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Saúde

Estudante supera medo e distância de 2.700 km para doar medula óssea

O transplante de medula óssea pode ser necessário em casos de doenças do sangue como a anemia aplástica grave

Redação Jornal de Brasília

01/03/2021 9h41

Cristina Camargo
São Paulo, SP

A distância de 2.700 quilômetros entre Lins (SP) e Recife (PE), o medo de alguns familiares e a bateria obrigatória de exames não foram obstáculos para a a estudante Giovanna Venarusso Crosara, 24, realizar um desejo despertado por meio de uma campanha institucional: a doação de medula óssea.

Em agosto de 2016, ela viu uma divugação realizada pelas Faculdades Integradas de Bauru, cidade onde morava, e resolveu fazer o cadastro no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea), o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo.

Feito o registro, Giovanna passou a integrar um grupo de cinco milhões de voluntários. São pessoas que podem salvar a vida de pacientes que precisam de um transplante de medula óssea e não encontram doadores compatíveis entre os familiares.

Após o cadastro, a estudante seguiu a vida, mudou para Lins e, quatro anos depois, em outubro de 2020, recebeu um telefonema informando que ela poderia ser compatível com um paciente que precisava do transplante

Após muitas perguntas sobre seu histórico de saúde e exames, a compatibilidade foi confirmada e Giovanna viajou para Recife para fazer os procedimentos necessários.

“Nunca pensei em desistir. Durante todo o processo fiquei muito animada e feliz por vivenciar tudo isso e torcia muito pela pessoa que estaria recebendo”, disse a estudante em entrevista ao site das Faculdades Integradas de Bauru, a mesma em que fez o cadastro.

A doação ocorreu em janeiro deste ano. A estudante não sabe quem é a pessoa que ajudou, mas é nela que pensava quando ficava nervosa ou sentia um pouco de dor.

“Como a doação de medula não é algo que se divulga detalhadamente, as pessoas podem ter algumas opiniões que às vezes não condizem com a realidade”, afirma para os que têm medo. “Por isso, é importante que busquem informações confiáveis”.

O transplante de medula óssea pode ser necessário em casos de doenças do sangue como a anemia aplástica grave, outras anemias adquiridas ou congênitas, e na maioria dos tipos de leucemias.

De acordo com o Redome, o transplante pode ser indicado para tratamento de um conjunto de cerca de 80 doenças, incluindo casos de mieloma múltiplo, linfomas e doenças autoimunes.

O doador ideal é um irmão compatível, mas, segundo o Redome, para 75% dos pacientes é preciso identificar um doador alternativo nos cadastros de voluntários, bancos públicos de sangue de cordão umbilical ou familiares parcialmente compatíveis.

A situação de pacientes que precisam de um transplante foi retratada na novela Laços de Família, trama de Manoel Carlos reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo (Globo).

A personagem Camila, interpretada por Carolina Dieckmann, 42, viveu uma cena icônica da TV brasileira ao raspar os cabelos durante o tratamento contra a leucemia.

Desde a primeira exibição da novela, entre 2000 e 2001, a atriz estimula a doação de medula óssea.

Outro caso famoso, esse da vida real, é o da atriz Drica Moraes, 51, paciente de transplante com doador não aparentado.

Em entrevista recente ao Conversa com Bial (Globo), Drica falou sobre a relação com Adilson, o homem que fez a doação de medula que salvou a vida dela. A atriz tinha leucemia.

“É o meu oitavo irmão”, disse.

Para ser doador, é preciso ter entre 18 e 55 anos e boas condições de saúde. Para fazer o cadastro, o voluntário deve procurar um hemocentro e ser submetido à coleta de uma amostra de sangue para a tipagem de HLA (exame que identifica as características genéticas de cada indivíduo).

O banco de doadores é consultado sempre que um paciente precisa do transplante. Quando a compatibilidade é confirmada, o voluntário é procurado para decidir sobre a doação e após a confirmação começam os procedimentos. A doação é realizada em ambiente cirúrgico, com anestesia geral e internação de no mínimo 24 horas.

A estudante Giovanna passou por todas essas etapas e não tem nenhum arrependimento. Ela considera a experiência algo incrível em sua vida.
“Quando acordei (da anestesia), foi como se um objetivo tivesse sido cumprido”, diz.

As informações são da Folhapress

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