Hylda Cavalcanti
A carta que provocou grande confusão interna na CNBB pode ter suscitado preocupação entre a ala mais conservadora e até mais moderada, mas sua repercussão, ao longo do dia de ontem, levou a mais adesões ao seu conteúdo.
No final da tarde, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e o seu bispo auxiliar, Dom Limacêdo Antônio da Silva, divulgaram que pediram para serem também signatários do documento.
Na nota, eles explicam que não fizeram parte da equipe que elaborou a carta, mas que depois de terem lido, autorizaram a inclusão dos seus nomes entre o grupo.
“A nosso ver, trata-se de palavra profética, em momento oportuno, de pastores preocupados com suas comunidades mais pobres e excluídas”, afirmaram.
Sobre a polêmica que tenta conceituar o grupo como de oposição a Bolsonaro, eles ressaltaram que a discussão é bem mais abrangente.
“Não podemos reduzir o pronunciamento a ‘bispos contrários ao presidente e seu governo’”, consideram.
Para eles, “a carta toca, com clareza, em temas que devem ser considerados e aprofundados com a participação mais expressiva de segmentos da sociedade, sobretudo, em tempo de pandemia”, ressaltaram.
Por fim, afirmaram que o documento “propõe um diálogo mais amplo que assegure caminhos de unidade para garantir maior envolvimento e implementação de políticas públicas”.
Os dois bispos, entretanto, contaram que se surpreenderam com o que chamaram de “inesperada publicação”.
Segundo eles, não era para a carta ter se tornado de conhecimento público antes de ser discutida internamente.
“O combinado seria encaminhá-la para a presidência da CNBB, para ser debatida no conselho permanente e divulgada em seguida”.
Mas, apesar de toda a polêmica e da divisão interna, a expectativa, a partir de agora, é que outros bispos sigam o mesmo caminho de Dom Saburido e Dom Limacêdo.