A equipe de odontologia hospitalar garante que o paciente internado com Covid não tenha alterações, lesões e doenças periodontais que podem comprometer os órgãos e sistemas, agravando o seu quadro clínico e estendendo a sua permanência no ambiente hospitalar. Junto com os profissionais que atuam no combate aos sintomas da doença, o dentista contribui na melhora da recuperação e da qualidade de vida do enfermo.
“A cavidade oral é considerada a porta de entrada dos mais diversos microrganismos que podem comprometer a saúde do corpo humano. Por isso, os profissionais da linha de frente do combate à pandemia têm tido uma maior preocupação com a saúde bucal dos pacientes com Covid-19, principalmente em unidades onde há mais vulnerabilidade, como nas UTIs”, explica a dentista e professora do curso de Odontologia do Uniceplac Claudia Baiseredo.
Segundo a profissional, pacientes internados por mais de 48 horas começam a ser acometidos por bactérias presentes em ambientes hospitalares que se acumulam na placa bacteriana. Com o agravamento da doença, os pacientes que têm o pulmão comprometido são intubados. Caso a placa bacteriana não seja removida, bactérias podem ser microaspiradas e levadas até o pulmão e desencadear doenças respiratórias, como a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM). Em alguns casos, o indivíduo pode ir a óbito.
O dentista também ajuda a prevenir que agentes causadores de infecções oportunistas, como herpes e candidíase, contaminem a boca ou a região oral do enfermo e agravem o quadro de saúde. São realizadas higienização convencional, aplicação de bactericidas, remoção de focos infecciosos e aspiração orofaríngea. Esses procedimentos impedem a proliferação de microrganismos no ambiente bucal.
Claudia relata que a sua rotina mudou completamente durante a pandemia devido ao aumento da demanda odontológica em hospitais. Agora, a dentista tem trabalhado mais de 12h por dia nas UTIs de três hospitais em Brasília, verificando a situação de todos os entubados por Covid. ‘‘A rotina está bem pesada e cansativa. Acho que nunca tive tantos pacientes em atendimento como agora’’.
Mesmo que esteja mais suscetível à contaminação, por estar em proximidade das vias aéreas superiores do paciente e de seus fluidos corporais – principais transmissores da SARS-CoV -, ela afirma que é gratificante fazer a diferença na vida de cada paciente. ‘’A felicidade de vê-los recuperados e voltando para as suas famílias recompensam todos os riscos’’.