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Saúde

Pesquisadora de coronavírus tem história de combate a surtos e sofreu com sarampo na infância

A pesquisadora da Fiocruz atua em busca de soluções para síndromes respiratórias de diferentes doenças, além da covid-19

Agência UniCeub

15/10/2020 13h13

Sandy Melo
Jornal de Brasília/Agência UniCeub

Pesquisadora e chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marilda Siqueira, de 64 anos, atua pelo desenvolvimento de métodos avançados de diagnóstico, por análises genômicas e filogenéticas, além de busca por eficácias das vacinas para influenza e sarampo ano a ano na população brasileira. Ela tem experiência diante do desafio de pesquisar as novidades vindas com a pandemia.

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A pesquisadora já atuou na linha de frente durante os surtos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), entre os anos de 2002 e 2003, e ainda de Influenza A (H1N1), em 2009. Marilda Siqueira entrou novamente em ação como parte da linha de frente. Desta vez, o inimigo se chama coronavírus (que acarreta a covid-19). Nos anos anteriores, a pesquisadora instruiu e seguiu protocolos que podem ser “classificados” como o destaque do laboratório de virologia – antecipação a respeito de possíveis proliferações dos vírus e prontidão para diagnóstico.

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Conexão

Marilda desde pequena já possuía uma conexão com a ciência e em específico, com os vírus. Na infância, ela foi acometida por sarampo e sofreu com uma infecção muito forte. Ela chegou a perder parte da visão, uma vez que o vírus não a possibilitava enxergar direito. Naquela época, o vírus era uma ameaça comum entre as crianças e muitas delas chegaram a morrer da doença.

Ela explica que o acontecimento durante a infância serviu de inspiração para estudos durante os anos acadêmicos, em que Siqueira priorizou estudos de vírus prejudiciais à população infantil. Um deles foi o vírus sincicial respiratório – vírus que acomete crianças menores de 2 anos de idade e é responsável pela maioria das internações daquelas durante períodos frios.

Rotina na pandemia

Com uma rotina cansativa, que vai desde liderar sua equipe em estudos sobre patógenos e quais os possíveis antivirais do coronavírus até participar de conferências on-line, mesmo que seja durante fins de semana, a pesquisadora encara essa nova situação assim como fez nas outras vezes, “com otimismo e coragem”. “A carga de trabalho é muito grande, mas acredito que não tinha como ser diferente. A gente tem que participar deste processo. É uma corrida contra o tempo, já que são várias questões a serem solucionadas. Nós precisamos encarar o desafio”.

Ela explica que o fator humano dentro da profissão está baseado também na colaboração entre inúmeros profissionais e grupos de pesquisa, sejam nacionais ou internacionais, e também no companheirismo com a parcela de jovens pesquisadores. “O resultado é o que move a gente durante o trabalho”.

As ações para Marilda Siqueira resultam em uma nova perspectiva sobre o ato de ajudar no combate ao vírus, significa responsabilidade e ultrapassa o ramo científico.

”O importante agora nessa situação pandêmica é que cada um faça a sua parte muito bem feita. Não interessa o local de atuação de cada indivíduo, seja dentro de um hospital ou não, seja um pesquisador ou não, nós temos que trabalhar corretamente. Cada um é uma gota dentro de um oceano.”

Uma gota e um oceano. Essa simbologia recria participação ativa e individual de cada brasileiro. “É dessa forma que precisamos agir. Nós vivemos em um país extremamente desafiador em termos sociais e econômicos. Possuímos populações muito vulneráveis e ainda temos gerações de famílias que estão vivenciando provavelmente o momento mais difícil do que em outras ocasiões.”

Mulher na ciência

Marilda Siqueira, chefe do laboratório de virologia, pode parecer como um exemplo atípico no quesito mulheres líderes e também em igualdade de gênero no âmbito profissional. “Nós podemos perceber, ao longo dos anos, uma participação feminina bastante crescente em pesquisas no nosso país”, revela Siqueira.

Em 1997, quando ela ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sendo o início da vida acadêmica de Marilda, a pesquisadora já pôde perceber que a participação feminina na pesquisa era significativa. Para ela, o aumento do número de mulheres na ciência representa um indicador de que é possível ter igualdade de gênero dentro do ramo científico.

A Fundação Oswaldo Cruz revela-se como um local de destaque para a participação feminina na ciência. Marilda Siqueira revela que dentro do local de trabalho, a maioria dos profissionais contratados são mulheres. “Quando há uma seleção para bolsistas, até o número de inscrições revela-se majoritariamente feminina e acabamos selecionando-as. A maioria contratada no laboratório, tanto as concursadas como bolsistas e terceirizados, são mulheres.”

Expediente alongado

Sábado e domingo também se tornaram dias de trabalho, mas Marilda combate essa rotina a partir do domingo a tarde, em que ela retira um tempo para descansar e repor energias, “se não a gente não aguenta”, disse a pesquisadora.

A forma de relaxar também tem ligação com a ciência e a diversão está em ler livros sobre história mundial, especificamente sobre acontecimentos factuais, leituras descritivas e ficções. A ficção aparece até em filmes, é ciência por todo lugar.

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