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Política & Poder

PSOL diverge de PT e PSB nos estados e não replica aliança nacional

Pela primeira vez desde que foi fundado, em 2004, a sigla não disputará o Palácio do Planalto com um nome próprio

FolhaPress

20/05/2022 7h57

José Matheus Santos
Recife, PE

Apesar de ter declarado apoio a Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial, o PSOL deverá ter candidaturas próprias contra PT e PSB em diversos estados.

A aliança nacional com o PT de Lula, que terá o PSB de Geraldo Alckmin na vice, é justificada internamente no PSOL como uma frente necessária para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL), que buscará a reeleição.

O PSOL abriu mão de candidatura presidencial em prol de Lula. Pela primeira vez desde que foi fundado, em 2004, a sigla não disputará o Palácio do Planalto com um nome próprio.

No entanto, mesmo com a aliança nacional, a reprodução de frentes com siglas que apoiam Lula, como PT e PSB, encontra dificuldades nos estados.

Integrantes da Executiva Nacional do PSOL e parlamentares do partido relembram ainda que o lançamento de chapas nos estados pode ajudar a ampliar as bancadas no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas.

O PSOL firmou federação com a Rede antes da disputa de 2022, mas a avaliação interna é que, ainda assim, terá de haver esforço para superar a cláusula de barreira —dispositivo que estabelece percentual mínimo de votos e de deputados eleitos para manter o acesso de um partido à propaganda partidária e ao fundo eleitoral.

No principal estado governado pelo PT, a Bahia, o PSOL lançou como pré-candidato o professor Kleber Rosa. Os petistas comandam o governo estadual desde 2007 e tentarão chegar a 20 anos no poder.

Na avaliação do pré-candidato do PSOL, o PT faz atualmente um governo de centro-direita na Bahia, que não atende aos apelos do campo da esquerda. Essa argumentação é a justificativa do não apoio do PSOL ao pré-candidato petista, Jerônimo Rodrigues.

“O governo de Rui Costa é um governo de centro-direita, que tem um programa que visa atender as alianças que ele fez com setores conservadores”, afirma Kleber. “A gestão de Rui é muito ruim e não atende às demandas da esquerda, ataca o servidor público, além da sua opção por uma política de segurança pública que leva ao extremo da letalidade.”

Em Pernambuco, PT e PSB estarão unidos no palanque de Danilo Cabral (PSB), pré-candidato a governador. Mesmo sendo esse o palanque oficial de Lula, a eleição no estado já tem uma disputa antecipada pela imagem do ex-presidente.

Além de Marília Arraes (Solidariedade), o advogado João Arnaldo (PSOL) tem endossado o voto no ex-presidente Lula, mas pontua diferenças com o PSB e afirma que o aliado nacional tem postura de direita em Pernambuco.

“Em Pernambuco, o PSB não é um partido de esquerda e engoliu toda a agenda da direita, é completamente um governo de espelho das políticas e dos partidos de direita tradicionais do estado sem nenhuma diferença na forma e no conteúdo. Na melhor das hipóteses, o PSB de Pernambuco pode ser considerado um partido de direita”, afirma Arnaldo.

Assim como em Pernambuco, o PSOL irá para o embate contra governos do PSB no Maranhão e na Paraíba.

O vereador de Porto Alegre Pedro Ruas é o pré-candidato do PSOL no Rio Grande do Sul. No estado, o PT lançou o deputado estadual Edegar Pretto para o Palácio Piratini, enquanto o PSB tem como postulante o ex-deputado Beto Albuquerque (PSB).

Como o PSB fez parte da base aliada do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), o PSOL alega dificuldades para se aliar à legenda. Uma ala do PSOL gaúcho, inclusive, foi contrária ao apoio à chapa Lula-Alckmin, como a deputada estadual Luciana Genro, que disputou o Planalto na eleição de 2014.

Ainda no Sul, a professora Angela Machado foi lançada como pré-candidata do PSOL no Paraná. Ela enfrentará o ex-governador e ex-senador Roberto Requião (PT) nas urnas. Ambos estão no campo da oposição ao governador Ratinho Júnior (PSD). Já o PSB do Paraná tem resistências a apoiar Requião, mas não deve se aliar ao PSOL.

Em Goiás, o PSOL lançou Weslei Garcia e ficou fora da frente que vai do PT ao PSDB em apoio ao ex-governador José Eliton (PSB) no embate contra Ronaldo Caiado (União Brasil).

“O PT está se alinhando aos braços do José Eliton e andar com a direita não é uma opção para o PSOL, que tem como objetivo apresentar-se como uma real alternativa nas eleições em Goiás”, disse em abril a presidente do PSOL goiano, Cíntia Dias.

No Rio Grande do Norte, Daniel Morais é o nome do PSOL contra a governadora Fátima Bezerra (PT). Eventuais apoios em segundo turno são cogitados.

No Piauí, a professora Lucineide Barros disputará o governo pelo PSOL contra Rafael Fonteles (PT) e Silvio Mendes (PSDB), que deverá ter o apoio do PP, partido do ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, Ciro Nogueira.

Apesar de em parte dos estados haver divergências do PSOL com PT e PSB, a sigla psolista fez um gesto em favor de Fernando Haddad (PT) em São Paulo ao retirar a pré-candidatura a governador de Guilherme Boulos.

Já o PSB poderá ser contemplado com um apoio do PSOL no Rio de Janeiro, onde Marcelo Freixo, atualmente na legenda peessebista, deseja ter a companhia do ex-partido no seu palanque para a disputa do governo fluminense.

Mesmo assim, uma ala da sigla no Rio quer lançar o ex-deputado Milton Temer (PSOL) para o governo, na tentativa de barrar um possível apoio a Freixo.

Também não está descartado um apoio ao senador Fabiano Contarato (PT) na disputa do Espírito Santo, ainda que com chances remotas. Inclusive, a Rede Sustentabilidade, federada ao PSOL, não quer abrir mão da postulação do ex-prefeito de Serra Audifax Barcelos.

Nas eleições municipais de 2020, o PSOL venceu a eleição para a Prefeitura de Belém, no Pará, com Edmilson Rodrigues. Com a dificuldade de candidaturas competitivas nos estados, o foco é a ampliação de bancadas federais e estaduais nas eleições de 2022, além do enfrentamento ao bolsonarismo.

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