Sybilla é a caçula numa família de irmãos frustrados. Em comum a todos, o pendor para a música e a proibição de estudá-la pelo pai. Porém, inconformada e convencida pelos mais velhos, ela transgride: larga o meio-oeste norte-americano e o “instigante” futuro como proprietária de motel de beira de estrada.
Tenta, primeiro, a música. Não dá muito certo. Opta, então, pela Inglaterra, e se torna especialista em traduções em Oxford. De letras em letras, termina, por uma única noite, na cama de um escritor bom de vendas, mas de pouco talento estilístico.
Ali engravida e nasce Ludo. Ou David. Ou Stephen: ela nunca se deu ao trabalho de consultar o que a enfermeira escreveu na certidão de nascimento. Independentemente do nome, o menino é um prodígio. Aos quatro anos, domina operações matemáticas, se vira bem em grego e hebraico e é insaciável por novos desafios. Ao mesmo tempo que inspira a mãe, é, para ela, o símbolo de uma vida promissora que ela nunca alcançou.
E é com o pensamento imerso nessa profusão de sentimentos, e preocupada em suprir a figura paterna na vida de Ludo, que Sybilla narra boa parte de O Último Samurai, livro mais recente da norte-americana radicada na Inglaterra Helen Dewitt.
Mas, ousadamente, não é uma narração objetiva, linear, convencional. Sybilla/DeWitt opta por escrever no mesmo ritmo em que pensamos. Ou seja: de forma fragmentada e dispersa. Assim, o livro é recheado de frases bruscamente interrompidas, que podem ou não ser retomadas nas páginas seguintes.
Com isso, é difícil ser indiferente: ou há admiração instantânea pela coragem da escritora ou ódio pelo atrevimento. Mas, para os que não engolem a receita, há um alento: Ludo toma conta da narração na segunda parte.
E o faz para deixar claro que, aos 11 anos, não lhe basta o conhecimento teórico de dezenas de idiomas (exaustivamente demonstrados no livro). Nem o domínio de fórmulas químicas, físicas e matemáticas. Tampouco lhe é suficiente o esforço de Sybilla, repetido diariamente e por anos, em tentar diluir seu pai nos personagens de Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa.
Ludo quer um pai de carne e osso. Quer ter um embate ao vivo. E, por vias tortas, o filme causa um efeito inusitado: serão sete pais. Em cada um ele buscará um fragmento de personalidade. E em todos experimentará a sensação de amadurecimento e desilusão. Comum aos samurais. E que vale a pena ser conhecida na engenho