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Saúde

Mulheres foram afetadas de forma ‘desproporcional’ pela covid-19 nas Américas, diz Opas

“Em uma região repleta de desigualdades, as mulheres foram mais uma vez afetadas de forma desproporcional”, disse a diretora da Opas, Carissa Etienne, em coletiva de imprensa

Redação Jornal de Brasília

02/03/2022 17h02

Foto: JUAN BARRETO / AFP

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) informou nesta quarta-feira (2) um impacto “desproporcional” da covid-19 sobre as mulheres nas Américas, apontou para um aumento da mortalidade materna e pediu a vacinação das mulheres grávidas.

“Em uma região repleta de desigualdades, as mulheres foram mais uma vez afetadas de forma desproporcional”, disse a diretora da Opas, Carissa Etienne, em coletiva de imprensa.

A pandemia de covid-19 não apenas prejudicou as mulheres no trabalho e aumentou a violência contra elas – com um aumento de até 40% nas chamadas recebidas por linhas de socorro em alguns países –, mas também desferiu um golpe “significativo” em sua saúde.

“Os dados de toda a região deixaram bem claro que a covid-19 teve um impacto impressionante na mortalidade materna”, afirmou Etienne.

Desde o início da pandemia, há dois anos, foram registrados nas Américas mais de 365 mil casos de covid-19 em gestantes, dos quais mais de 3 mil morreram, segundo dados da Opas.

Etienne destacou em particular um grande crescimento na mortalidade de mulheres grávidas nos Estados Unidos a partir de agosto de 2021, quando a variante delta se tornou dominante, com o maior número de casos entre mulheres hispânicas e brancas não hispânicas.

Um estudo da Opas em oito países americanos mostrou que uma em cada três gestantes que necessitaram de cuidados intensivos não os recebeu a tempo, quase 77% deram à luz prematuramente e quase 60% desses bebês nasceram abaixo do peso.

“É uma tragédia”, declarou Etienne, enfatizando que a aceitação da vacina anticovid entre as mulheres grávidas “ainda é muito baixa” nas Américas.

A Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), pede que todas as mulheres em idade reprodutiva, incluindo gestantes e lactantes, sejam vacinadas contra a covid-19.

“As taxas de morbidade e mortalidade da covid-19 entre mulheres grávidas são significativamente mais altas nas Américas em comparação com outras regiões, o que indica que os benefícios da vacinação superam em muito os riscos”, disse Etienne.

Evidências mostraram que mulheres com covid-19 durante a gravidez são mais propensas a ter parto prematuro e a morte do feto do que mulheres não infectadas com o vírus.

“As mulheres grávidas devem ser vacinadas após o primeiro trimestre”, frisou.

Etienne também pediu que as mulheres tenham “voz e voto” na recuperação da pandemia, um âmbito em que considera “chave” a liderança feminina.

“Nas Américas, as mulheres representam apenas 30% dos especialistas que moldam as estratégias nacionais de combate à covid-19, mas mais de 70% dos nossos profissionais de saúde da linha de frente são mulheres”, observou.

© Agence France-Presse

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