Da redação
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Ex-prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT) acusou o Ministério da Saúde de vender gato por lebre ao anunciar, com o governo do Paraná e com seus sucessores na Prefeitura, “novos” R$ 77 milhões para a saúde pública do município paranaense. Pelas contas de Fruet, que deixou o cargo há 19 dias, do total anunciado somente R$ 62 mil seriam de fato novidade para a população. É mais um capítulo nebuloso na atribulada gestão do ministro Ricardo Barros (PP).
O Ministério anunciou a liberação de R$ 402,7 milhões a Saúde Pública para o Paraná. No caso de Curitiba, o ex-prefeito avisa que é tudo jogo de cena “Dos R$ 77 milhões anunciados, sobram como novos recursos R$ 50.000 para aquisição de medicamentos e insumos emergenciais de vigilância epidemiológica e R$ 12 mil para buscar ambulâncias”, questionou Fruet, pelas redes sociais.
Saiba mais
- Durante o anúncio do repasse, as autoridades declararam uma suplementação adicional de
R$ 2.031.000, inicialmente destinados para o projeto Oficina de Música. O recurso será aplicado para compra de medicamentos.- Mais uma vez, Fruet questionou. Segundo o ex-prefeito, faltavam aproximadamente R$ 800 mil para a Oficina de Música e não R$ 2 milhões. Já antiga gestão já havia garantido R$ 120 mil para compra de passagens e outros R$ 420 mil foram repassados ao Instituto Curitiba de Arte e Cultura (ICAC) em 2016 .
- Com 20,03% dos votos válidos, Fruet deixou a corrida por Curitiba no primeiro turno da eleição de 2016.
Didático, Fruet analisou o repasse por áreas. Conforme o anúncio das autoridades, os hospitais receberiam R$ 18 milhões. No entanto, diz Fruet, “esqueceram” de explicar à população que o montante nasceu de um convênio firmado em 2016. A princípio os municípios conveniados receberiam 12 parcelas de R$ 3 milhões. Em consulta no Fundo Estadual de Saúde, Fruet identificou que, dos 35 municípios com mais de 20 mil habitantes que aderiram ao programa, só Curitiba não recebeu todo o dinheiro.
“Recebemos apenas seis parcelas. Restam outras seis, que totalizam os R$ 18 milhões, que hoje foram anunciados como novidade”, revela. Na sequência, o político questionou a alegação que sua gestão deixou os cofres do município vazios e por isso seriam repassados R$ 26 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS) no município. Fruet afirma que deixou R$ 43.125.392,69 no Fundo Municipal de Saúde. Segundo o ex-prefeito, desta reserva nasceram os R$ 26 milhões.
Segundo o Ministério, a cidade receberá R$ 42 milhões para os hospitais. “Esse é o repasse mensal usual do ministério, contratualizado para os hospitais que atendem o SUS. Graças ao descontrole do governo federal, em 2015 e 2016, pela primeira vez na história, o município de Curitiba colocou mais recursos no SUS do que a União”, rebate o ex-prefeito.
Até o fechamento desta reportagem, a postagem de Gustavo Fruet, pelo Facebook, já havia superado as marcas de 2,3 mil curtidas e 870 compartilhamentos.
Uma série de polêmicas e escândalos
Desde a posse, Ricardo Barros coleciona polêmicas. Na virada do ano, o ministro decidiu que vai reduzir o número de profissionais das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Hoje cada uma opera com no mínimo quatro médicos. Pelo proposta de Barros, a equipe poderá ser resumida à dois. A ideia gerou críticas de diversas instituições do setor, a exemplo do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação de Médicos do Brasil (AMB).
“A redução no número mínimo de médicos para cada UPA – de quatro para dois profissionais – traz como consequência imediata o aumento da sobrecarga já existente no atendimento nesses serviços, penalizando ainda mais os médicos e os demais membros das equipes de saúde e, principalmente, a população que busca assistência de urgência e emergência”, afirmaram as instituições em nota pública.
Caso o enxugamento do quadro de pessoal se concretize, CFM e AMB prometem entrar na Justiça contra a mudança. Para as instituições o corte das equipes das UPAs fere diretamente a Constituição. Além disso, segundo a resolução nº 2.079/14 do CFM, pacientes que buscarem as UPAs devem receber o atendimento de um médico, não podendo ser reencaminhados para outras unidades por outro profissional que não seja um médico.