A cada dia que passa, deve ficar mais confusa a cabeça de Isabel, personagem de Carolina Dieckman em Senhora do Destino. Esta semana, finalmente, ela vai se encontrar com a mãe verdadeira, Maria do Carmo (Suzana Vieira), abraçá-la e chamá-la de mãe. O capítulo, previsto para ir ao ar entre hoje e sábado – promete estrondosa audiência.
Não é para menos: quem acompanha a história sabe o quanto a personagem central da novela, Maria do Carmo, anseia por esse encontro. Mas as coisas não foram fáceis e continuam complicadas. De uma hora para outra, o mundo de Isabel desabou e, num primeiro momento, ela experimentou a sensação de que a humanidade inteira trabalhara contra ela.
Há que se compreender tamanho inferno. A história de Isabel já começou torta. Com meses de idade, encarou um êxodo forçado, saindo de uma minúscula cidade no Nordeste com os quatro irmãos e a mãe, que buscava vida melhor para a família recém-abandonada pelo pai.
Quando chegou ao Rio, a pequena Isabel – que fora batizada Lindalva – só viu confusão. Corria o ano de 1968, a polícia perseguia estudantes e prendia todo mundo. Maria do Carmo, que acabara de chegar à “Cidade Maravilhosa”, foi uma das pessoas presas por equívoco.
E, nesse momento, começou o calvário de Lindalva/Isabel. Confiada à guarda de uma estranha, Nazareth (na primeira parte, vivida por Adriana Esteves), a menina foi seqüestrada e assim se passaram muitos anos. Corta a cena.
Rio de Janeiro, alguma época próxima ao ano de 2000. Isabel, bela jovem de 20 e poucos anos, é vivida pela mesma Carolina Dieckman que fez o papel da mãe dela, Maria do Carmo. Esta virou Suzana Vieira. Mas as metamorfoses não param por aí.
Quando parecia que tudo ia bem na vida de Isabel, criada como filha de Nazareth e José Carlos (Tarcísio Meira), uma projeção sobre fotografia antiga levou à mídia a triste história da mãe que teve a filha seqüestrada e nunca mais a viu. Tal como ocorre nas sessões de Linha Direta, todo mundo viu essa reportagem.
Inclusive o atônito José Carlos, que imediatamente reconheceu na fotografia a mulher, Nazareth, a quem ameaçou, com todas as letras, de levar à Justiça. Não teve tempo: Nazareth “abreviou” a vida dele, deixando-o rolar escada abaixo suplicando pelo remédio de coração – que ela não deu, provocando sua morte.
Mas, como diz a velha sabedoria, o mundo é redondo. Devagarzinho, os fatos foram se encaixando e, como o universo costuma conspirar pela justiça, juntando fatos isolados aqui e acolá, Maria do Carmo conseguiu descobrir o paradeiro de sua filha. Aproximou-se aos poucos, ganhou sua confiança e deixou para o tempo certo a revelação.
Quando soube de sua verdadeira história, Isabel pirou. Ficou revoltada ao perceber que a maioria das pessoas queridas que a rodeava já sabia de tudo, mas todos concordaram em só revelar o segredo na hora que o instinto materno de Maria do Carmo sentisse como a mais apropriada. Hoje, todos os pingos estão nos is – mas a história está longe de terminar.
Nos dias atuais, Isabel, grávida de Edgard (Dan Stulbach), não tem mais dúvidas de que Nazareth, a mulher que a criou, é uma criminosa. Seu último gesto de companheirismo para com a falsa mãe foi acompanhá-la a uma clínica psiquiátrica, onde Nazareth, dada como louca, passa os dias e se livra da cadeia.
Pois é, Isabel. Ainda há muita água para rolar. Senhora do Destino, que oficialmente fica no ar até março, tem material para muita encrenca até que a poeira se assente. Pelo jeito, não por acaso a menina tem nome de santa. Ainda vai penar um bocado: Nazareth, como nunca, compõe com o mau-caráter Josivaldo (José de Abreu), o oportunista pai biológico de Isabel, com a meta de arruinar a vida de Maria do Carmo.
E, como em toda história que se preza, o mal não está sozinho. A partir desta semana, Nazareth, na própria clínica, fará parceria com o irmão de Isabel, Reginaldo (Du Moscovis), político corrupto casado com a não menos ambiciosa e perigosa Viviane (Letícia Spiller). Ou seja: é o quarteto da malvadeza contra a turma do bem.
Entre as agruras que ainda estão por chegar, Isabel, quando tiver o bebê, poderá passar pelo mesmo sofrimento que Maria do Carmo viveu: ter a criança seqüestrada. Adivinhe quem deve ser escalado para fazer tal papel? Nazareth, é claro. O dragão da maldade ainda respira e solta fogo. Fazer o quê? Novela, como muitos casos da vida real, precisa de sufoco antes do final feliz.