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Política & Poder

Suspeitos de hackear Moro relatam ter achado ‘microfone espião’ em chuveiro da PF

PF abre investigação sobre microfone no chuveiro

Redação Jornal de Brasília

11/11/2019 19h20

Da Redação
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Dois suspeitos de acessarem conversas em celulares do ex-juiz Sergio Moro e de procuradores da Lava Jato narraram a seus advogados que teriam encontrado um “microfone espião” em um chuveiro da carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Brasília. O equipamento de gravação, segundo o relato feito há duas semanas, foi retirado depois que o programador observou fios do microfone aparecendo para o lado de fora do chuveiro.

Thiago Eliezer Martins, que foi preso na segunda fase da Operação Spoofing, em 19 de setembro, mostrou o equipamento de gravação para outros dois colegas de cadeia – um deles era Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”.

Suspeito de liderar o grupo, “Vermelho” está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, mas naquela ocasião cumpria quatro dias na prisão na Superintendência da PF para passar por uma rodada de depoimentos.

Depois de retirado do chuveiro, o microfone foi entregue para a PF.

Procurados pela reportagem, três advogados de presos da Operação Spoofing confirmaram que seus clientes narraram o episódio, e confirmaram que o microfone foi retirado de dentro do chuveiro por Thiago Eliezer Martins.

Dois advogados pediram anonimato para não se “indispor” com a PF, mas dizem que estudam pedir que a Corregedoria da corporação abra uma investigação sobre o caso.

Apenas um terceiro advogado, o defensor federal Igor Roque, concordou em dar entrevista sem exigir a condição de anonimato.

Igor Roque atua na defesa de Danilo Marques, motorista de aplicativo preso na cidade de Araraquara (SP) na primeira fase da Spoofing, há quase quatro meses.

No decorrer das investigações, a Polícia Federal descobriu que Marques agia como um “testa de ferro” de “Vermelho”, em supostos crimes de estelionato.

O defensor federal diz que seu cliente não estava na cela no dia em que o microfone foi descoberto. Igor Roque alega, porém, que ele próprio esteve na Superintendência da PF e ouviu do próprio “Vermelho” a versão de como o grampo teria sido encontrado.

“Eu estive na PF para conversar sobre meu cliente. Chegando lá o Walter (Delgatti) disse o seguinte: ‘a gente encontrou uma escuta no chuveiro da cela. Tinha microfones, eles tiraram'”.

O advogado explica que, dos seis presos na Spoofing, apenas Suelen Oliveira foi solta. Dos outros cinco suspeitos que continuam detidos, três estão encarcerados na Papuda e dois na superintendência da PF, em Brasília. Walter é um dos que estão presos na Papuda, mas dorme com frequência na PF quando tem que prestar depoimento.

“Walter ficou lá quatro dias e voltou para a Papuda. Os outros dois já estão na PF faz mais de mês, desde quando foram presos na segunda fase (da Spoofing). Eu ainda não sei se é de um chuveiro coletivo que eles retiraram o equipamento. As celas da PF são próximas. Um microfone já daria para captar todas das conversas. A gente não sabe a gravidade disso. Têm que ser analisadas todas as consequências. A PF precisa investigar e dar uma resposta rápido a isso”, diz o defensor federal.

O objetivo do advogado, a partir de agora, é saber se a PF abriu alguma apuração sobre o episódio do microfone.

Ele acredita que não só Danilo Marques, seu cliente, mas todos os presos da Spoofing podem ter sido monitorados “ilegalmente”.

“Nós estivemos com o delegado do caso e ele disse que desconhecia a escuta. A gente não teve acesso ao inquérito completo, não sabe se isso está sendo investigado, pois está sigiloso. Uma gravação seria de uma gravidade absurda”, destacou o advogado, que pretende peticionar, oficialmente, a abertura de uma investigação sobre o caso. “É um caso que envolve diretamente meu cliente”.

Outros advogados de presos na Spoofing disseram que, reservadamente, a PF alega ter uma autorização judicial para fazer escutas ambientais, mas que isso não abarca qualquer inserção de microfone espião dentro de chuveiro da cela. Esses mesmos advogados entendem que a escuta supostamente instalada no banheiro violaria “todos os princípios constitucionais”.

Defesa

Em nota à reportagem, a assessoria da Polícia Federal informou que, até o momento, as “autoridades máximas” da Superintendência Regional da instituição em Brasília desconhecem qualquer pedido de investigação sobre espionagem dentro de cela. “Se acionada, a PF investigará”, disse em nota.

PF abre investigação sobre microfone no chuveiro da cela de hacker preso

A Polícia Federal abriu uma investigação para apurar a suposta instalação de um grampo ilegal no interior de uma cela na Superintendência da instituição, em Brasília. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo informou na tarde desta segunda, 11, o programador Thiago Eliezer Martins, preso na segunda fase da Operação Spoofing, denunciou ter retirado um microfone de dentro de um chuveiro da carceragem onde ele e outros suspeitos de hackearem diversas autoridades da República estão presos. O aparelho, depois de retirado, teria sido entregue por ele à PF.

Na noite da sexta-feira, 8, a PF negou, ao Estado, que tivesse recebido qualquer denúncia formal sobre um microfone encontrado dentro do chuveiro.

Nesta segunda-feira, porém, a reportagem apurou que investigadores da Corregedoria da PF já chegaram a coletar, inclusive, oitivas sobre o caso, o que inclui um depoimento do próprio Thiago Eliezer.

Uma fonte da própria PF confirmou que uma investigação foi oficialmente aberta para apurar a instalação do grampo na cela.

Segundo essa mesma fonte, o advogado de um dos suspeitos apresentou uma denúncia formal à PF, alegando que seu cliente foi alvo de um grampo ilegal nas dependências da superintendência.

Advogados de outros presos da Operação Spoofing já afirmaram ao Estado que também devem fazer representações parecidas no decorrer desta semana.

Na última sexta-feira, três advogados que representam presos da Spoofing disseram que seus clientes encontraram um microfone no chuveiro da carceragem da superintendência, em Brasília.

O programador Thiago Eliezer teria observado um fio solto “escapando pelo chuveiro e, ao retirar a tampa do equipamento, percebeu que se tratava de um microfone espião”.

Depois de ser encontrado por Thiago, o equipamento foi exibido a outros detentos.

Os advogados comparam o caso da superintendência da PF ao episódio do doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato.

Youssef afirmou, em depoimento à Corregedoria da Polícia Federal, que foram encontradas escutas na carceragem da corporação em Curitiba, quando ele foi preso, em março de 2014. Segundo ele, os grampos não tinham sido autorizados pelo então juiz Sergio Moro.

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