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Gal Costa: da fossa ao baião

Arquivo Geral

17/11/2003 0h00

OTropicalismo acabou. Pelo menos para a musa do movimento revolucionário Gal Costa. Para ela, o que existe é a bossa nova, o samba, o baião. Tudo permanece na música brasileira. A Tropicália, não. “O Tropicalismo acabou, meu filho. Não tem mais. Foi na década de 60 e 70. Agora é outra coisa. Esse negócio de ficar falando de Tropicalismo acabou. Agora é música. É fazer música”, afirma. Depois de se aventurar num disco de bossa nova, na tentativa de se desvencilhar do “carma” da Tropicália, Gal lança Todas as Coisas e Eu, (Indie Records/Som Livre) com um repertório de antigas composições da música brasileira – da fossa de Lupicínio Rodrigues (Nervos de Aço) ao baião do fiel escudeiro de Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira (Kalu). A intérprete baiana acredita que o movimento nascido na Bahia de Bethânia, Gil, Caetano e da própria Gal foi apenas uma brincadeira do destino. “Minha história no Tropicalismo foi um acidente. Foi onde o destino me botou, eu fazia parte daquele grupo naquele momento”, diz a cantora. Acima dos rótulos, Gal se posiciona como intérprete. “Minha essência sempre foi cantar. Meu sonho sempre foi ser cantora”, conta. “Minha história tem então vários aspectos diferentes de minha personalidade. Mas a minha verdadeira essência é cantar, é João Gilberto e aquele canto maravilhoso, é a música, só música”, filosofa. Mais uma vez ela frisa: “A Tropicália foi um movimento de atitude, de comportamento, das roupas, de trazer linguagens novas, os instrumentos elétricos. Para mim, o movimento mais revolucionário, maior e mais fantástico, portanto, foi a bossa nova, de João Gilberto e Tom Jobim”. Gal não quer rótulos, mas é inegável a marca que registrou enquanto cantava entre gritos de protestos Meu Nome é Gal. Apesar da bela voz, a cantora está longe de superar sua performance dos turbulentos anos 70 em Todas as Coisa e Eu. O estilo é diferente. Eclético, o disco faz um bom panorama nostálgico da música brasileira. Portanto, a cantora faz comportadas e pouco inovadoras interpretações de temas que marcaram sua adolescência, na Era do Rádio. O CD começa com pouca empolgação com Sábado em Copacabana (de Dorival Caymmi) e Copacabana (João de Barro e Alberto Ribeiro). Lembra Pra Machucar Meu Coração, de Ary Barroso, e encerra com um entusiasmado pot-pourri dos sambas O Orvalho Vem Caindo, Fita Amarela, Até Amanhã e Palpite Final. No miolo do disco, porém, se arrisca no regionalismo de Humberto Teixeira (Dono dos Teus Olhos e Kalu) e canta a dor-de-cotovelo de Evaldo Gouveia e Jair Amorim (Brigas), Dolores Duran (Fim de Caso) e Oscar Castro Neves (Chora Tua Tristeza).

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    17/11/2003 0h00

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