Menu
Saúde

Anemia falciforme: desconhecimento sobre a doença pode reduzir o tempo de vida quando não tratada

Dr. Sandro destaca que o controle deve ser feito e acompanhado de perto por um médico especialista no assunto

Redação Jornal de Brasília

23/06/2022 15h01

O Teste do Pezinho também é muito importante para identificar as doenças raras

Fraqueza, cansaço, dor em diversas partes do corpo, além de infecções, são alguns sintomas provocados pela anemia falciforme. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 50 mil e 100 mil brasileiros sofrem com a doença. Durante esta semana, dedicada à conscientização da doença falciforme, vale o alerta sobre a importância do diagnóstico, realizado por meio de um simples exame: o teste do pezinho.

A anemia falciforme é uma doença hereditária (que passa dos pais para os filhos) mais presente no Brasil e no mundo. Ela é caracterizada por alterações no sangue, devido ao enrijecimento dos glóbulos vermelhos, que assumem formato de foice, dificultando a passagem de oxigênio para o cérebro, rins, pulmões e outros órgãos. A hematologista do Hospital Brasília/Dasa Andresa Melo explica que a anemia falciforme é uma doença hereditária que pode ocorrer nos filhos de pessoas portadoras de traço falciforme.

Segundo a médica, de forma geral, a enfermidade pode ter uma evolução que compromete bastante a qualidade de vida do paciente desde a infância, e que pode causar frequentes crises de dor, necessidade de internações para transfusões e tratamento de infecções. “Quanto mais cedo se der o diagnóstico, melhor o suporte e abordagem de tratamento reduzindo a chance de complicações mais graves. Pacientes com essa doença podem apresentar dores decorrentes da obstrução sanguínea, infecções, AVC (acidente vascular cerebral), tromboses, problemas cardíacos e necessidade de múltiplas transfusões”, afirma a médica.

Conheça as possíveis manifestações da anemia falciforme:

• Anemia;
• Histórico de crises de dor nos ossos;
• Icterícia (cor amarela nos olhos);
• AVC;
• Síndrome torácica aguda;
• Infecções / febre;

• Feridas em membros inferiores de difícil cicatrização;
• Em algumas pessoas pode ocorrer o atraso no crescimento.

A hematologista diz que geralmente o sinal de alerta pode ser a primeira crise de dor ainda nos primeiros meses de vida. “Em alguns casos a mãe pode notar a cor escura na urina da criança e infecções de repetição, nesse momento é importante procurar ajuda médica para uma investigação”, enfatiza a Dra. Andresa.

Diagnóstico

O rastreio da doença falciforme é feito por meio do teste do pezinho, realizado nos primeiros dias de vida. Segundo o hematologista do Exame Medicina Diagnóstica/Dasa Sandro Melim, em quase todos os casos, o teste consegue fazer o diagnóstico. “É muito raro uma criança passar pelo exame e não conseguir ser diagnosticada. Este exame detecta muito bem qualquer alteração relacionada à doença falciforme”, explica.

Após o diagnóstico, a pessoa deverá ser avaliada por toda a vida. Além do hemograma, é necessário realizar a eletroforese de hemoglobina, considerado o exame de diagnóstico mais importante.

Segundo o médico, com o diagnóstico, vêm os exames de rotina. “É importante fazer uma série de exames laboratoriais de sangue e urina, ecocardiograma, exames de imagem do tórax e abdome como tomografias ou ecografias, doppler transcraniano, exame de fundo de olho e retina.

Dr. Sandro destaca que o controle deve ser feito e acompanhado de perto por um médico especialista no assunto. “A anemia falciforme não é uma doença que se medica apenas em momentos críticos. O paciente precisa se cuidar e tratar para não ter crise e evitar ou retardar o surgimento das complicações da doença”, destaca.

Tratamento

A hematologista Andresa Melo destaca que a única estratégia de tratamento que pode oferecer cura para esses pacientes é o Transplante de Medula Óssea, porém não está indicado para todos os pacientes – é necessário ter boa condição de saúde e doador totalmente compatível disponível. O objetivo do tratamento é aliviar sintomas, prevenir crises de dor, reduzir lesões nos órgãos alvo e controlar a anemia.

O tratamento é individualizado para atender às necessidades e gravidades de cada paciente, o que envolve o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, dentistas e outros profissionais.

Conheça as estratégicas terapêuticas à disposição:

A hidroxiuréia tem se mostrado útil para diminuir a frequência das crises, inclusive a síndrome torácica aguda. Outra medicação aprovada pela ANVISA é o crizanlizumabe, que é capaz de inibir a adesão das hemácias no vaso sanguíneo reduzindo o risco de dor;

Transfusão sanguínea – quando a anemia fica mais intensa;

Transplante de medula óssea – “a única estratégia com perspectiva de cura”, conclui a médica.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado