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Lula e a Lei Seca

Arquivo Geral

22/05/2003 0h00

Se todo lugar visitado pelo presidente decretar a Lei Seca e proibir a bebida, como ocorreu em Xapuri-AC, é melhor Lula cancelar essas viagens que não levam a lugar algum. Primeiro, o presidente já conhece de cabo a rabo este Brasilzão, pois saiu do lado dos que têm fome e sede para o lado dos que comem e bebem do bom e do melhor. Logo no início do mandato, Luiz Inácio Lula da Silva, este PhD em matéria de Brasil, fez questão de dar umas guaribadas em locais de extrema miséria. Deve ter havido uma festa de arromba nesses lugares por onde ele passou, pois o primeiro presidente operário é também confundido com um pop-star assediado por fãs que se descabelam para pegar autógrafo ou tirar foto com o ídolo. Visita não combina com Lei Seca, ainda mais visita importante, visita de artista, de gente famosa. O fato mais importante de uma cidade do interior é a visita de alguém importante. A visita de Lula a qualquer cidade é um acontecimento, uma festa política e social – com música, cachaça, foguetório, discursos e tudo o mais. É público e notório que Lula gosta de beber, pois ninguém é de ferro – e beber não é pecado. Ao contrário, a bebida é necessária para sabermos quem é quem – é a prova de fogo de uma pessoa. É como diz um provérbio escocês: “Nunca confie num homem que não bebe”. Quem toma umas de vez em quando, dá aos amigos a oportunidade de conhecer sua real personalidade. A verdadeira pessoa é aquela que se revela quando está pra lá de Bagdá. Quando está de fogo, o cidadão acaba fazendo aquilo que quer fazer sóbrio, mas não tem coragem. No dia seguinte, coloca-se a culpa na bebida e pronto. O anfitrião pode até não beber (nem gostar de quem bebe), mas, a bem das relações sociais, não pode deixar de ter uma bebidinha em casa para oferecer às visitas – sejam elas desejadas ou indesejadas. A pior coisa que existe é você chegar numa casa e o dono não oferecer nada para você molhar a garganta – sinal de que é uma visita indesejada, dessas que o anfitrião é capaz de, ao abrir a porta, dizer “Desculpe-me, mas eu estava de saída”. Quem escreve esta crônica é um sujeito que bebeu “Na Sala com Danuza”, uma bíblia das etiquetas e dos bons modos e costumes. Para Danuza “quando não existir um bar em sua casa, você deve ter pelo menos toneladas de humor e possa indicar o caminho do boteco mais próximo das redondezas”. Visita é festa, e festa tem que ter bebida. Festa sem bebida não é festa – é missa ou velório. Aliás, até em certos velórios tem bebida. E na missa tem vinho. Então, por que proibir a bebida justamente num dia tão importante? Afinal, “a penicilina cura os homens, mas é o vinho que os torna felizes” – como disse Alex Fleming, o inventor da penicilina.

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    Lula e a Lei Seca

    Arquivo Geral

    22/05/2003 0h00

    Se todo lugar visitado pelo presidente decretar a Lei Seca e proibir a bebida, como ocorreu em Xapuri-AC, é melhor Lula cancelar essas viagens que não levam a lugar algum. Primeiro, o presidente já conhece de cabo a rabo este Brasilzão, pois saiu do lado dos que têm fome e sede para o lado dos que comem e bebem do bom e do melhor. Logo no início do mandato, Luiz Inácio Lula da Silva, este PhD em matéria de Brasil, fez questão de dar umas guaribadas em locais de extrema miséria. Deve ter havido uma festa de arromba nesses lugares por onde ele passou, pois o primeiro presidente operário é também confundido com um pop-star assediado por fãs que se descabelam para pegar autógrafo ou tirar foto com o ídolo. Visita não combina com Lei Seca, ainda mais visita importante, visita de artista, de gente famosa. O fato mais importante de uma cidade do interior é a visita de alguém importante. A visita de Lula a qualquer cidade é um acontecimento, uma festa política e social – com música, cachaça, foguetório, discursos e tudo o mais. É público e notório que Lula gosta de beber, pois ninguém é de ferro – e beber não é pecado. Ao contrário, a bebida é necessária para sabermos quem é quem – é a prova de fogo de uma pessoa. É como diz um provérbio escocês: “Nunca confie num homem que não bebe”. Quem toma umas de vez em quando, dá aos amigos a oportunidade de conhecer sua real personalidade. A verdadeira pessoa é aquela que se revela quando está pra lá de Bagdá. Quando está de fogo, o cidadão acaba fazendo aquilo que quer fazer sóbrio, mas não tem coragem. No dia seguinte, coloca-se a culpa na bebida e pronto. O anfitrião pode até não beber (nem gostar de quem bebe), mas, a bem das relações sociais, não pode deixar de ter uma bebidinha em casa para oferecer às visitas – sejam elas desejadas ou indesejadas. A pior coisa que existe é você chegar numa casa e o dono não oferecer nada para você molhar a garganta – sinal de que é uma visita indesejada, dessas que o anfitrião é capaz de, ao abrir a porta, dizer “Desculpe-me, mas eu estava de saída”. Quem escreve esta crônica é um sujeito que bebeu “Na Sala com Danuza”, uma bíblia das etiquetas e dos bons modos e costumes. Para Danuza “quando não existir um bar em sua casa, você deve ter pelo menos toneladas de humor e possa indicar o caminho do boteco mais próximo das redondezas”. Visita é festa, e festa tem que ter bebida. Festa sem bebida não é festa – é missa ou velório. Aliás, até em certos velórios tem bebida. E na missa tem vinho. Então, por que proibir a bebida justamente num dia tão importante? Afinal, “a penicilina cura os homens, mas é o vinho que os torna felizes” – como disse Alex Fleming, o inventor da penicilina.

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