Desde que foi criada, em 2005, a Cimed/Florianópolis não sabia o que era ficar fora da decisão da Superliga Masculina. Mas, na temporada 2010/2011, a equipe tetracampeã brasileira perdeu dois confrontos (em uma série melhor de três) para o Vôlei Futuro e deu adeus à competição nas quartas de final.
Em entrevista à GazetaEsportiva.Net, Marcos Pacheco, que comanda o time há quatro anos, argumenta que o elenco não soube lidar com o ‘inédito’ período de derrotas – pela primeira vez, o time sofreu duas derrotas consecutivas no Nacional.
Além disso, para o técnico, a debandada de jogadores titulares (como Lucão, Mário Júnior e Thiago Alves) após o último título, e a contusão do levantador Bruninho, que torceu o tornozelo esquerdo seis rodadas antes dos playoffs, também contribuíram para a derrocada.
Decepcionado com a queda brusca na reta final da competição, o treinador ressalta a qualidade do algoz Vôlei Futuro e enaltece o equilíbrio da competição atualmente.
(GE.Net): Marcos Pacheco, como é ficar fora da decisão da Superliga pela primeira vez?
(Marcos Pacheco): É uma situação nova, diferente. Não foi aquilo que planejamos. Foi o sexto ano da Cimed, fomos campeões quatro vezes e estávamos acostumados com a vitória. Apesar da perda de jogadores importantes na temporada passada, a gente tinha boas expectativas.
A única coisa que me deixa triste é que a gente não jogou nas quartas, a gente somente se classificou. Não conseguimos impor nosso melhor na fase mais importante da competição. Acho que tínhamos condições de ir mais além. Tivemos, porém, uma queda brusca e caímos bastante.
(GE.Net) Para você, qual foi o principal motivo da eliminação?
(Marcos Pacheco): Pela primeira vez na história da Superliga, a Cimed perdeu duas partidas consecutivas. Essas coisas novas, essas situações de derrotas ficaram pesadas, difíceis de digerir.
Infelizmente, ao mesmo tempo, enfrentamos uma equipe que cresceu no momento importante, que jogou o que não tinha jogado até então. O Vôlei futuro foi um adversário competente, que fez um investimento para ser campeão e acordou na hora certa.
*Mesmo trazendo atletas do quilate de Ricardinho, Vissotto, Lucão, Mário Júnior, Camejo e Iznaga, o Vôlei Futuro não se achou na primeira fase e terminou apenas na sétima colocação. Nos playoffs, porém, os ‘galácticos’ desequilibraram e brigarão por uma vaga na final contra o Sada/Cruzeiro.
(GE.Net): Você acredita que a saída de jogadores importantes no início da temporada, como Mário Júnior, Lucão (a dupla foi para o próprio Vôlei Futuro, de Araçatuba) e Thiago Alves (que se transferiu para o Sesi-SP), prejudicou muito a equipe?
(Marcos Pacheco): Lógico que o time tetracampeão tinha uma sintonia, uma harmonia. Era um elenco vitorioso. No entanto, os que vieram – como os experientes João Paulo Tavares e Anderson – fizeram uma boa fase de classificação. Claro que não era aquela harmonia, mas continuamos fortes.
(GE.Net): E a lesão do Bruninho. Foi preponderante para o revés precoce?
(Marcos Pacheco): Eu não tenho dúvida. Não tenho o hábito de arrumar desculpa. A minha função, como treinador, é achar soluções. Mas, naquele momento, nós perdemos alguma coisa, ficou algo pelo caminho. Tínhamos a possibilidade de terminar em primeiro, mas aquela derrota para o Londrina nos tirou essa chance – o Sesi, do técnico Giovane Gávio, encerrou a primeira fase na liderança. O Bruno é o capitão do time, tem muita importância técnica, e, de íncio, fez muita falta.
O Joel (levantador substituto) é experiente, tem 40 anos, e já vivenciou muita coisa. Mas a queda acabou sendo brusca. E, a partir de então, não conseguimos atingir nosso melhor.
(GE.Net): Você que sentiu na pele. Você acredita que os talentos individuais do Vôlei Futuro podem ir longe na Superliga?
(Marcos Pacheco): As quatro equipes são fortíssimas. Lógico que se olharmos o plantel e o investimento, o Vôlei Futuro tem vantagem. Mas, isso é só na teoria. O Minas, que começou mal, fez um ótimo segundo turno, renasceu jogadores como André Nascimento e Henrique e também aparece bem. Eu vejo muito equilíbrio.
Que bom que equipes, que pouco gastaram, estão no páreo. Mas que bom também que outras estão investindo, repatriando. Isso é ótimo para a Liga.
(GE.Net): Na atual temporada, a equipe contou com alguns jogadores jovens. Você acha que, no próximo ano, eles estarão mais maduros?
(Marcos Pacheco): Nomes como Rafael, Bernardo e Thales foram coadjuvantes nesta temporada. O Thales, inclusive, teve de segurar uma onda complicadíssima – foi o único líbero do elenco com apenas 20 anos – e se saiu muito bem. Com certeza, eles vão crescer e na próxima temporada, seja onde estiverem, estarão mais maduros. Eles farão o mesmo caminho da geração passada. Poucos anos atrás, Bruninho, Lucão, Éder e companhia faziam parte da seleção de jovens, foram buscando seu espaço e são o que são hoje.