais críveis mentiras. Escondendo o segredo do pai, dos amigos e dos professores da escola, os dois fazem de tudo para tentar gastar as 229.370 libras antes que a moeda perca seu valor.
Mas seus esforços só lhes arrumam cada vez mais confusões. E mesmo acreditando na bondade divina, ambos têm acesso a uma notícia que os leva a descobrir que o dinheiro não foi presente dos céus, mas resultado de uma manobra malsucedida, organizada por uma gangue de assaltantes. Além da grande expectativa de gastar a bolada, os dois têm mais essa preocupação: não serem descobertos pelos assaltantes.
A narrativa segue um ritmo impecável, típica do cinema de ação para o qual Frank escreve, divertida e muitas vezes comovente. Frank dá a seus pequenos heróis a oportunidade que todas as crianças – e por que não os adultos ? – sonham em ter: uma pequena fortuna para gastar “quase” como bem entender. O livro relembra o dito popular que diz que dinheiro não compra felicidade. Mas no caso de Damian e seu irmão, pode comprar 1.434 bicicletas, 15.291 jogos de Banco Imobiliário ou 18.816 pizzas.