A cinco dias do fim de Mulheres Apaixonadas – a novela termina sexta-feira –, o autor Manoel Carlos está com a sensação de dever cumprido. Foram oito meses de exaustivo trabalho, criando histórias que beberam muito do realismo para movimentar uma trama que começou com 106 personagens e chegou a quase 400. E se essa for sua última novela, como pretende – ele quer agora se dedicar a minisséries –, Maneco fecha seus 25 anos de novela na Globo por cima: Mulheres Apaixonadas é a novela de maior audiência da emissora atualmente, com 52 pontos de média.
“Estou muito feliz com o resultado. Não apenas pela audiência, mas por uma série de eventos levantados pela novela e que resultaram numa repercussão positiva para diversas causas que conseguimos abraçar. Nem tudo foi conseguido, claro, mas nos esforçamos bastante para que as histórias que a novela se aventurou a contar chegassem à última semana ainda com algum fôlego”, diz Maneco.
Mesmo que para conseguir fôlego novo precise entregar capítulos em cima do laço – há cenas gravadas no dia em que vão ao ar. “Todas as minhas novelas obedecem a esse ritmo lento que eu tenho de escrever, reescrever, mudar na última hora, enviar vários adendos, às vezes com os atores no estúdio gravando. É o meu jeito de escrever novela. E esse trabalho não me consumiu mais do que os outros. Novela é estiva mesmo, só quem faz é que sabe”, comenta o autor.
E para que o interesse do público não esmoreça na reta final, ele faz mistério sobre o desfecho dos principais personagens, como o trio Téo/Helena/César (Tony Ramos/Christiane Torloni/ José Mayer) e a menina Salete (Bruna Marquezine), além dos polêmicos, como Dóris (Regiane Alves), apesar de já ter esboçado o que deseja para cada um deles. O autor também não compra a idéia de que o triângulo amoroso – que para muitos parecia ser o centro da novela e acabou virando só mais uma das tramas – não vingou.
“O que projetei para Téo, Helena e César foi exatamente o que estou realizando. Pode ser que alguns telespectadores desejassem que a novela tivesse aqueles protagonistas clássicos que entram e tomam conta da trama. Minha novela tinha uma proposta diferente e consegui realizá-la como planejei”, afirma Manoel Carlos, que faz questão de complementar: “Na primeira reunião de elenco falei a todos que eles teriam seus dias de protagonistas, de coadjuvantes e de figurantes. E que a novela não teria protagonistas absolutos, aqueles que aparecem em todos os capítulos e conduzem a ação.”
Se Maneco não compactua com a idéia de que “protagonista tem que carregar a novela nas costas e aparecer em todos os capítulos”, não é difícil entender a razão de algumas tramas paralelas terem ganhado tanto destaque. “A importância das tramas paralelas estava prevista desde o início. Acredito que Mulheres tenha sido a novela que mais enfatizou essas tramas”, comenta o autor, que reconhece ter ficado surpreso com a grande repercussão da personagem Fernanda (Vanessa Gerbelli). “A trama dela tomou maiores proporções por conta do interesse que despertou a história da bala perdida.”
Prestes a escrever a última cena da novela, Maneco já o faz com a cabeça em suas longas férias. “Meus planos incluem descansar, passear, me divertir, viajar. Desfrutar merecidas férias. Um próximo trabalho meu, acredito, só para 2005”, diz Maneco, que já prevê mais polêmicas a caminho em novas obras. “Tenho interesse em focar uma família que convive com um aidético dentro de casa.” Que venham as próximas tramas!