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A arte maior de cada um

Arquivo Geral

26/11/2003 0h00

Rompido o hiato de 28 anos desde que fez O Jogo da Vida, Maurice Capovilla voltou à tona no mundo do cinema capitaneando um projeto audacioso, que foi transpor da literatura para a telona Harmada, texto original de João Gilberto Noll. Fê-lo lembrando que o cinema “precisa de mais ação”, e o resultado foi um filme com status de caleidoscópio.

Mas Harmada, que tem no hors-concours Paulo César Pereio um de seus maiores trunfos, pelo menos nesta versão adaptada é história que demora a pegar no tranco. O que não lhe tira o mérito de ser uma sensível abordagem da romântica e instável vida dos artistas mambembes.

É sempre normal que algo soe a falta ou excesso no processo de “migração” de uma obra literária para a linguagem cinematográfica – haja vista, apenas como exemplo não-passível de comparação com Harmada, o pique oscilante do curta O Ovo, baseado em um conto da caudalosa Clarice Lispector.

Pereio é o fio condutor de toda essa trama, até porque compõe o único personagem presente em todos os momentos da história. Corporifica um tipo inesquecível e ao qual o espectador, quanto mais o roteiro avança, vai se sentindo irrecusavelmente afeiçoado.

“O ator nunca chega a se metamorfosear integralmente no personagem”, ensina ele numa das falas. O filme é uma tocante aula de teatro, retomando o fato de que o teatro jamais deixará de ser o mais genuíno portal para a catarse, a interferência no universo de quem o assiste.

Essa aura arrebatadora vai se manifestando no decorrer da história. Faz crescer no espectador o amor pelo que o teatro representa em sua essência, instando à solidariedade em momentos preciosos, como aquele em que o personagem central monta um espetáculo com os moradores de um asilo – extraindo de cada um deles um talento que aflora por sempre ter estado lá, quem sabe escondido há anos. Propõe, enfim, que a arte de cada um tenha o compromisso da livre expressão.

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    Mas Harmada, que tem no hors-concours Paulo César Pereio um de seus maiores trunfos, pelo menos nesta versão adaptada é história que demora a pegar no tranco. O que não lhe tira o mérito de ser uma sensível abordagem da romântica e instável vida dos artistas mambembes.

    É sempre normal que algo soe a falta ou excesso no processo de “migração” de uma obra literária para a linguagem cinematográfica – haja vista, apenas como exemplo não-passível de comparação com Harmada, o pique oscilante do curta O Ovo, baseado em um conto da caudalosa Clarice Lispector.

    Pereio é o fio condutor de toda essa trama, até porque compõe o único personagem presente em todos os momentos da história. Corporifica um tipo inesquecível e ao qual o espectador, quanto mais o roteiro avança, vai se sentindo irrecusavelmente afeiçoado.

    “O ator nunca chega a se metamorfosear integralmente no personagem”, ensina ele numa das falas. O filme é uma tocante aula de teatro, retomando o fato de que o teatro jamais deixará de ser o mais genuíno portal para a catarse, a interferência no universo de quem o assiste.

    Essa aura arrebatadora vai se manifestando no decorrer da história. Faz crescer no espectador o amor pelo que o teatro representa em sua essência, instando à solidariedade em momentos preciosos, como aquele em que o personagem central monta um espetáculo com os moradores de um asilo – extraindo de cada um deles um talento que aflora por sempre ter estado lá, quem sabe escondido há anos. Propõe, enfim, que a arte de cada um tenha o compromisso da livre expressão.

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