Uma bailarina, uma televisão e um aparelho de videocassete. É assim Im-Pulso, um dos espetáculos apresentados a partir de hoje pela bailarina Cristina Moura, na terceira semana do projeto Dança Brasil, no Centro Cultural Banco do Brasil.
O solo, que não é bem um solo, se desenvolve entre o “diálogo” de Cristina com o vídeo, que faria o papel da segunda pessoa. Um trabalho inédito sobre a memória do corpo e a memória musical, a proposta de Im-Pulso consiste na criação de uma contracena de Cristina com a atriz, bailarina e cantora norueguesa Liv Hanne Hauguen, presente em cena por meio audiovisual.
A intenção dela é cruzar a linguagem da dança com o trabalho de voz que explora ruídos, canções e a palavra falada, oferecendo uma leitura diferenciada do trabalho coreográfico. Para ajudá-la, a participação especial da cantora Adriana Maciel, no palco. “A idéia desse espetáculo veio do tema do Dança Brasil desse ano, que é a relação entre a dança e a música”, conta Cristina Moura.
Sua formação em dança aconteceu em Brasília. Foi na capital que ela viveu dos seis aos 25 anos, quando foi aluna do balé Norma Lilia. Até hoje, a relação de Cristina com a cidade é especial. “Im-Pulso foi um trabalho de muita pesquisa, muito estudo. Por isso, ele é tão importante para mim. Estreá-lo em Brasília o torna ainda mais significativo”, conta Cristina.
O outro espetáculo da noite será Like an Idiot (Como um idiota), brincadeira de Cristina consigo mesma. Foi com esse trabalho que ela abriu o Festival Internacional da Nova Dança, ocorrido no início do ano, em Brasília.
O espetáculo cruza movimento e palavras, por meio de um texto que questiona sentimentos como vulnerabilidade e desejo em contraponto a instituições formais como religião, família e casamento.
Os dois trabalhos, Im-Pulso e Like an Idiot foram criados na Dinamarca, onde a artista viveu os últimos dois anos. Atualmente, Cristina mora no Rio de Janeiro.