Estou sabendo que vou tomar muita pancada, mas isso está aqui, na ponta da língua, e não vou guardar comigo. E sem nenhuma demagogia, pouco me importam as conseqüências e a quem vou agradar ou desagradar. Todas as emissoras de televisão, ao longo desses últimos dias, abriram espaço para as tristes conseqüências da tsunami na Ásia. Estive lá como jornalista, conheço boa parte daquela região, fiz novos e grandes amigos e, como qualquer um, lamento profundamente o que aconteceu. Uma tragédia, com mais de 150 mil mortos, mexe direta ou indiretamente com a vida de todos. Ainda por muito tempo vamos lembrar dessas tristes cenas e chorar suas vítimas. Só que toda vez que acontece qualquer coisa lá fora, as nossas autoridades se alvoroçam, botam suas cabecinhas de fora e não perdem mais uma excelente ocasião de aparecer. Posando de benfeitores da humanidade, se apressam em mandar imediatamente auxílio às vítimas, em especial toneladas e mais toneladas de alimentos e remédios.
Deixando claro que uma coisa não invalida a outra, tal
atitude seria menos hipócrita se o mesmo interesse houvesse em socorrer os mais necessitados do nosso próprio País.
Longe de mim criticar o socorro aos nossos irmãos lá de fora. Ele tem de existir e deve ser incentivado, mas é importante
que essas mesmas autoridades responsáveis olhem um pouco para dentro. Talvez não dê tanto ibope, nem tanta exposição
na mídia, espaço no Jornal Nacional ou mesmo
um número tão considerável assim de votos, mas é bom que saibam que existem muitos brasileiros doentes
e passando fome por aí.