As irmãs paraibanas deficientes visuais desde que nasceream – Regina, Francisca da Conceição e Maria Barbosa –, conhecidas como As Ceguinhas de Campina Grande e o grupo Mawaka – que pesquisa e recria a música das mais diversificadas etnias – são as atrações de hoje do Projeto Encantadeiras, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em duas sessões: de graça, às 13h e a R$ 15 (inteira), às 21h.
As Ceguinhas de Campina Grande passaram a infância e a juventude cantando em feiras, na Paraíba e no interior de outros estados do Nordeste. As três foram tema de um longa-metragem lançado no último dia 23, aqui em Brasília, na Academia de Tênis. O filme foi produzido pela TV Zero e tem o título de Ceguinhas de Campina Grande – A Pessoa é para o que nasce. Elas também gravaram uma participação na novela América, que foi ao ar no dia 13 . Por causa do lançamento do filme, elas estão agendando entrevistas para o Jô Soares, Faustão, entre outros programas de televisão.
Regina Barbosa, a Poroca de 64 anos, Maria Barbosa, a Maroca de 60 anos e Francisca da Conceição Barbosa, a Indaiá de 54 anos tocam ganzás e são intérpretes de um dos ritmos mais tradicionais da cultura popular nordestina, o coco de embolada. O jeito como elas cantam e preservam a tradição é revestido por um aspecto religioso profundo. Ao som dos instrumentos e das vozes rachadas, as três irmãs de Campina Grande emocionam o público. O repertorio inclui vários ritmos nordestinos e canções, mas a especialidade é mesmo o Coco de Embolada
Xamãs Mawaca é um grupo que busca conexões com a música brasileira. Formado por seis cantoras que interpretam canções em mais de dez línguas e um grupo instrumental acústico que apresenta uma multiplicidade de timbres, o Mawaca revela, já no nome, a essência do trabalho. Segundo a etnia Hausa, da Nigéria, os mawaka são cantores xamãs que recorrem ao poder mágico da palavra cantada para atrair as divindades.
Em japonês, uma das interpretações para o ideograma significa canto sagrado. A interpretação brasileira abrange todos os significados encontrados pelo mundo afora: vozes e timbres que recriam temas ancestrais, exercendo naturalmente a função de contar estórias musicais, criando as mais diversas conexões. Por meio da performance musical multicultural, o Mawaca revela o elemento alquímico responsável por aquilo que torna uma canção arcaica extremamente atraente aos ouvidos contemporâneos.
Homenagem Idealizada pela produtora carioca Lu Araújo, que também assina a Direção Artística, a série de shows Encantadeiras é um projeto homenagem às mulheres brasileiras que através de seus cantos de trabalho, mesmo dentro de vários contextos, promovem a paz. Esta série inédita reúne pessoas comuns, vindas de diferentes regiões e culturas do Brasil, aparentemente de limites tão opostos, que sua reunião não se justificaria, a não ser por intermédio da fraternidade suprema da Arte.
No palco, trabalhadoras rurais, rezadeiras, artesãs, cantoras de feira se juntam a quatro profissionais da música para mostrar ao público de que forma seus cantos de pedintes, acalantos, louvores e protestos são executados, muitas vezes solitariamente.
Serviço
Encantadeiras – Apresentação do grupo Mawaca e das Cequinhas de Campina Grande. Hoje, às 13h (com entrada franca) e às 21h (interia a R$ 15 e meia, a R$ 7,50). No Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB, Setor de Clubes Sul, próximo ao Clube de Golfe, acesso pela Ponte JK). Mais informações pelo telefone 310-7087.