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Política & Poder

Filha de Olavo de Carvalho desiste de denúncia contra advogado dono da casa onde Queiroz foi preso

A denúncia contra Wassef e sua sócia, Solveig Sonnenburg, foi encaminhada à 3ª Vara Criminal de Atibaia na última sexta-feira, 19

Redação Jornal de Brasília

23/06/2020 5h11

O advogado Frederick Wassef, dono da casa onde Fabrício Queiroz foi preso em Atibaia, no interior de São Paulo, está sendo acusado de tentar manipular a função do imóvel como estratégia para ocultar o paradeiro do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e dificultar a entrada dos investigadores no local.

O endereço é atribuído ao escritório ‘Wassef & Sonnenburg Advogados Associados’, mas em nada parece uma unidade profissional. Para os promotores do Ministério Público do Rio, a casa era usada como ‘refúgio’ secreto de Queiroz.

A denúncia contra Wassef e sua sócia, Solveig Sonnenburg, foi encaminhada à 3ª Vara Criminal de Atibaia na última sexta-feira, 19, por iniciativa de Heloísa de Carvalho, filha do astrólogo e ‘guru’ do bolsonarismo Olavo de Carvalho, e de Bruno Maia, candidato a deputado federal pelo PSOL em 2018. Nesta segunda, 22, no entanto, ‘por razões de foro íntimo’ que não foram detalhadas, Heloísa disse não ter mais interesse em prosseguir com a denúncia. O movimento não tem efeito prático, uma vez que o documento já foi encaminhado à Justiça.

De acordo com a denúncia, há indícios de que Wassef tenha associado o endereço ao seu escritório com o objetivo de ‘criar uma falsa inviolabilidade’. Isso porque, pela lei, endereços profissionais da advocacia só podem ser alvo de busca e apreensão quando o próprio advogado é investigado por algum crime.

O documento informa que, segundo vizinhos, a placa presente na entrada da casa é recente. Além isso, sustenta que a sócia do escritório jamais forneceu qualquer endereço em Atibaia nos processos digitais disponíveis para consulta no sistema do Tribunal de Justiça de São Paulo.

A casa pertence ao advogado Frederick Wassef desde 1987. Há pouco mais de três décadas, o imóvel localizado na Rua das Figueiras, número 644, avaliado em 500 mil cruzados, foi comprado pelo então ‘estudante’, segundo consta na escritura lavrada no Cartório de Registro de Imóveis de Atibaia.

O endereço consta como sendo do escritório tanto no registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) quanto no cadastro do CNPJ na Receita Federal. Por isso, representantes da OAB precisaram acompanhar a entrada dos policiais no imóvel na última quinta-feira, 18, para a prisão de Fabrício Queiroz.

Em nota, a OAB/SP informou que ‘chegando ao local, havia placas indicativas de escritório de Advocacia, contudo, nada de relevante em termos de defesa das prerrogativas profissionais foi encontrado’.

Como mostrou o Estadão, Wassef afirmou, em ao menos duas ocasiões no ano passado, desconhecer por onde andava Queiroz. No entanto, mensagens obtidas pela investigação, além da titularidade na propriedade do imóvel, indicam, segundo os promotores, que o advogado seria responsável por articular a rotina de ocultação do paradeiro do ex-assessor.

Sempre veemente na defesa do senador Flávio Bolsonaro, Wassef ‘sumiu’ desde a manhã de quinta-feira, 18, quando Queiroz foi capturado, e só reapareceu no último sábado, 20. Ele, que normalmente é receptivo com a imprensa e não se esquiva de indagações sobre o caso, não atendeu o celular nem emitiu nota de esclarecimento após a prisão do ex-PM. Na sequência, negou ter ‘escondido’ Queiroz no escritório em Atibaia.

O advogado, que representava Flávio no caso das ‘rachadinhas’, anunciou ontem que deixará a defesa do senador.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO FREDERICK WASSEF

A reportagem busca contato com o advogado. O espaço está aberto a manifestação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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