Vítimas de queimaduras graves ou ferimentos causados por diabetes podem se beneficiar de bandagens “vivas” criadas a partir de células da pele do próprio paciente, de acordo com pesquisadores britânicos.
Chamado de Myskin, o novo tratamento foi desenvolvido por uma equipe da companhia CellTran, de Sheffield, na Inglaterra. A técnica consiste na criação de células saudáveis da pele em laboratório.
As células da pele são normalmente retiradas da coxa, com anestesia local, e então são colocadas em um pequeno disco em laboratório. Esse processo demora de cinco a sete dias.
Em seguida, os discos são aplicados diretamente ao ferimento, ajudando no nascimento de uma nova camada de pele, e a área da aplicação é protegida com bandagens.
Uma vez aplicado, o disco libera as células e ajuda que novas camadas de pele cresçam. O Myskin foi lançado oficialmente em um encontro da Associação Britânica de Queimadura.
Segundo a professora Sheila MacNeil, da Universidade de Sheffield, que ajudou no desenvolvimento do Myskin, a nova tecnologia é mais rápida e mais fácil do que outros métodos. “É uma maneira conveniente de usar as células do próprio paciente para curar as feridas”, diz MacNeil.
Tecnologias similares já foram desenvolvidas antes, mas esta é a primeira vez que as células são colocadas diretamente na ferida do paciente por meio de uma bandagem.
De acordo com Sheila, outros métodos de criação de células em laboratório levam cerca de 12 dias e envolvem processos muito mais complicados. “Esse é, provavelmente, o método mais conveniente, rápido e saudável”, afirma a pesquisadora. Mas ela acrescenta que esse novo método não pode substituir o enxerto de pele como tratamento de primeira linha.
Pacientes que já foram tratados com o Myskin mostraram bons resultados. “Depois de usar o Myskin – além do enxerto de pele –, pacientes com queimaduras graves tiveram boa recuperação”, afirma David Ralston, cirurgião plástico. “Eles também pararam de sentir dor muito rápido, o que é um fator crucial em ferimentos tão graves”, diz.