Podem falar tudo da Rede Globo, mas nunca que ela não investe em sua programação. Até mesmo o mês de janeiro, considerado “morto” para a maioria das emissoras, passou a receber uma atenção especial. Pode reparar: nesse período, quando suas concorrentes ainda se encontram em férias e despejam reprises em cima de reprises, além dos tristes enlatados de sempre, a Globo circula na contramão
e promove lançamento de minisséries (neste mês, duas: Hoje é Dia de Maria e Mad Maria), abre espaço ao cinema nacional, exibe o bom 24 Horas no lugar do chato Programa do Jô, oferece novo pacote de desenhos para a molecada, e inicia, hoje, a temporada 2005 de Malhação. Como ninguém é perfeito, nos enfia goela abaixo o intragável Big Brother.
Fazer o quê? Mas atrás dessa iniciativa, de “descobrir janeiro”, vem o retorno em audiência. Com exceção das manhãs, onde apanha feio e sempre do SBT, a Globo está sobrando nos demais horários. À noite, é até covardia. Com Senhora do Destino, BBB e Hoje é Dia de Maria, parece até um
monopólio. O curioso em tudo isso é que já faz algum tempo que a emissora carioca exibe novas atrações no começo de
ano. Portanto, não é surpresa para ninguém. O que causa surpresa, na verdade, é o comodismo e a passividade dos outros canais. O SBT, segunda rede do País, limitou-se a colocar em cena, em caráter de novidade, uma edição de 15 minutos do Jornal do SBT – que logo, logo sairá do ar. Record, Bandeirantes e Rede TV! optaram pela estagnação. Entretanto, prometem reagir, entre março e abril, com suas novas programações. Ao telespectador, que não tira férias e espera ver algum conteúdo na televisão no início de temporada, as opções são mesmo limitadas. É Globo ou Globo. Caso contrário, TV a cabo. Não necessariamente nessa ordem. Como foi a Globo que inventou no passado essas férias no começo do ano e sentiu que estava perdendo audiência e dinheiro com isso, fica a expectativa de que as outras redes, quem sabe num futuro não muito distante, também comecem a trabalhar um pouco mais cedo.