A diretora e atriz Miriam Virna acertou na receita de seu novo espetáculo A Loura e o Detetive, em cartaz no Teatro Goldoni (208/209 Sul) todos os fins de semana deste mês. A produção é simples, certamente de baixo orçamento. O grande trunfo da peça é a criatividade, que dispensa o glamour sem esbarrar na precariedade, e ainda abre mão de mais requintados adereços de cena – que limitam-se a cigarros, sapatos e um grande cubo (que funciona como mesa de bilhar, táxi, mesquita e elevador).
O espetáculo é intrigante e engraçado (poderia ser mais). Vale anotar que os diálogos inspirados no conto O Cara, de Woody Allen, sustentam a ação da peça. A dupla de atores escalada para a montagem conta pontos positivos para o sucesso da temporada de A Loura e o Detetive. Douglas Mendes, como o detetive Kaiser, faz um personagem caricato – um Dick Tracy exagerado, com um quê de Roger Rabbit. Giselle Carméz, por sua vez, é o grande destaque da produção. Munida de um par de sapatos altos, uma peruca loira e uniformizada com uma lingerie femme fatale, interpreta impecavelmente um pirata dono de um bar “pé-sujo”, redesenha uma figura hilária do Papa e se mostra uma das mais versáteis atrizes do atual cenário do teatro candango.