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Política & Poder

Roberto Dias não teria informado Ministério da proposta feita pela Davati

Representante da empresa, Luiz Paulo Dominguetti denuncia que Dias pediu propina para adquirir 400 milhões de doses da Astrazeneca

Willian Matos

01/07/2021 10h57

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O empresário representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, reforçou nesta quinta-feira (1º) que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias pediu propina de 1 dólar por dose para comprar 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca. Dominguetti revelou mais informações: disse que Roberto Dias não comunicou o Ministério da proposta.

A fala dá a entender que Roberto Dias pretendia negociar sozinho o esquema de propina sobre a proposta feita pela Davati. Dias, que teria sido indicado ao cargo pelo deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), foi exonerado pelo ministro Marcelo Queiroga nesta semana.

O jantar

Dominguetti foi o representante da Davati ao oferecer 400 milhões de doses ao Ministério, no início deste ano. Cada dose custaria 3,50 dólares. Em um jantar no restaurante Vasto, no dia 25 de fevereiro, Roberto Dias teria feito o pedido de propina, solicitando que cada dose fosse vendida a 4,50 para que ele recebesse 1 dólar por vacina. Participaram do jantar o Coronel Blanco e um empresário que Dominguetti não se recorda. “Ele ficava com uma prancheta anotando alguns dados, fazendo alguns cálculos”, relembra o representante da Davati.

O empresário explica que, em o encontro se encerrou após ele não aceitar o pedido de propina. “Quando eles já receberam a notícia de que não teria como fazer esse processo, se encerrou ali o encontro. E eles até me convidaram em estender o encontro. Dei uma desculpa de um outro compromisso e fui embora para o hotel”. O Coronel Blanco e o diretor Roberto Dias teriam reagido com surpresa.

Antes de Dominguetti ir embora, Roberto Dias teria pedido para ele “pensar direitinho”, dando a entender que ele deveria levar ao ministério a proposta de 4,50 dólares por dose. O empresário recusou e ofereceu por cada dose US$ 3,50.

Roberto Dias não teria relatado o caso

Dominguetti informou que apresentou a proposta de forma oficial, a US$ 3,50, para três membros da pasta: o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, Laurício Monteiro Cruz; o ex-diretor de Logística Roberto Dias; e o ex-secretário-executivo Elcio Franco. Ele afirmou que se surpreendeu ao saber que Elcio não havia sido comunicado da conversa que teve anteriormente com Roberto Dias.

“Ele [Roberto Dias] não tinha avançado ou informado ao Ministério, segundo o senhor Elcio Franco, essa proposta”, explicou Dominguetti. “O Elcio me perguntou pessoalmente, durante uma reunião, onde e com quem eu havia deixado essa proposta. Eu disse a ele ‘com o Sr Roberto Dias’. Houve uma troca de olhares, ele [Elcio] baixou a cabeça, simplesmente saiu e pediu para que dois estagiários pegassem os nossos nomes e que ele entraria em contato e que ele iria validar a proposta da Davati. Ele recebeu e-mails pedindo que essa proposta comercial para que houvesse o avanço”, prosseguiu o empresário.

Dominguetti respondeu que negociou as vacinas pela Davati junto ao Ministério da Saúde porque recebeu autorização do CEO da empresa, Cristiano Alberto Carvalho. Atua à frente desde janeiro, mas que a oficialização veio somente em abril. Ele disse ser policial militar da ativa em Minas Gerais e, para complementar renda, começou a atuar no mercado de insumos.

Dominguetti relata também que teve contato com o Coronel Marcelo Blanco, dispensado pela pasta na quarta (30) após as denúncias. Disse que Blanco se mostrou interessado na aquisição de vacinas e que ele havia atuado em tratativas entre Davati, Cristiano e Roberto Dias, apresentando as partes.

Dominguetti explicou que a Davati garantiu que poderia entregar as vacinas. “A informação é que o dono da Davati tinha acesso a locadores do mercado que eram os proprietários dessa vacina. Tanto é que ele, sob pena de per júri, ofereceu ao governo brasileiro.” O empresário disse que não conhece o deputado federal Ricardo Barros.

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