Se não está no lugar errado na hora errada, o detetive John McClane sempre dá um jeito de permanecer em encrencas, especialmente fora de sua jurisprudência. À exceção do terceiro filme da série inspirada nas aventuras do personagem criado por Roderick Thorp, os filmes da franquia Duro de Matar têm em comum essa “maldita” sina de McLane em cair de pára-quedas numa conspiração terrorista de proporções “muito além do que ele possa compreender”.
Doze anos depois do então definitivo encerramento da trilogia de ação capitaneada por John McTiernan (o segundo teve direção de Renny Harlin), um terceiro diretor assume a responsabilidade de editar na telona uma quarta história de McLane, Duro de Matar 4.0, que dá seqüência à trilogia de ação responsável por impulsionar definitivamente a carreira Bruce Willis no cinema (antes de era mais conhecido na TV, pela série A Gata e o Rato).
Nos cinemas a partir de hoje, Duro de Matar 4.0 leva direção do jovem Len Wiseman (da franquia Anjos da Noite) e apresenta um McLane mais velho, mais ranzinza, completamente careca e, novamente, no olho de um furacão terrorista. É quase “sem querer querendo”, como diria o Chaves.
A quarta produção da série segue à risca a cartilha Duro de Matar de fazer cinema de ação. Então, é muito fácil o cinéfilo se prevenir sobre o que o espera na sala escura: um herói cambaleante, sujo, esvaindo-se em sangue do início ao fim e com um pente de balas com insaciável fome por fogo. Sim, as balas acabam e McLane dá um jeito de lutar de igual para igual contra a artilharia de um organizadíssimo núcleo criminoso.
O pouco que muda em relação à trilogia original diz respeito ao vilão – aliás, se há alguma mancha no filme, esta atende pelo nome de Thomas Gabriel (Timothy Olyphant), com uma parcela de culpa para o roteirista Mark Bomback. Como particularmente esperava, os EUA superaram num instante o trauma do 11 de Setembro e, com Duro de Matar, miram seu argumento num revoltado ex-agente do FBI que teria alertado sobre a falha de segurança que permitira o ataque às Torres Gêmeas.
Enquanto nos três filmes anteriores as ameaças vinham da Europa e de um fictício país latino-americano, McLane se depara com um compatriota, que troca parte de seu arsenal de fogo pela tecnologia virtual. Quando a capital americana se depara com um trânsito caótico, blecautes de grandes proporções e um falso alarme de antraz na sede do FBI, McLane é escalado, ao fim de seu expediente, a escoltar um jovem hacker de Nova York a Washington.
O argumento é só o que precisa para saber o que se segue. Além de perseguições frenéticas, helicópteros, explosões, tiroteios e manobras espetaculares a bordo de um caminhão, McLane (com pequena ajuda do hacker, vivido por Justin Long), está sempre à frente da operação e é constantemente descreditado pelo vilão. Aliás, ele parece ser o único que não sabe que John McClane é, definitivamente duro de matar.