Desclassificados para o Festival Interno do Colégio Objetivo (Fico) em 1992, a banda Raimundos participa pela primeira vez do festival em sua 29ª edição, que ocorre hoje à noite no Espaço Cultural Bay Park. Dessa vez, o grupo será a principal atração do evento, no qual apresentará músicas não-selecionadas para o Fico, e que viraram sucesso nacional em meados da década de 90, além do repertório do mais recente CD, Kavookavala.
“A gente passou por isso que as bandas estudantis de Brasília estão passando agora”, conta o vocalista Digão. “Quando tentamos participar não fomos nem pré-classificados, saímos na primeira peneirada”, completa.
Ainda um projeto embrionário, o quarteto Raimundos não passava de uma banda de garagem. Eles buscavam êxito na experiência de misturar hard core com forró (vulgo forró core). Na primeira tentativa, em 1992, no Fico, não conseguiram nem apresentar a fórumla. Neste mesmo ano um produtor desavisado resolveu chamar os garotos Digão, Rodolfo, Canisso e Fred para se apresentar e gravar uma fita demo em 1993. O som inusitado chegou aos bastidores da ascendente MTV Brasil. Gravaram o CD Raimundos, em 1994, e hoje são uma das mais reconhecidas bandas de rock surgidas nos anos 90.
Muito se falou sobre o término dos Raimundos. Primeiro com a saída do ex-vocalista Rodolfo Abrantes (hoje líder da banda Rodox) e, em seguida, com a despedida do baixista Canisso, que largou o grupo para tocar junto com Rodolfo. “Esse é um outro recomeço. Muitos vão apreensiva ao show, mas no meio da sprimeira música já estão entregues”, anima-se Digão.
Segundo o vocalista, apesar das mudanças e da banda se resumir hoje num trio – formado por Digão (guitarra e voz), Fred (bateria) e Marquinho (guitarra) – o Raimundos é o mesmo. “Mudou por que agora estou cantando, mas a energia é a mesma”, garante.
Outra forte atração no palco do Fico Brasília será a banda Natiruts. Os integrantes da banda brasiliense de reggae já participaram do festival do Objetivo. “Formei uma banda que não tinha nem nome para tocar em 1990. Fiquei em sexto lugar”, lembra o vocalista Alexandre Carlo.
Saudosista, Alexandre se diz honrado em voltar ao palco do Fico. “É inusitado a gente tocar no festival. É a realização de um sonho daquela época”, diz. Segundo ele, o Fico é um dos poucos projetos de Brasília que incentivam novas bandas. “Além disso movimenta a cidade”, ressalta.
O show do Natiruts não reserva muitas supresas. “É mais do mesmo. Vamos tocar as músicas do Quatro (o álbum novo do grupo) e mesclar com as músicas antigas”, adianta Alexandre.