Há pelo menos dois anos pouco se ouvia falar da banda mineira Berimbrown. Os caras, que fazem “um som black de responsa” (como diria o padrinho do conjunto, Gérson King Combo), lançaram à época o segundo disco, e de maior sucesso até então, Aglomerado, que entrou nas paradas radiofônicas e deixou a luz apagar um pouco. O retorno do Berimbrown neste ano chega forte, com uma batida mais pesada – agora eles utilizam duas baterias, como fazia o vovô da soul music, James Brown – no show de lançamento do primeiro DVD, intitulado Irmandade e que fica pronto somente no próximo mês. A performance ocorre amanhã e domingo no Teatro da Caixa.
Mestre Negoativo – fundador do grupo em 1990, que marcou na música da periferia mineira o estilo único do chamado congopop – aponta as novas referências da música do Berimbrown. “O novo show está muito mais roots. É um pouco mais da cultura negra de Minas, um pouco de Xica da Silva, com uma pitada de reggae”. Segundo Negoativo, o repertório contempla, entre outras canções, a consagrada Fé Cega, Faca Amolada, do mineiro Milton Nascimento. Nos atabaques de terreiro e no berimbau do grupo, a música ganha uma versão em maculelê. O líder da banda defende que Minas, especialmente a periferia de Belo Horizonte, tem uma forte aproximação com o congado e o funk setentista. “O soul acontece com força na periferia. Temos o Baile da Saudade, que todo mês reúne 400 pessoas e rola James Brown a noite inteira”, justifica. “Fazemos música negra sem rebeldia. Essa é a proposta desde o princípio”, define Negoativo.