Após a aprovação para uso emergencial de duas vacinas no Brasil, a Coronavac e a de Oxford, o presidente Jair Bolsonaro disse para apoiadores na manhã desta segunda-feira (18) que a vacina “é do Brasil”, tentando desvincular o imunizante ao governador de São Paulo, João Doria.
“A Anvisa aprovou, não tem o que discutir mais. Havendo disponibilidade no mercado, a gente vai comprar e vai atrás de contratos que fizemos também, que era para ter chegado a vacina aqui. Então, tá liberado a aplicação no Brasil e a vacina é do Brasil, tá? Não é de nenhum governador não, é do Brasil”, disse Bolsonaro.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante cerimônia simbólica com governadores, anunciou, na manhã desta segunda-feira (18), que a campanha de vacinação contra o novo coronavírus poderá iniciar ainda hoje.
“Tínhamos conversado sobre o que vai acontecer a partir de agora. Hoje ainda nós distribuiremos todas as vacinas aos estados e, hoje ainda, os estados, ao final do dia, no município principal, a vacinação”, afirmou o ministro durante a cerimônia. Segundo ele, o pedido para adiantamento do início das vacinações foi feito pelos governos estaduais.
O início da vacinação em São Paulo foi vista como derrota política para Bolsonaro. O Ministério da Saúde planejava um evento no Palácio do Planalto para a terça-feira, 19, para marcar o início da campanha de imunização no País para tentar mostrar protagonismo do governo federal no enfrentamento à pandemia. Doria, porém, foi mais rápido e venceu a corrida pela foto da primeira pessoa imunizada no País – uma mulher, negra, enfermeira em um hospital público de São Paulo.
Doria é hoje o principal adversário político de Bolsonaro e pontecial rival na disputa pela Presidência da República em 2022.
O governo federal, por sua vez, tinha como principal aposta a vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Um lote com 2 milhões de doses do imunizante deve ser importado da Índia nos próximos, mas o país asiático frustrou os planos de Bolsonaro ao atrasar o envio em alguns dias.
O governador paulista iniciou a imunização no Estado horas após a Agência Nacinonal de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberar o uso emergencial da Coronavac. Doria abriu a entrevista coletiva com uma crítica direta ao governo federal. “Hoje é o dia V. É o dia da vacina, é o dia da verdade, é o dia da vitória, é o dia da vida”, disse. “É o triunfo da vida contra os negacionistas, contra aqueles que preferem o cheiro da morte ao invés do valor e da alegria da vida.”
Logo depois, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reagiu e disse que a vacinação em São Paulo foi “jogada de marketing” e ameaçou ir à Justiça. “Todas as vacinas produzidas pelo Butantã foram contratadas de forma integral e exclusiva, todas, inclusive essa que foi aplicada agora. Então, é uma questão jurídica. Todo o custeio do Butantã é contratado e pago pelo Ministério da Saúde, pelo SUS, pelos senhores. Não foi com nenhum centavo de São Paulo”, disse Pazuello ontem.
Com informações do Estadão Conteúdo