O ministro da Cultura, Giberto Gil, manifestou, na tarde de quinta-feira seu apoio à 1ª Feira de Música Independente de Brasília (FMI), que propõe aquecer e expandir os negócios de artistas, selos, editoras e gravadoras independentes com foco na distribuição de discos, já que a produção fonográfica não é o estágio mais debilitado da indústria, segundo certificou Gil. “O principal gargalo do mercado está na distribuição”, disse o ministro em reunião, no seu gabinete, com o secretário de Cultura do DF, Pedro Bório; o presidente da Associação Brasileira da Música Independente (ABMI), Pena Schmidt; e o produtor da GRV Discos, Gustavo Vasconcellos.
A FMI ocorre nos dias de 27 a 30 de abril do próximo ano, nos espaços da Secretaria de Cultura do DF. Na ocasião, oferecerá um cardápio de shows, palestras, debates e workshops no sentido de promover intercâmbio de conhecimento e efetivação de contratos entre os profissionais do meio. Em segundo plano, a feira será uma forma de entretenimento para o público candango.
Gilberto Gil é um adepto da música independente, apesar de, como artista, lançar seus álbuns pelo cartaz da major Warner Music. “Sou a favor de todas as iniciativas tomadas no sentido de fortalecer os novos talentos”, afirmou. Segundo o ministro, a feira se torna parte de um movimento nacional crescente, porém, ainda informal. “É uma iniciativa que, se associada a uma série de atividades, remodela o negócio do disco”.
De certa forma, como o próprio Gil sugere, a Feira da Música Independente segue o mesmo caminho do projeto macro difundido no Brasil por ele – e criado por Lawrence Lessing – do Creative Commons, projeto que assegura ao compositor o direito sobre sua obra. “Se contribui para a democratização e a universalização da música, a FMI tem a mesma finalidade do Creative Commons”, ponderou.
pólo cultural A FMI é uma segunda aposta da Secretaria de Cultura com o objetivo de transformar a capital da República num pólo cultural. Com a repercussão positiva do Mercado do Filme Brasileiro – que comercializa títulos nacionais durante o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro –, a feira fonográfica pretende trazer compradores em potencial para a cidade, transformando-a, assim, numa referência nacional ou até internacional de mercado para aquisição das mais recentes produções da música brasileira independente. “Queremos que Brasília deixe de ser filial dela mesma. Queremos criar consumidor de música daqui, aqui”, completou o produtor Gustavo Vasconcellos.
Bório contabiliza que, neste ano, o Fundo da Arte e Cultura (FAC) conseguiu apoiar 69 álbuns produzidos por artistas e bandas brasilienses. “A secretaria virou quase que uma gravadora, e isto é incoerente. O Estado não devia fazer tudo sozinho, daí a necessidade das parcerias”, destaca o secretário. Segundo ele, a feira será referência também para se firmar parcerias e exibir uma vitrine dos produtos nacionais que, até então, têm pouca ou nenhuma visibilidade.
Duas forças que sustentam a realização da feira do outro lado (que não da gestão pública local e Federal) são a gravadora brasiliense GRV, do músico e empresário Gustavo Vasconcellos, e a Associação Brasileira da Música Independente (ABMI), que congrega 90 empresas ligadas à indústria do disco no Brasil. “Este é o trabalho: os compradores localizarem os novos produtos e, assim, inseri-los no mercado mundial. Não depende mais das grandes companhias, e sim, do empresariado local”, discorre o presidente da ABMI, o produtor Pena Schmidt, responsável, nos anos 80, pelos discos de Barão Vermelho, Ultraje à Rigor, Ira!, Titãs, etc.
Nos quatro dias do evento, serão comercializados CDs, livros, softwares, revistas e até contratos para shows. Para os interessados, haverá workshops de captação de áudio, produção executiva, masterização, mixagem e produção musical. Segundo Vasconcellos, o interesse pela FMI é grande, porém, não serão divulgados números de participantes por enquanto. “Posso afirmar que estamos recebendo de 3 a 4 correspondências diárias de gravadoras e gente curiosa pela feira e com desejo de participar”, garantiu o produtor. O empresário esclarece que é uma feira de negócios mas que independe do estágio em que o cidadão se encontre no universo fonográfico.