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Eterna luta contra o preconceito

Arquivo Geral

16/01/2005 0h00

A sociedade brasileira já não é mais a mesma. Ainda bem. Se foram necessários cinco anos entre os clamores populares que fizeram Silvio de Abreu explodir as namoradas Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Silvia Pfeifer), em Torre de Babel, e a torcida pela união de Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli) em Mulheres Apaixonadas, o autor Aguinaldo Silva vai mais longe: mostra o processo para adoção de crianças pelo casal gay Jenifer (Bárbara Borges) e Eleonora (Mylla Christie) em Senhora do Destino. Depois de resolver sem grande estardalhaço os problemas em família, as duas vão enfrentar o preconceito na Justiça. É que um casal hetereossexual vai disputar a adoção de Renato. E vai jogar pesado com elas, que poderão até se separar.

“É o desdobramento natural do caso no país do denuncismo”, diz Aguinaldo Silva. “Na sinopse original, só ia abordar a adoção pelo casal de lésbicas. Tive essa idéia depois. Achei que este seria o desdobramento natural dessa história num País tão adepto do denuncismo como o Brasil. O que o casal faz é denunciar Eleonora porque ela é lésbica e, por causa disso, duvidar de sua capacidade de adotar uma criança. As meninas podem até ter sido aceitas pelas famílias sem maiores traumas, pelo menos traumas não visíveis, mas na rua a história é outra”, avisa o autor Aguinaldo Silva, que conta com o apoio de advogados, pesquisadores e com o grupo gay Arco-Íris para ajudá-lo a dar veracidade à trama.

Barra-pesadaE dificuldades não vão faltar ao casal. Apesar de não ter se inspirado em nenhum caso conhecido para escrever a história, ele lembra da tragédia do jornalista Antônio Chrystosomo, acusado de pedofilia (veja quadro ao lado). Na novela, no entanto, Aguinaldo decidiu não ir tão a fundo para tratar do tema. “Seria barra-pesada de mais”, pondera o autor.

Mas isso não significa que Jenifer e Eleonora vão conseguir as coisas facilmente. “Elas vão enfrentar muitas dificuldades. Não descarto nem mesmo a possibilidade de separação. Se, quando o casal é heterossexual, uma separação desestabiliza a vida dos filhos, ainda mais se eles forem adotados. Imagine nesse caso…”, ressalta Aguinaldo Silva.

MordazA cada passo, mais polêmica. “As famílias já deram seu apoio às duas, embora divididas. Alguns incondicionalmente, outros com reservas, e outros ainda o fizeram como aquele provérbio: dos males o menor. João Manoel (Heitor Martinez) não dará jamais seu apoio, será sempre um crítico mordaz da relação entre sua irmã e a amiga. A adoção também vai dividir as opiniões nas duas famílias. O importante é que as meninas deixem claro que não vão aceitar interferências em suas vidas”, explica Aguinaldo.

Com base nas pesquisas que fez, o autor descobriu que no Brasil há 200 mil crianças à espera de adoção. “Fico pensando no destino dessas crianças, sendo criadas por aí, em orfanatos, e no que elas poderiam ter se as pessoas fossem menos preconceituosas. A pergunta básica, que eu fiz no começo da novela para justificar essa trama, continua de pé: o que é melhor para uma criança, ser abandonada na rua ou ser criada num lar onde existem duas mães, ou dois pais?”

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    “É o desdobramento natural do caso no país do denuncismo”, diz Aguinaldo Silva. “Na sinopse original, só ia abordar a adoção pelo casal de lésbicas. Tive essa idéia depois. Achei que este seria o desdobramento natural dessa história num País tão adepto do denuncismo como o Brasil. O que o casal faz é denunciar Eleonora porque ela é lésbica e, por causa disso, duvidar de sua capacidade de adotar uma criança. As meninas podem até ter sido aceitas pelas famílias sem maiores traumas, pelo menos traumas não visíveis, mas na rua a história é outra”, avisa o autor Aguinaldo Silva, que conta com o apoio de advogados, pesquisadores e com o grupo gay Arco-Íris para ajudá-lo a dar veracidade à trama.

    Barra-pesadaE dificuldades não vão faltar ao casal. Apesar de não ter se inspirado em nenhum caso conhecido para escrever a história, ele lembra da tragédia do jornalista Antônio Chrystosomo, acusado de pedofilia (veja quadro ao lado). Na novela, no entanto, Aguinaldo decidiu não ir tão a fundo para tratar do tema. “Seria barra-pesada de mais”, pondera o autor.

    Mas isso não significa que Jenifer e Eleonora vão conseguir as coisas facilmente. “Elas vão enfrentar muitas dificuldades. Não descarto nem mesmo a possibilidade de separação. Se, quando o casal é heterossexual, uma separação desestabiliza a vida dos filhos, ainda mais se eles forem adotados. Imagine nesse caso…”, ressalta Aguinaldo Silva.

    MordazA cada passo, mais polêmica. “As famílias já deram seu apoio às duas, embora divididas. Alguns incondicionalmente, outros com reservas, e outros ainda o fizeram como aquele provérbio: dos males o menor. João Manoel (Heitor Martinez) não dará jamais seu apoio, será sempre um crítico mordaz da relação entre sua irmã e a amiga. A adoção também vai dividir as opiniões nas duas famílias. O importante é que as meninas deixem claro que não vão aceitar interferências em suas vidas”, explica Aguinaldo.

    Com base nas pesquisas que fez, o autor descobriu que no Brasil há 200 mil crianças à espera de adoção. “Fico pensando no destino dessas crianças, sendo criadas por aí, em orfanatos, e no que elas poderiam ter se as pessoas fossem menos preconceituosas. A pergunta básica, que eu fiz no começo da novela para justificar essa trama, continua de pé: o que é melhor para uma criança, ser abandonada na rua ou ser criada num lar onde existem duas mães, ou dois pais?”

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