O título do novo álbum do compositor carioca, de Niterói, Fred Martins, radicado em Brasília por algum tempo, resume bem a essência de sua música: rara e, ao mesmo tempo, comum. A música de Fred é singular. Às vezes figura como um samba pop inédito – a exemplo das faixas
De Novo, Sem Você e O Samba me Diz –, e noutras moderniza o tempero retrô da MPB dos anos 70. Esse seria o caso de Telefonema (algo meio Sérgio Sampaio) e das faixas que divide com Ney Matogrosso (Raro e Comum) e Zélia Duncan (A Música em Mim). Fred não faz uma mistureba interminável de estilos, apesar de reunir a muitos no mesmo disco. A característica uniforme do álbum é marcada por seu ecletismo, traduzido num estilo próprio de tocar. Fred faz rock sem abrir mão da pegada do samba; e se arrisca na eletrônica sem largar o tom acústico de todo o disco. (Guilherme Lobão)
Tatiana Dauster
A estréia em CD de Tatiana Dauster, que já está na batalha há dez anos, é um balaio pop depretencioso e suingado. A cantora e compositora, que tem uma voz com timbre parecido ao da conterrânea Fernandinha Abreu, é uma franco-atiradora musical. Tanto arrasta sua asa para músicas estilosamente bregas, com bons arranjos e letras, como são o caso das interessantes Para de me Atrapalhar e No, como para bobagens como Desculpe a Demora. Em alguns momentos arrisca até um soul da cepa de Luiz Melodia, como em Um Canal pra Você. Este trabalho desigual sugere, contudo, que a carioquíssima Dauster, cevada na boemia da Gávea, tem potencial para conquistar o mercado e novos fãs. É, com certeza, uma promessa. Resta que ela aponte sua música para uma direção mais orgânica e definida, sem ter que apelar para tantos ritmos e tendências. (R.A.)
Matadores de Velhinha
Se existe alguma exigência para ser cumprida ao extremo nos filmes dos irmãos Joel e Ethan Coen é quanto ao perfeccionismo da trilha sonora. Em E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, eles acertaram na escolha. Desta vez, em Matadores de Velinha – Trilha Sonora Original (Sony Music), os Coen fazem a perfeita escolha ao escalar T Bone Burnett para compilar a trilha. Do início ao fim, são desfilados temas blacks que se revezam entre o negro spiritual arcaico, de Thomas Dorsey e Roy Crain, ao hip hop contemporâneo dos Nappy Roots. A combinação é estranha, porém, deliciosa para os ouvidos. É uma viagem pelo universo da música afro-americana, com direito a momentos introspectivos – nos temas gospel interpretados a capela pelo Soul Stirrers e The Landfordaires – e baladas de R&B e rap dos anos 70 aos 90. (G.L.)
Vinimax
O som novo e original do carioca Vinimax é um pequeno surto de criatividade em meio a uma cena extremamente pasteurizada do rap brasileiro. Nesse primeiro álbum (lançamento , o rapper e dedicado cantor de soul music, apresenta um disco sortido de hip hop, com refrões melódicos e batida inclinada para o pop. É música que pega fácil e que fica na cabeça não pela repetição, mas por uma leveza de versos e harmonias. Vinimax tem lá suas bolas-fora, algumas composições que tendem ao R&B brega. É o caso de Tudo de Bom e Primeiro Lugar. Nas demais, o hip hop do músico é vigoroso. Segue
uma linha roqueira similar à de O Rappa com De Doidera, A Cura e Geração Positiva; mas conhece seus maiores triunfos no âmbito pop: Há Necessidade, Neurótico e Tá Faltando Amor. (G.L.)