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Política & Poder

Vale tudo para tirar dinheiro da Terracap

Arquivo Geral

04/09/2013 7h00

Praça Ibero-americana da Juventude e Fórmula 1 Náutica. Dois eventos que parecem ter pouca coisa em comum, exceto pelo patrocínio da Companhia Imobiliária de Brasília, Terracap. Nas duas realizações, a empresa pública, responsável por licitação de terrenos públicos e outras atividades imobiliárias, gastou quase R$ 2,6 milhões, quantia que faz parte dos mais de R$ 50 milhões investidos pela companhia este ano só em eventos. 

 

A movimentação provocou suspeita e será investigada pelo Tribunal de Contas do DF.

 

Cada vez mais patrocínios

 

Durante todo o ano passado, os gastos da Terracap com eventos foi de R$ 3,1 milhões. O que significa que de 2012 para 2013, foram investidos 17 vezes mais recursos, considerando apenas os sete primeiros meses deste ano.

 

No caso Fórmula Náutica, no Lago Paranoá, gastaram-se R$ 2 milhões,mesmo sem nenhum participante do DF na competição. Já a Praça da Juventude, evento organizado pela Central Única de Favelas (Cufa-DF) que incluiu um campeonato de basquete de rua, recebeu R$ 600 mil da Terracap, sem qualquer explicação.

 

Conforme mostrou ontem o Jornal de Brasília, os patrocínios da Terracap foram colocados sob suspeita pelo TCDF. A representação foi feita pelo Sindser, que representa servidores da Terracap.  

 

Também é alvo da representação a disparidade entre terrenos licitados pela  empresa em  Sobradinho. Os imóveis  foram oferecidos com variação de preços equivalente a 200%.

 

A Secretaria de Comunicação afirmou em nota que os patrocínios são uma “forma de fomentar o desenvolvimento da cidade”.

 

Denúncia: é desvio de função


Para a distrital Celina Leão (PSD), a Terracap passa por um “desvio de função”. A finalidade da empresa teria sido desvirtuada, graças ao uso dos recursos para patrocínio de eventos e  por conta dos gastos com o estádio Mané Garrincha. 

 

“Não faz sentido vender todas as terras para pagar o estádio mais caro do mundo. Também poderia ser feito um programa de grilagem de terras, por exemplo”, sugeriu.

 

Falta controle


O economista José Luiz Pagnussat,  especialista em gestão pública, acredita que existem benefícios com o patrocínio de eventos esportivos e culturais. No entanto, ele adverte que deve haver controle dos gastos, para evitar desvios e aplicações indevidas. “Cem por cento das empresas, públicas ou privadas, investem em atividades que valorizam suas marcas. Mas deve ser julgado o mérito e a contribuição que esse patrocínio pode trazer”, disse.

 

Saiba Mais

 

Após um suposto desfalque com os gastos da construção do estádio Mané Garrincha, a Terracap passou a vender 

terras públicas e a fazer empréstimos para cobrir o rombo.

 

Em março deste ano, dois meses antes da inauguração do estádio, a Terracap tinha R$ 45 milhões em caixa e um passivo de R$ 929 milhões.

 

Servidores denunciaram a situação ao Ministério Público, em uma manifestação.

 

Poucos dias depois do ato, pelo menos 12 funcionários acabaram exonerados.

 

Sindicatos apontam que as demissões teriam sido retaliações da empresa após as denúncias de supostas  irregularidades.

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