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MAGO GENEROSO

Arquivo Geral

18/12/2004 0h00

O multiinstrumentista pernambucano Hermeto Pascoal, de longa barba branca e dedos mágicos, encerrou, ontem, o ano letivo do Clube do Choro e prolonga sua estada na cidade para, generosamente, apresentar performance gratuita (em troca de 2 quilos de alimento não-perecível) no Teatro Funarte Plínio Marcos, hoje, onde fecha a programação do projeto Novas Tendências. Hermeto está com um pé na tradição folclórica sulista e mostrará o diálogo com o outro lado do País no disco que começa a trabalhar em janeiro, intitulado Chimarrão com Rapadura.

Munido de sua sanfona preguiçosa (pequeno teclado de sopro com sonoridade próxima a do acordeão), Hermeto improvisa um sarau de ritmos variados ao lado dos afilhados candangos Daniel Santiago, Rogério Caetano, Sandro Araújo e Gabriel Grossi. Para completar o time, só faltou o bandolim de cinco cordas de Hamilton de Holanda, segundo declarou Hermeto. “O Hamilton está todo ocupado, mas, quem sabe ele num aparece de repente amanhã (hoje) para a gente fazer uma festa”, sugere.

O show será imprevisível como foram suas apresentações anteriores no Clube do Choro. “Tudo é possível acontecer. Vou tocando aí vem uma inspiração. Só digo para os músicos se ligarem em mim. Gosto de assustar os meninos”, diz.

Hermeto sobe ao palco acompanhado também de sua nova parceira, a gaúcha Aline Moreno, com quem forma o duo de sanfona e piano que gravará o projeto Chimarrão com Rapadura. Apesar de suas ressalvas quanto ao estilo “quadrado” da música tradicional sulista, os pampas exerceram alguma influência em sua música. “Sempre gostei muito do Borghettinho, para citar um exemplo”, destaca Hermeto em referência a Renato Borghetti, o gênio da gaita-ponto.

Como é da personalidade musical de Hermeto Pascoal, a música gaúcha passou por uma “deformação harmônica”. “Os músicos conservadores sempre têm muito problema comigo. Quando fui para Recife cheguei incendiando, e os mais velhos falavam que era muito moderno e que aquilo não era música brasileira”, conta.

A verdade é que com o passar dos anos (e conseqüentes festivais de música instrumental), as harmonias de Hermeto hoje são célebres e cultuadas ao redor do mundo. “Acabei de voltar de uma turnê internacional e percebo que, cada vez mais, o reconhecimento da música brasileira é maior”, considera. Hermeto foi alvo de um frenesi no Japão recentemente que chegou a lhe assustar. “Não pude andar nas ruas, as japonesas ficavam pegando na minha barriga, gritando o meu nome… Parecia que era o Roberto Carlos”, brinca. Segundo o músico, Tóquio é um dos únicos lugares onde toda a discografia de Hermeto ainda permanece em catálogo. “Quer encontrar meus discos, vá para o Japão”, arremata.

política Hermeto Pascoal nunca se deu bem com uma gravadora. Ele não se limita a prazos se não aqules estipulados por sua própria intuição. “Ganho dinheiro pelo que faço, mas, para mim, a música não é profissão, é devoção”, diz. Questionado sobre a gestão do ministro Gilberto Gil no Ministério da Cultura, Hermeto aconselha: “O ministro precisa reorganizar a música em primeiro lugar. Existe uma preocupação em dar esmola para o músico. Isso é negócio. Não adianta discutir direito autoral, enquanto o que toca na rádio e o que faz dinheiro é música ruim”.

O instrumentista pernambucano defende a criação de um ministério específico para a música. E defende que a função de Gil é extremamente ampla, o que não lhe dá tempo para pensar somente na música. “Conheço Gil desde novinho. É um talento, um grande músico. Ele tem inteligência para fazer isso.”

novas tendências O projeto criado pela Funarte canalizou durante seis dias (de segunda até hoje) manifestações artísticas de dança, artes cênicas e música com enfoque no experimentalismo. Antes da apresentação de Hermeto, sobem ao palco o trio de chorinho Cai Dentro e o compositor Zelito Passos, que lança Compositor – o quinto CD em 25 anos de carreira –, no qual exibe suas poesias cantadas acompanhado do violonista cearense Manassés – líder da trupe de instrumentistas Aroldo Araújo (contrabaixo), Denílson Lopes (bateria e percussão), Ítalo Almeida (piano e acordeão), Cacau (violão), ritmado por sua viola de 12 cordas e o cavaquinho.

serviço

Novas Tendências – Show de Hermeto Pascoal, grupo Cai Dentro e Zelito Passos. Hoje, a partir das 18h, no Teatro Funarte Plínio Marcos (Complexo Cultural Funarte, Eixo Monumental, próximo à Torre de TV). Entrada: 2kg de alimento não-perecível.

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    18/12/2004 0h00

    O multiinstrumentista pernambucano Hermeto Pascoal, de longa barba branca e dedos mágicos, encerrou, ontem, o ano letivo do Clube do Choro e prolonga sua estada na cidade para, generosamente, apresentar performance gratuita (em troca de 2 quilos de alimento não-perecível) no Teatro Funarte Plínio Marcos, hoje, onde fecha a programação do projeto Novas Tendências. Hermeto está com um pé na tradição folclórica sulista e mostrará o diálogo com o outro lado do País no disco que começa a trabalhar em janeiro, intitulado Chimarrão com Rapadura.

    Munido de sua sanfona preguiçosa (pequeno teclado de sopro com sonoridade próxima a do acordeão), Hermeto improvisa um sarau de ritmos variados ao lado dos afilhados candangos Daniel Santiago, Rogério Caetano, Sandro Araújo e Gabriel Grossi. Para completar o time, só faltou o bandolim de cinco cordas de Hamilton de Holanda, segundo declarou Hermeto. “O Hamilton está todo ocupado, mas, quem sabe ele num aparece de repente amanhã (hoje) para a gente fazer uma festa”, sugere.

    O show será imprevisível como foram suas apresentações anteriores no Clube do Choro. “Tudo é possível acontecer. Vou tocando aí vem uma inspiração. Só digo para os músicos se ligarem em mim. Gosto de assustar os meninos”, diz.

    Hermeto sobe ao palco acompanhado também de sua nova parceira, a gaúcha Aline Moreno, com quem forma o duo de sanfona e piano que gravará o projeto Chimarrão com Rapadura. Apesar de suas ressalvas quanto ao estilo “quadrado” da música tradicional sulista, os pampas exerceram alguma influência em sua música. “Sempre gostei muito do Borghettinho, para citar um exemplo”, destaca Hermeto em referência a Renato Borghetti, o gênio da gaita-ponto.

    Como é da personalidade musical de Hermeto Pascoal, a música gaúcha passou por uma “deformação harmônica”. “Os músicos conservadores sempre têm muito problema comigo. Quando fui para Recife cheguei incendiando, e os mais velhos falavam que era muito moderno e que aquilo não era música brasileira”, conta.

    A verdade é que com o passar dos anos (e conseqüentes festivais de música instrumental), as harmonias de Hermeto hoje são célebres e cultuadas ao redor do mundo. “Acabei de voltar de uma turnê internacional e percebo que, cada vez mais, o reconhecimento da música brasileira é maior”, considera. Hermeto foi alvo de um frenesi no Japão recentemente que chegou a lhe assustar. “Não pude andar nas ruas, as japonesas ficavam pegando na minha barriga, gritando o meu nome… Parecia que era o Roberto Carlos”, brinca. Segundo o músico, Tóquio é um dos únicos lugares onde toda a discografia de Hermeto ainda permanece em catálogo. “Quer encontrar meus discos, vá para o Japão”, arremata.

    política Hermeto Pascoal nunca se deu bem com uma gravadora. Ele não se limita a prazos se não aqules estipulados por sua própria intuição. “Ganho dinheiro pelo que faço, mas, para mim, a música não é profissão, é devoção”, diz. Questionado sobre a gestão do ministro Gilberto Gil no Ministério da Cultura, Hermeto aconselha: “O ministro precisa reorganizar a música em primeiro lugar. Existe uma preocupação em dar esmola para o músico. Isso é negócio. Não adianta discutir direito autoral, enquanto o que toca na rádio e o que faz dinheiro é música ruim”.

    O instrumentista pernambucano defende a criação de um ministério específico para a música. E defende que a função de Gil é extremamente ampla, o que não lhe dá tempo para pensar somente na música. “Conheço Gil desde novinho. É um talento, um grande músico. Ele tem inteligência para fazer isso.”

    novas tendências O projeto criado pela Funarte canalizou durante seis dias (de segunda até hoje) manifestações artísticas de dança, artes cênicas e música com enfoque no experimentalismo. Antes da apresentação de Hermeto, sobem ao palco o trio de chorinho Cai Dentro e o compositor Zelito Passos, que lança Compositor – o quinto CD em 25 anos de carreira –, no qual exibe suas poesias cantadas acompanhado do violonista cearense Manassés – líder da trupe de instrumentistas Aroldo Araújo (contrabaixo), Denílson Lopes (bateria e percussão), Ítalo Almeida (piano e acordeão), Cacau (violão), ritmado por sua viola de 12 cordas e o cavaquinho.

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    Novas Tendências – Show de Hermeto Pascoal, grupo Cai Dentro e Zelito Passos. Hoje, a partir das 18h, no Teatro Funarte Plínio Marcos (Complexo Cultural Funarte, Eixo Monumental, próximo à Torre de TV). Entrada: 2kg de alimento não-perecível.

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